Ano 04 nº 073/2016 – Racismo e redes sociais

Mariana Dutra

No último domingo de agosto (28 de agosto) a cantora Beyoncé compareceu ao VMA (Video Music Awards) acompanhada do marido e da filha. Após postar algumas fotos com Blue Ivy, sua filha de quatro anos, em uma rede social, surgiram diversos comentários racistas direcionados à menina. Alguns usuários chegaram a compará-la a um macaco, já outros sugeriram que ela deveria fazer cirurgias plásticas.

O caso da pequena Ivy não é uma exceção. Todos os dias surgem notícias de artistas que são alvos de racismo via redes sociais, como a atriz Leslie Jones, de ‘Caça-Fantasmas’. Leslie, após inúmeros ataques, acabou deixando sua conta no Twitter. Já no Brasil, onde vivemos a chamada “democracia racial”, as denúncias desses atos crescem a cada dia. A atriz Taís Araújo e a jornalista Maria Júlia Coutinho são apenas dois exemplos de brasileiras que já foram vítimas de injúria racial na internet, e buscaram seus direitos na justiça. Recentemente  também  a atriz Juliana Alves foi chamada de “rata da barriga preta” por um usuário, em sua conta no Instagram. Em resposta, ela afirmou que esse tipo de comportamento era criminoso e pediu que seus seguidores denunciassem à própria rede social esse tipo de comentário.

De acordo com o código penal brasileiro, o crime de injúria racial tem pena prevista de um a três anos de prisão e multa. O fato de o crime ter ocorrido virtualmente não altera em nada na pena ao acusado. Com ajuda do marco civil da internet, aprovado recentemente, é um pouco menos complicado encontrar os acusados desse tipo de crime, já que os provedores são obrigados a armazenar por um tempo algumas informações sobre seus usuários e disponibilizá-las à justiça quando solicitadas. Além da denúncia formal, em uma delegacia, é possível recorrer a plataformas como SaferNet.org e humanizaredes.gov e fazer uma denúncia on-line.

“Racismo Virtual. As Consequências São Reais”

Com o objetivo de conscientizar e explicar as consequências emocionais que os atos de racismo virtual podem trazer às suas vítimas. A ONG Criola, criou a campanha chamada “Racismo Virtual. As Consequências São Reais”. A iniciativa espalhou outdoors com injúrias raciais postados nas mais diversas redes sociais, identificando a provável cidade do usuário (utilizando a plataforma Geotag), mas preservando a identidade do agressor.

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Fonte: http://portaldapropaganda.com.br/noticias/2437/ong-criola-mostra-as-consequencias-reais-do-racismo-virtual-nas-cidades-brasileiras 

Aproveitando o suposto anonimato dado pela rede, os agressores têm a falsa ideia de que esse tipo de crime não tem punições reais e sentem-se livres para espalhar seus discursos de ódio. Felizmente, essa situação está mudando, e cada vez mais esses criminosos vêm sendo punidos.

Todos os dias pessoas famosas ou não, sofrem algum tipo de ofensa racial na internet. Os casos começam desde um ataque pessoal direto até a situação onde um grupo de pessoas, utilizando perfis falsos, realiza um ataque direcionado a uma única vítima. Infelizmente essas atitudes demonstram o quanto a racismo ainda está profundamente enraizado em nossa sociedade e que a internet é apenas um reflexo do que acontece fora dela.

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