POR QUE PAREI E VOLTEI A JOGAR LEAGUE OF LEGENDS

Autora: Juliana Mendes tem 28 anos, é carioca, mas acha que é gaúcha, graduanda em Letras – Línguas Adicionais: Inglês, Espanhol e Respectivas Literaturas. Escreve desde quando sua memória permite lembrar e mesmo com a escrita, de muito não lembra. Cats for life! MEAW”

Sinto falta do League of Legends como qualquer viciado sente falta do seu vício. Comecei a jogar League of Legends há mais ou menos um ano e sempre tive uma relação de amor e ódio com o jogo, fosse pela relação de válvula de escape que eu tinha com ele, pela comunidade extremamente tóxica ou pela falta de representatividade feminina no cenário profissional.

FIQUE POR DENTRO

League of Legends, ou LoL para os íntimos, é um jogo online de batalha em arena que mistura elementos de estratégia em tempo real e RPG. Conta com aproximadamente 1 milhão de jogadores ativos, mais de 100 personagens, tem campeonatos profissionais mundiais e os valores investidos ao ano nos jogadores do cenário competitivo nacional varia de R$36mil a R$240mil e no cenário internacional chega a R$8,5 milhões. Tudo o que você tem que fazer para vencer no jogo é destruir o Nexus do quinteto inimigo que se encontra no lado oposto à base do seu time, no qual você conta com quatro aliados. Você pode jogar com seus amigos ou pode entrar numa partida com completos estranhos.

A FUGA DO DIA-A-DIA

Quando comecei a jogar LoL, eu usava para me distrair ou como recompensa após o término de minhas obrigações. Entretanto, fui me apegando cada vez mais ao jogo, sempre que ocorria algo estressante, era para o LoL que eu fugia. O jogo exige uma boa quantidade de atenção, principalmente para jogadores iniciantes que não sabem muito bem o que fazer e o menor deslize por ser “fatal”. Cheguei a um ponto em que eu deixava de fazer minhas tarefas para me dedicar ao LoL, mas sem nenhuma perspectiva de nada, apenas queria jogar e jogar.

COMUNIDADE TÓXICA

Já nas primeiras partidas que joguei, quando ainda não entendia muito do jogo e estava aprendendo, muitos jogadores me xingaram por minha inexperiência. Abusos verbais que abrangiam um escopo nada elegante desde de “lixa”(muitos jogadores acham que existe um feminino para “lixo”) até ofensas que envolviam minha mãe. A agressão clássica era, e continua sendo: “Lugar de mulher não é no LoL, é lavando louça.”. Tentei fazer o meu melhor para que tais ofensas não me atingissem mas elas atingem. Tentei desinstalar inúmeras vezes mas sempre retorno.

A desenvolvedora do jogo, Riot Games, já implementou ferramentas que nos permitem ignorar as mensagens alheias mas ainda assim, há partidas em que é quase impossível jogar, pois seus aliados resolveram perder a partida de propósito porque você é mulher ou tem algum homossexual no time. Quando os jogadores agridem uns aos outros verbalmente, você pode denunciá-los por má conduta. Dentro do escopo de condutas proibidas há a homofobia e o sexismo, o que considero como um grande avanço dentro do meio gamer.

ONDE ESTÃO AS GURIAS?!

Pesquisas recentes trouxeram números muito interessantes sobre o público de jogos no Brasil: De modo geral, sem separar os públicos por tipos de jogos, 53,6% dessa galera é formada por mulheres. Quando olhamos mais a fundo o caso dos jogos online, onde o LoL se encaixa, 47% desse público é de mulheres. Mas, ora bolas! Se somos quase maioria, onde estamos? Nos jogos, estamos nos mesmos lugares em que nos encontramos na sociedade: extremas. Ou somos hostilizadas, agredidas, tendo que matar um leão a cada nova partida, nos defendendo de cada xingamento ou somos hipersexualizadas. As brilhantes ideias sobre o porquê da ausência das mulheres no cenário profissional vão desde “diferenças biológicas” até “elas não conseguem conviver em paz”. Podemos ver alguns exemplos aqui:

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Imagem de SPESSATTO, Anderson – “O sexismo e a baixa presença de mulheres nos e-Sports”.

Desde de 2015, já há notícias de raríssimas jogadoras profissionais no Brasil, geralmente no papel de reserva do time ou como uma jóia rara que lapidará as novas jóias que estão por vir porque “é difícil uma mulher se dedicar aos jogos como os caras fazem”.

 

POXA, MAS EU QUERIA COMEÇAR A JOGAR…

Amiga, sem rodeios: VÁ LÁ E ARRASE! Não se deixe abalar pelo que os caras dizem. Não se deixe abalar por nada. Você merece estar onde quer que queira estar. Se eu não fui forte o suficiente para aguentar a enxurrada de asneiras que me diziam, e ainda dizem(porque eu sou brasileira e não desisto nunca!) é porque você não estava lá pra me dar apoio. Então, vem! Me dá a mão e vamos feedar juntas! Meu nick é: JuliaSaturno.

 

Bibliografia:

 

GE/Teresina – TITO, Wenner – “Jogadora explica disfarce de mulheres nos e-sports: “Grosserias e assédio” – http://globoesporte.globo.com/pi/noticia/bia-bauer-diz-que-mulheres-gamers-estao-escondidas-para-fugir-de-assedio-coisas-pesadas.ghtml – publicado em 28/06/2017 – último acesso em 24/08/2017 às 14h55.

 

G1 – 82% dos brasileiros jogam games no celular, diz pesquisa Game Brasil 2015 – http://g1.globo.com/tecnologia/campus-party/2015/noticia/2015/02/82-dos-brasileiros-jogam-games-no-celular-diz-pesquisa-game-brasil-2015.html – publicado em 05/02/2015 – último acesso em 24/08/2017 às 14h26.

 

GUTIERREZ, Barbara – “Falta de mulheres no eSports é um problema social, diz estudo” – https://theenemy.com.br/league-of-legends/pesquisa-cientifica-explica-ausencia-de-mulheres-no-esports – publicado em 19/11/2015 – último acesso em 24/08/2017 às 14h32.
SPESSATTO, Anderson – “O sexismo e a baixa presença de mulheres nos eSports” – http://timedefora.com/o-sexismo-e-mulheres-nos-esports/ – publicado em 19/04/2017 – último acesso em 24/08/2017 às 14h39.

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