Ano 07 nº 038/2019 – “Oficina?! O que é isso? Como se faz? Será que consigo?!”

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Por Claudia Tavares

Creiam-me! Estas foram as minhas palavras silenciosas em meio a pensamentos inquietantes ao me deparar com esta proposta feita pela docente da disciplina Metodologias de Ensino de Línguas Adicionais¹: “Vamos fazer uma oficina!”

Apesar de ser extrovertida e dinâmica, apresentar algo inédito e único foi, até o momento, um desafio enorme para a minha capacidade de criar e inovar. Pois, não se trata de improvisar ou de passar uma mera informação, mas de se aprofundar no novo, de estruturar o novo e ter objetivos bem definidos sobre o conhecimento que deseja construir com seu público-alvo a respeito do novo.

Assim, ao ouvir a frase dita pela docente no início, congelo e olho para os lados em busca de socorro! Surpreendo-me que não era a única a me sentir assim. Daí, esboço um sorriso como uma sensação de alívio. Esse despreparo e sentimento de incompetência diante da tarefa de uma oficina, acredito, é devido a uma (de)formação continuada que contempla apenas teorias em detrimento da prática. Trata-se de um currículo engessado em nossa caminhada acadêmica que não nos permite crescer de modo concomitante entre prática e teoria, ou pior ainda, ter contato com metodologias ativas que nos proporcionem criatividade e inovação!

Entretanto, como bem diz um provérbio popular: “Quem está na chuva, está para se molhar!” O desafio havia sido dado e um tema a ser escolhido também: metodologias ativas! E, por que não? Já  que este era o dilema até então temido, nada melhor do que se adentrar no ‘como fazer’ à base do que até então nos havia sido passado no decorrer do semestre! Assim, junto à colega Maria do Carmo, passamos horas elaborando a melhor maneira de demonstrar o que são metodologias ativas! Daí, deduzimos que a melhor maneira seria darmos a oficina em forma de uma metodologia ativa embasada em um ensino híbrido: a Sala de Aula Invertida! Logo, qual instrumento digital seria mais adequado e dinâmico?

É nesse instante que faço uma pausa para reflexão para o processo de construir o conhecimento de forma colaborativa: Quão importante é a interação entre pares com a finalidade de usar ou combinar conhecimentos e habilidades constituídas/apreendidas no decorrer da caminhada acadêmica/profissional. O que é deficiente em mim é suprido por uma habilidade do outro, e vice-versa. A construção do novo torna-se significativo, dinâmico e criativo! Além disso, a colaboração e interação entre pares ou grupos para um fim já é em si um desafio, devido às multiplicidades histórica-culturais e de perspectivas. Conquistar uma construção colaborativa de modo efetivo é, a meu ver, um sinal de maturidade pessoal e profissional!

Assim, para que eu e minha colega alcançássemos o nosso objetivo, unimos nossas forças, habilidades constituídas e aprendidas no decorrer de nossas leituras, atividades e discussões em grupo. Ou seja, eu colaboraria com o que, até então, me apropriei sobre o conceito de Sala de Aula Invertida e Maria do Carmo com a ferramenta digital por ela utilizada há algum tempo em suas aulas de inglês.

Combinação perfeita!

Maria do Carmo, como sempre gentil e generosa, ensinou-me sobre a plataforma educativa digital baseada em games chamada de Kahoot! Ela demonstrou os percursos a serem seguidos para uma atividade dinâmica em forma de quiz, que ao mesmo tempo permitiria tanto aproveitar lacunas em questões para reflexão e discussão em grupo quanto uma forma lúdica de aprender acerca de metodologias ativas. Nesse instante, eu e Maria nos entreolhamos e tivemos um sentimento mútuo de receio e de certeza ao mesmo tempo.

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Fotos: Claudia Tavares

Chegado o dia, em um sábado gelado de ‘renguear cusco’, nós apresentamos tal qual o planejado! Montamos o cenário (por assim dizer) e iniciei a oficina, tendo Maria como auxiliar tanto na lida com a plataforma digital quanto com os questionamentos suscitados pelo grupo. Para a nossa surpresa e alívio, a interação do grupo com o que estava proposto na oficina foi incrível! Todas se divertiram em duplas com a maneira em que o assunto sobre metodologias ativas foi disposto e, consequentemente, uma demonstração de aprendizagem significativa e colaborativa!

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Fotos: Claudia Tavares

Ademais, para mim, houve um significado e uma compreensão maior do que eu e Maria estávamos apresentando – nós também estávamos nos certificando mais de como as oficinas extraem de nós o nosso melhor; (re)criam em nós potencialidades já existentes, mas que estavam adormecidas ou que se faziam inexistentes nos nossos quefazeres da vida; nos desacomodam de nossa maneira de ser e de fazer na caminhada profissional e acadêmica. Esta experiência com a oficina me proporcionou um leque de perspectivas de que uma Educação Inovadora é possível  e pode dar certo se dermos o primeiro passo!

Acima de tudo, ficam das oficinas aprendidas a interação, as lições, as experiências e as lembranças com aqueles que proporcionaram tudo isso!

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Fotos: Claudia Tavares

 ¹Disciplina do Mestrado Profissional em Ensino de Línguas da Unipampa, neste semestre sob responsabilidade da Profª Drª Clara Dornelles.

*Claudia é docente formada em Letras (ULBRA/ CANOAS), com especialização em Educação (IFSUL/RS) e Metodologia de Ensino de Inglês (Universidade Barão de Mauá/SP), em rede municipal em Rosário do Sul e mestranda do Curso de Ensino de Línguas na Unipampa/Bagé.

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