Travestis e prisões: Um novo olhar para o cárcere

Já ouviu falar em “Travestis e prisões: experiência social e mecanismos particulares de encarceramento no Brasil”? Pois bem, este é um livro escrito por Guilherme Gomes Ferreira , assistente social, mestre e doutorando em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, o qual aborda experiências de travestis brasileiras com o encarceramento, tendo como ponto de partida o Presídio Central de Porto Alegre no Rio grande do Sul.

Guilherme Gomes Ferreira autografando livros. Foto: Sul21

Guilherme Gomes Ferreira autografando livros. Foto: Sul21

 

Segundo Ferreira, foram realizadas entrevistas com travestis presas, agentes penitenciárias, companheiros de travestis e homens homossexuais no Presídio em questão no período de 2012 a 2014, além de uma pesquisa documental e bibliográfica a respeito de outros presídios masculinos brasileiros que mantinham alas específicas para população de gays e travestis/mulheres transexuais.

As experiências das travestis foram divididas por temas, entre os quais se destacam: a saúde; o trabalho e a geração de renda; a violência praticada pela Brigada Militar e pelos outros presos; as relações conjugais; e as relações com a família.

Guilherme Gomes Ferreira em evento do presídio central de Porto Alegre.

Guilherme Gomes Ferreira em evento do presídio central de Porto Alegre. Foto: Sul21

 

Confira a seguir a entrevista concedida por Guilherme Gomes Ferreira ao JUNIPAMPA,:

JUNIPAMPA: Por que “travestis e prisões”?

A ideia desse título era condensar a relação dessas pessoas com a questão penitenciária, que no Brasil é marcada por um aprofundamento de violências que produz processos de sobrecargas penais e uma experiência particular com o aprisionamento.

JUNIPAMPA: Como surgiu a ideia de um livro?

Surgiu da atividade profissional que venho consolidando desde os estágios na graduação em Serviço Social, com a população LGBT e, particularmente, as travestis em situação de vulnerabilidade social. Já o livro foi resultado de uma pesquisa de mestrado que acumulou os conhecimentos apreendidos no campo, na graduação e no ativismo em movimentos sociais LGBTs. Desde lá venho atuando com essas pessoas e também a pesquisa de mestrado se deu na interface com uma atividade profissional, que à época era de assessorar as travestis privadas de liberdade sobre acesso à direitos, rede socioassistencial e questões familiares.

JUNIPAMPA: Por que esse tema?

O tema tem a ver, como já disse, com uma atividade profissional que eu empreendia à época do mestrado (e por isso se tornou tema da dissertação, que posteriormente foi publicada na forma de livro). Mas também tem a ver com análises a respeito da situação de vulnerabilidade penal em relação às travestis no Brasil, e que eu fui me dando conta nos atendimentos de travestis vítimas de violência já na graduação, em um serviço de atendimento socioassistencial. Eram várias as narrativas de abordagem policial violenta e de travestis sendo presas por motivos diversos, mas que invariavelmente se referiam ao contexto de vulnerabilidade e vida precária.

 

Escrito por Guilherme Ramos, bolsista do Laboratório de Leitura e Produção Textual- LAB (PROEXT-MEC)

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