Ano 13 Nº 10/2025 – Um ano após a enchente histórica no Rio Grande do Sul: coragem, solidariedade e esperança

Bandeira do Rio Grande do Sul
Por: Emanuele Staudt
Há um ano, o Rio Grande do Sul enfrentou uma enchente histórica, um evento que ultrapassou todos os limites já conhecidos, trazendo devastação rápida e imensurável. Naqueles dias difíceis, o que se viu foi um misto profundo de dor, perdas e incertezas, mas também uma onda de empatia e solidariedade que vieram de lugares e pessoas que muitos sequer imaginavam. O socorro chegou de todos os cantos, mostrando que, mesmo um povo acostumado a lutar sozinho, precisa, às vezes, da ajuda do outro.
Nossos campos, que ora estavam tão verdes, nosso pasto verdejante, nossos animais, nossa cultura da qual tanto nos orgulhamos, tudo foi atingido pela força das águas. Nos estádios, símbolos da paixão gaúcha pelo futebol, ficaram submersos, embaixo da água. Não havia como seguir olhando o pôr do sol e tomar nosso chimarrão, nem fazer nosso churrasco, pois não havia mais alegria em nosso povo. Em meio a tanta tristeza e desolação, a dor parecia insuportável.
O gaúcho, conhecido por sua bravura e força, carregando em seu legado a história de inúmeras batalhas e guerras, nunca imaginou que um dia dependeria tanto da ajuda de outros povos, inclusive daqueles que estavam longe da sua terra. Acostumado a resolver tudo com a força do braço e a enfrentar as dificuldades com coragem, viu-se em uma situação em que o apoio externo foi fundamental para se reerguer. Quem sempre foi o salvador, precisou ser salvo.
Essa realidade não diminui a coragem do povo gaúcho; pelo contrário, revela uma dimensão ainda maior da sua força. Ser valente não é apenas resistir sozinho, mas também reconhecer a necessidade de apoio, acolher a ajuda e se levantar com dignidade. A enchente mostrou que a verdadeira bravura está na união e na capacidade de superar juntos as adversidades.
A história do Rio Grande do Sul é marcada por essa combinação de força e solidariedade. Desde as lutas farroupilhas até os desafios cotidianos, o gaúcho sempre demonstrou uma coragem inabalável. Porém, diante da tragédia das águas, a força coletiva e a ajuda mútua foram essenciais para reconstruir vidas e cidades. A mobilização de voluntários, a chegada de doações e o apoio de diversas regiões do Brasil e do mundo reforçaram o espírito comunitário que também faz parte da identidade gaúcha.
Imagem ilustrativa da enchente no Rio Grande do Sul
Hoje, um ano depois, as marcas da enchente ainda estão presentes, mas o que permanece mais forte é a esperança renovada. O gaúcho segue em frente, carregando a tradição de luta, mas também a certeza de que a solidariedade é um pilar fundamental para enfrentar qualquer tempestade. Essa experiência ensinou que a força verdadeira está em saber pedir ajuda, em unir forças e em construir um futuro mais resiliente e solidário para todos.
Assim, a memória dessa enchente não é apenas uma lembrança de perdas, mas um testemunho da capacidade do povo gaúcho de se reinventar, de transformar a dor em aprendizado e de continuar escrevendo sua história com coragem, união e esperança.
Como já diz nosso hino:
“Como a aurora precursora
Do farol da divindade…”.
Mais do que o 20 de setembro, hoje o mês de maio também é nosso mês, no qual buscamos por liberdade, mostrando toda nossa virtude, em não nos deixar escravizar nem mesmo pelas tragédias, e que sempre iremos nos reerguer com a bravura típica de nossa gente.
“Valor, constância,
Nesta ímpia e injusta guerra,
Sirvam nossas façanhas
De modelo à toda terra.”
Guerreamos contra as enchentes que nos assolam. Nossa guerra não é mais contra ninguém, mas contra as forças da natureza e as dificuldades da vida. Que
“Sirvam nossas façanhas
De modelo à toda terra.”
Sigamos na reconstrução do que ficou, em respeito ao que se perdeu e aos que se foram.
“Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo,
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo.”
E digo mais: povo que não tem empatia, solidariedade e humildade, este sim acaba por ser escravo.
Nosso símbolo hoje, mais que a adaga, é o nosso cavalo – não é só mais um cavalo, é um símbolo gaúcho de tantas peleias; não era apenas um cachorro, mas o companheiro das cavalgadas, o guardião das casas e dos animais, companheiro dos tropeiros. Não é só uma bandeira, é uma nação ali representada. É a nossa força, nossa gente, que tem a capacidade de se reerguer sempre.
E que “sirvam nossas façanhas, de modelo, à toda terra”.






Sou Emanuele Staudt, ou simplesmente profe Manu. Sou professora de Língua Portuguesa formada pela Unipampa e atualmente sou aluna do Mestrado Profissional em Ensino de Línguas. Amo literatura, minha paixão é escrever, viajar através das palavras; dessa forma poderá melhor me conhecer…