Ano 03 Nº 027/2015 – Pandorgas e cometas deixam o céu de Aceguá mais colorido na próxima segunda

Está previsto para esta segunda-feira, 26 de outubro (se o tempo ajudar), o Festival de Pandorgas e Cometas*, que acontece anualmente na fronteira do Brasil com o Uruguai, em Aceguá. Em entrevista, um dos organizadores, Mauricio Quinta, contou que o festival ocorre há mais de trinta anos. Rindo, também relatou que o festival é mais antigo do que a existência da própria Comissão de Cultura de Aceguá- UY, da qual é presidente.

Mauricio Quinta. Foto: Clara Dornelles

Mauricio Quinta. Foto: Clara Dornelles

Quinta relata que o festival tem o objetivo de incentivar a convivência entre moradores e moradoras das duas nacionalidades, brasileira e uruguaia. Todas e todos podem participar do festival para apreciação, porém, para competir é necessário ter de 4 a 14 anos. Estudantes de Aceguá podem se inscrever antecipadamente pelas escolas, já pessoas de outras cidades, como Melo e Bagé, podem se inscrever na hora.

Para saber mais sobre a história de participação dos estudantes e escolas no festival, a equipe do LAB entrevistou alunos nas escolas de Aceguá parceiras da Unipampa no Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF).

Eduardo, 14 anos. Foto: Clara Dornelles

Eduardo, 14 anos. Foto: Clara Dornelles

O menino Eduardo, estudante da Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora das Graças, contou que sua participação no festival, em um ano anterior, ocorreu quando, na aula de matemática, o professor João Martins solicitou a confecção de pipas em grupos. Cada um levava algum material e compartilhava com os grupos, para que conseguissem construir suas pandorgas. A competição, explicou ele, ocorre entre os alunos de todas as escolas da cidade de Aceguá, brasileiras e uruguaias.

Quando questionado a respeito das semelhanças e diferenças entre as confecções de pandorgas entre alunos brasileiros e uruguaios, Eduardo afirmou que estas são muito semelhantes, com poucas diferenças de material utilizado. Os uruguaios utilizam mais plásticos e tecidos para forrar as pandorgas e usam mais as cores da bandeira do seu país, afirmou ele. Sorrindo, disse que os brasileiros não utilizam as cores da bandeira nacional.

Na Escuela 74, Valentina, Emily e Gabriel contam que já participaram do Festival de Pandorgas e Cometas outras vezes e que já estão preparad@s para este ano. Acham interessante esse momento do ano para receberem e terem contato com os conhecidos das escolas brasileiras (o festival ocorre um ano do lado uruguaio e um ano do lado brasileiro) para interagirem com eles. Através da narrativa dos alunos, percebemos que seus familiares estão envolvidos na confecção dos “cometas”* tanto em casa como na escola.

Gabriel (13), Valentina (12) e Emily (12). Foto: Clara Dornlles

Gabriel (13), Valentina (12) e Emily (12). Foto: Cássia Rodrigues Gonçalves

Valentina diz que dos quatro anos que participou ganhou pelo menos uma medalha em cada um deles. Questionamos a aluna sobre o seu segredo para tamanho desempenho, e Gabriel brincando afirmou que era apenas sorte. Ela retrucou dizendo que era talento.

Assim como o estudante brasileiro Eduardo, os uruguaios disseram a princípio notar poucas diferenças entre os “cometas” brasileiros e uruguaios. No entanto, Emily observou que as pandorgas brasileiras costumam ser mais compradas e não confeccionadas pelos próprios alunos. Então, questionamos aos três “chicos”: é melhor comprar ou fazer a própria pandorga? Eles nem pensaram duas vezes: “fazer”.

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Acima, o desenho que recebemos de presente do aluno Gabriel na saída da escola.

Muchas gracias!

Se você gostou das narrativas e tem interesse em participar do festival, não perca. Ele acontece no período da manhã e a entrada é franca. Somente deixará de acontecer se houver chuva.

* Cometas e pandorgas significam pipa, em espanhol e em português.

Escrito por: Cássia Rodrigues Gonçalves, doutorando em Letras – UCPel, e Emili Leite Peruzzo, bolsista do Laboratório de Leitura e Produção Textual- LAB (PROEXT-MEC).

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