Ano 08 nº 028/2020 – O PRESENTE É FEMINISTA / Coluna PET Letras

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“Esta é a coluna do PET-Letras, Programa de Educação Tutorial do curso de Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa, do campus Bagé. O programa, financiado pelo FNDE/MEC, visa fornecer aos seus bolsistas uma formação ampla que contemple não apenas uma formação acadêmica qualificada como também uma formação cidadã no sentido de formar sujeitos responsáveis por seu papel social na transformação da realidade nacional. Com essa filosofia é que o PET desenvolve projetos e ações nos eixos de pesquisa, ensino e extensão. Nessa coluna, você lerá textos produzidos pelos petianos que registram suas reflexões acerca de temas gerados e debatidos a partir das ações desenvolvidas pelo grupo. Esperamos que apreciem nossa coluna. Boa leitura”. 

Por Guilherme Henrique Paro

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Imagem: Autor (2020).

Em tempos de intolerância, o convívio com o diferente é um exercício para aproximar e potencializar nossas relações. A Virada Cultural Feminista, que aconteceu nos dias sete e oito de março, possibilitou inúmeras discussões acerca do feminismo. O evento aconteceu no Bando Coletivo Criativo e foi organizado pelo grupo de estudos feministas da UNIPAMPA, o GEFEM, e contou com a participação do nosso grupo, o PET-Letras.

Durante o evento, a primeira impressão que tive foi o de acolhimento. Tanto pelo apoio do pessoal da organização quanto do público, todas pareciam estar em harmonia e com o objetivo em comum de semear conhecimentos, seja através de seus trabalhos acadêmicos, seus cargos profissionais ou seus relatos pessoais. Como homem, era impossível não fazer um recorte de gênero, inerente aos meus pensamentos que me instigavam a me sentir confortável e desconfortável diante das falas e apresentações das mulheres. O protagonismo social deve ser reivindicado a todo momento. Tivemos relatos de mulheres que passaram por experiências terríveis em um tempo em que era quase impensável se identificar feminista na região sul do país, em que o patriarcado oprimia a existência delas de forma completamente naturalizada. Pude compreender que discutir alternativas sobre métodos contraceptivos ainda é um demonstrativo de privilégio social. E problematizar essas discussões em torno do assunto nos proporciona reflexões sobre mulheres que não têm essa possibilidade de escolha, mulheres que não têm sequer as informações adequadas. Mas também nos faz observar que, para que mulheres tenham melhores condições de contracepção, a melhor alternativa seja justamente de haver mais mulheres à frente na ciência, fazendo pesquisas sobre elas e para elas. Sem contar ainda na censura diante da educação sexual feminina abordada na roda de conversa conduzida pelo PET-Letras. Nela, ouvimos relatos sobre a origem e uso do anticoncepcional, o que nos fez entender que conhecer seu próprio corpo possibilita não só a descoberta de seus limites, mas também a pluralidade de seus prazeres.

Participar da Virada Cultural Feminista me provocou muito mais questionamentos do que conclusões, me fez pensar, por exemplo, de que forma ativamos o ativismo? Talvez, uma das formas seja justamente esta: um evento que nos faça questionar, ouvir e compreender o outro e se unir em uma luta diária. O presente é feminista.

É por isso que a Virada Cultural Feminista, assim como se deu, gerou momentos importantíssimos para mim e para cidade de Bagé. Vemos a necessidade de expandir os diálogos que envolvam o ativismo feminista em suas diversas formas, para além da academia e além do nosso círculo social, pois quando temos a consciência do conhecimento, apresentados pela causa, temos agora a responsabilidade de agir da melhor forma para todes.

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Imagem: Autor (2020).

*Guilherme é acadêmico do curso de Letras Português e Literatura de Língua Portuguesa da Universidade Federal do Pampa campus Bagé. Bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET) e voluntário no Núcleo de Formação do Leitor Literário (NULI).

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