Frio e final de semana combinam com… construção de saberes!

Por Andressa Alves Machado

Andressa Machado é formada em Licenciatura em Letras – Português/Inglês (2016), atualmente atua como professora de Língua Inglesa em uma escola da rede privada de Bagé e é também estudante do Mestrado Profissional¹ em Ensino de Línguas.

Quinta-feira, dia em que saio vibrando da escola onde leciono pelo fim do trabalho e sonho insistentemente com aquele vinhozinho tão reconfortante e merecido após a labuta semanal no frio de renguear cusco que fez nessa cidade durante os últimos dias. Meu celular me notifica de que devo estar em pé bem cedo, na sexta e no sábado, para aulas na Unipampa, justo no lugar mais frio dessa cidade, onde o minuano sopra sem enfrentar obstáculo algum além do corpo dos pobres estudantes.

Acontece que nos dias 5 e 6 de julho ocorreram no componente curricular Metodologias de Ensino-Aprendizagem de Línguas Adicionais, que faz parte do programa de Mestrado Profissional em Ensino de Línguas da Unipampa, oficinas ministradas pelas alunas às suas próprias colegas e professora acerca de diversos temas, que contemplavam tópicos como interculturalidade, metodologias ativas e sala de aula invertida, aprendizagem colaborativa e possibilidades de tarefas avaliativas.

As oficinas, propostas pela professora docente como uma das avaliações do componente curricular, no início geraram certo desconforto em alguns de nós pelo fato de que nem todos haviam tido este tipo de experiência anteriormente, exceto como participantes. Como oficineira, me senti literalmente mais perdida que um cego em um tiroteio.

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Foto: Registro de um dos momentos do primeiro dia de oficinas. Fonte: grupo do Whatsapp dos alunos.

Chega então a sexta-feira. Às 8 horas pontualmente a professora está na sala de aula, sozinha. É necessário chamar os estudantes no grupo do Whatsapp, pois não se sabe se congelaram no meio do caminho ou se estão dormindo, quentinhos, sequestrados pelas cobertas. Com atraso, as oficinas iniciam, a sala aquece, mate, debate, produções diversas, algum biscoito que alguém achou na bolsa e decidiu dividir com os demais, reflexões, dinâmicas, brincadeiras, parceria. A professora vira colega de aula, os colegas tornam-se meus professores, eu aluna, depois oficineira, e naquele espaço ninguém mais se importa com o que se é ou que se deixa de ser, apenas para pensar no que está sendo construído e no que estamos nos tornando.

Por fim, o atraso do início fora compensado ao final da aula, já que pela empolgação perdemos a hora. Para o sábado, a professora combina que a aula se iniciará meia hora mais tarde, pois o frio não dá trégua.

Sábado, mais frio que sexta, antes da aula um story no Instagram dos pastos congelados pra ver se alguém sente piedade da nossa alma, o vento corta o rosto, as costas doem do tremelique do frio.  Uma colega caridosa leva um mini aquecedor, mate quente, bolo, biscoito que alguém achou na bolsa de novo, a aula começa e já não sabemos mais quem é aluno, quem é professor e nem a temperatura que faz lá fora.

Dois dias de oficinas e duas constatações: todo mundo acabou se achando e nenhum cego foi atingido por bala perdida no tiroteio de que eu estava falando no início do texto. Na verdade, cada um estava no seu caminho, abrindo os olhos e enxergando tudo cada vez melhor em meio ao clima de apoio e compartilhamentos – de angústias, comidas, calor e saberes – onde dialogamos durante um semestre acerca das nossas vivências pessoais e profissionais para buscar novos caminhos.

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Foto: Registro de um dos momentos de compartilhamento, desta vez, de comidas, entre mestrandas e professora. Fonte: Grupo de Whatsapp.

Ao final de tudo, o vinho da quinta-feira eu tomei no sábado, e o gosto foi até melhor. Pois nele ainda pensava nas aprendizagens daquelas duas manhãs em que o frio e a preguiça de levantar cedo foram deixados de lado. Ainda bem!

¹Reportagem literária produzida para o componente curricular Metodologias de Ensino-Aprendizagem de L.A., ministrado pela professora Clara Dornelles, no Mestrado Profissional em Ensino de Línguas da Unipampa, Campus Bagé.

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