Ano 12 Nº 067/2024 – O CORAÇÃO CIENTÍFICO
Por Maria Carolina
Eu sou a Maria Carolina, fui professora do curso “Leitura e produção de textos acadêmicos para falantes de espanhol (B1)”. Este dossiê é o resultado da elaboração dos ensaios produzidos como trabalho final do curso na etapa final da minha graduação. Ele iniciou no dia 17 de abril de 2024 e terminou no dia 12 de junho do mesmo ano. Os encontros síncronos eram todas as quartas feiras às 15h, com atividades assíncronas no Moodle, com duração de 32 horas de curso. Os objetivos acerca dos gêneros acadêmicos eram identificar, produzir, refletir e posicionar-se. Eu planejei e atuei como professora. Porém, como nos tornamos professoras?
O curso aconteceu no meu último semestre na universidade. Eu iniciei como professora bolsista do Programa Idiomas Sem Fronteira (IsF) e do Núcleo de Apoio à Aprendizagem Intercultural de Português como Língua Adicional e de Acolhimento (NAAIPLAA) no final do ano de 2023. Eu não era apenas a professora desses alunos, eu era a professora de uma turma de crianças de escrita criativa pelo Senac em uma escola rural em Hulha Negra, assim como também a professora de reforço em duas escolas do município. A mudança, a capacidade de se adaptar a diferentes contextos sociais, acadêmicos, culturais, faz parte do ambiente de trabalho de uma professora, mas, que professora eu sou? Posso não ter uma resposta objetiva para essa pergunta, mas possuo algumas convicções. Eu sou uma professora de literatura, também acredito que aprendendo sobre a minha língua materna, o português brasileiro, me aproximo do aprendizado de outros idiomas, sabendo que em um idioma há uma organização de significados, uma história e sentimentos. E que o encontro intercultural é feito a partir da capacidade de conhecermos o outro a partir de suas semelhanças com a gente a partir do diferente, o estrangeiro de cidade, estado, país, continente. Os alunos do curso, encontraram em mim, um desafio; eu não sou fluente em nenhum outro idioma, ou seja, os alunos precisavam se comunicar comigo apenas em português, uma abordagem ousada. Contudo, a minha fluência em literatura, drama e piadas, e um rosto expressivo do teatro foram minha metodologia secreta.
No dia em que finalizei as aulas síncronas, era o dia dos namorados. Eu lembro que no ano em que conheci o “Português como Língua Adicional e de Acolhimento” era a mesma data comemorativa em 2019, e conheci porque meu namorado naquele momento era do curso que oferecia a disciplina como eletiva, o curso de Letras Línguas Adicionais. Eu sou do curso de Letras Português da Unipampa. É engraçado pensar no amor, pois aprendemos com ele quando ele nos encontra na diferença, mesmo que ela seja pequena, pois ele é um sentimento distraído nos textos acadêmicos e na universidade. Reflito muito sobre o encontro. Na turma, encontrei diferentes alunos: quem nasceu na China e atualmente estuda em Minas Gerais, de origem japonesa que cresceu no Paraguai e mora em Curitiba, que viajou do Peru ao Espírito Santo. A mexicana que me ensinou que eu não sei nada sobre as melhores comidas do México. Os dias difíceis do colombiano. Nos encontramos abaixo da Linha do Equador, mas o Equador esteve presente em minha aula. A guatemalteca que se apaixonou por Caio Fernando de Abreu e quem estava lá também, eu, a professora. Não consigo desacreditar no amor cientifico, ele que foi o responsável pelas atitudes conscientes e racionais que nos encaminharam para estarmos juntos aprendendo em uma sala de aula online. Ele, que está dentro de nós. Combustível inegável da curiosidade científica e do aprendizado de um novo idioma.
E a ética necessária para tornar-se uma professora também parte do amor, que é explicada pela autora Bell Hooks. “Despertar para o amor só pode acontecer se nos desapegarmos da obsessão pelo poder e pela dominação. Culturalmente, todas as esferas da vida — política, religião, locais de trabalho, ambientes domésticos, relações íntimas — deveriam e poderiam ter como base uma ética amorosa. Os valores que sustentam uma cultura e sua ética moldam e influenciam a forma como falamos e agimos. Uma ética amorosa pressupõe que todos têm o direito de ser livres, de viver bem e plenamente. Para trazer a ética amorosa para todas as dimensões de nossa vida, nossa sociedade precisaria abraçar a mudança” (HOOKS, 2019, p. 6). Assim como a interculturalidade.
O curso intitulado “Leitura e produção de gêneros acadêmicos para falantes de espanhol (B1)”, o aluno que mais evoluiu, considerando seu ponto de partida e de chegada no curso, foi o James. E essa foi sua produção final no curso:
“Sou o James Cheng, da China, um estudante velho na UFOP, e eu gosto muito do curso de Leitura e produção de textos acadêmicos para falantes de espanhol (B1) – oferta Naaipla e ISF. Na verdade, este curso foi muito bem organizado, programado, preparado e ministrado, e a professora fez as aulas muito vívidas e interessantes”.
A produção final do Moisés reflete o interesse pelos gêneros acadêmicos e como eles podem ajudar no aprendizado de um novo idioma.
OS GÊNEROS ACADÊMICOS E AS LÍNGUAS
Por Moisés Asís Mantilla
Aprender uma nova língua sempre é um desafio para qualquer pessoa, a gente se encontra com muitas diferenças tanto na escrita quanto na fala. Os gêneros acadêmicos nos oferecem muitas ferramentas para compreender um idioma de maneira certa e simples.
Para mim, escrever não é nada fácil, pois não sou tão espontâneo nessa parte, mas guiado por textos acadêmicos tenho conseguido melhorar significativamente esse aspecto por ter uma estrutura clara na hora de escrever. Graças a este curso pude melhorar a minha escrita formal em português devido aos textos académicos com os quais aprendi muito.
Aprender o idioma português a partir de textos acadêmicos foi muito interessante pois além de praticar a língua também posso aprender mais sobre um dos gêneros no português.
Também, através dos gêneros acadêmicos podemos conhecer um pouco mais sobre a cultura, a ciência, a arte, a geografia e a comida do Brasil, país onde é falado o português.
Pessoalmente, considero que os gêneros acadêmicos são em geral uma boa opção para aprender outra língua, porque eles oferecem informação ampla sobre os idiomas. Ao aprender um novo idioma baseado em gêneros acadêmicos, podemos aprender a forma formal de falar esse idioma e diversas dicas de como escrevê-lo para sermos compreendidos e compreendermos os outros.
A CORAJOSA SARA SANCHEZ CASTANEDA
EXPERIÊNCIA DE APRENDER A LÍNGUA PORTUGUESA A PARTIR DE GÊNEROS ACADÊMICOS
Moisés Asís Mantilla (21 anos). Nacionalidade: Colombiano. Curso de Leitura e produção de textos acadêmicos para falantes de espanhol (B1). Eu estudo matemática, gosto de futebol e dos idiomas, particularmente do português.
Os próximos textos publicados neste dossiê são a produção final do curso de outros quatro alunos: Sara, Emi, Lisset e Renzo.