Ano 11 Nº 035/2023 – LIBERDADE, LIBERDADE ABRA A BOCA E SOLTE A VOZ!    

Por Eliege Marizel Moreira Barbosa Moreira

IDENTIDADE

Elevador é quase um templo
Exemplo pra minar teu sono
Sai desse compromisso
Não vai no de serviço
Se o social tem dono, não vai…

Quem cede a vez não quer vitória
Somos herança da memória
Temos a cor da noite
Filhos de todo açoite
Fato real de nossa história

(2x)
Se o preto de alma branca pra você
É o exemplo da dignidade
Não nos ajuda, só nos faz sofrer
Nem resgata nossa identidade

Elevador é quase um templo
Exemplo pra minar teu sono
Sai desse compromisso
Não vai no de serviço
Se o social tem dono, não vai…

Quem cede a vez não quer vitória
Somos herança da memória
Temos a cor da noite
Filhos de todo açoite
Fato real de nossa história

(2x)
Se o preto de alma branca pra você
É o exemplo da dignidade
Não nos ajuda, só nos faz sofrer
Nem resgata nossa identidade

Elevador é quase um templo
Exemplo pra minar teu sono
Sai desse compromisso
Não vai no de serviço
Se o social tem dono, não vai…

Quem cede a vez não quer vitória
Somos herança da memória
Temos a cor da noite
Filhos de todo açoite
Fato real de nossa história. (JORGE ARAGÃO, 1992) 

O passado…

Os contextos sociais onde se desenvolveu, ao longo do tempo e da história, a cultura do racismo, percebo serem contextos muitas vezes sutis e de todas as formas de opressão; talvez a que surge permeada de sutilezas seja uma das mais difíceis de lidar. Não é necessário uma dose muito grande de sensibilidade e empatia para perceber pela arte de maneira geral o quanto de resistência ainda é preciso para quem sofre com racismo em nossa sociedade. Quando penso no termo (r)existir, por exemplo, vejo ainda mais evidente o quanto os conceitos de resistência e existência estão imbricados.

No século XIX, pesquisadores  e cientistas deram início à cultura da supremacia racial e, nesse contexto, divulgaram pesquisas tendenciosas nas quais buscavam comprovar a superioridade da raça branca sobre as raças não brancas. Esse ramo da ciência denominado “eugenia” foi responsável por grande parte do que até hoje conhecemos como necessidade de embranquecimento, defendida por muitos cidadãos que não se consideram racistas. Porém, “Se o preto [necessita] de alma branca” pra ser um exemplo de dignidade, como tão bem denuncia o poeta Jorge Aragão, tal falácia além de corroborar o racismo, o desrespeito e o sofrimento da população negra, produz o apagamento identitário de toda a sua cultura e ancestralidade. Dito de outro modo, é como se apenas a raça branca pudesse ser detentora do adjetivo da dignidade e,  portanto, por generosidade, emprestaria tal grandeza aos pretos. 

Entretanto, a resistência destes através da arte, da música, da culinária e da própria existência representada pelas suas vozes dá uma pequena mostra do quanto ainda é preciso lutar para combater o racismo, que não acabou com a abolição da escravidão, nem com o fechamento das senzalas, nem com as mudanças nas políticas públicas que, a partir dos anos 2000, deram início  juntamente com a Organização das Nações Unidas (ONU) à promoção de ações afirmativas com o intuito de combater preconceitos e segregações como o racismo. 

No Brasil, são diversas as ações que vêm sendo implantadas e fomentadas tanto pelo poder público, quanto por instituições privadas nesse sentido, e o que se percebe é que tem acontecido, sim, importantes avanços, principalmente na última década devido ao engajamento da mídia e ao boom do uso e difusão da internet móvel e da expansão das redes sociais. Entretanto, a despeito desses avanços inegáveis, o passado vergonhoso da escravidão ainda se faz presente na atualidade dita liberta de diversas maneiras e com diferentes tipos de máscaras sociais, comportamentais, linguísticas e até mesmo silenciosas. Muitas vezes, apenas um olhar desdenhoso ou um ar de superioridade e arrogância numa situação de vivência cotidiana é suficiente para enquadrar-se como uma atitude racista e criminosa. 

A existência da Lei 7.716, que tem mais de 20 anos de criação, não foi suficiente para combater esses crimes e até pouquíssimo tempo era ignorada em quase cem por cento dos casos, estimulando, assim, a impunidade e a prática de crimes de racismo. O “elevador de serviço” citado na letra  da canção Identidade é uma representação, ao mesmo tempo figurada e literal, de atitudes rotineiras e cruéis cujas práticas sociais passam quase que despercebidas tendo em vista a sutileza da desculpa de que o serviçal não deve misturar-se ao senhorio que, via de regra, são os pretos e os brancos, respectivamente. 

Essa busca desenfreada e quase obsessiva pelo apagamento da identidade negra por parte dos brancos produziu, ao longo da história da nossa cultura opressora, por muitos e muitos anos uma sociedade estrutural e sutilmente racista cujas práticas sociais vêm perdurando desde os tempos da escravidão. Isto fica evidenciado quando lemos diversos textos como o trecho que segue pois, de acordo com a filósofa  e ativista Djamila Ribeiro, 

A forma como são contadas, quem as conta, quando e quantas histórias são contadas, tudo depende do poder. Poder é a habilidade não só de contar a história de outra pessoa, mas de fazê-la a história definitiva daquela pessoa. O poeta palestino Mourid Barghouti escreve que o jeito mais simples de se destituir uma pessoa é contar sua história e colocá-la em segundo lugar.

(RIBEIRO, 2018, P. 12).

Para ela, essa prática do deixar em segundo plano, dando menor ou nenhuma importância aos negros enquanto foi sendo escrita a nossa história oficial, foi mais uma tentativa de apagamento identitário daqueles que não detinham o poder, já que estavam escravizados ou em posição de subalternidade sendo, por consequência, destituídos dos seus lugares sociais, da sua cultura e dos seus direitos. 

Fonte: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (2023)

O presente…

Nosso regime político atual, a democracia, veio sendo constituída a passos lentos. Após ter vencido a guerra do Paraguai, a monarquia brasileira foi enfraquecendo, tendo seu fim oficialmente decretado em 15 de novembro de 1889. O império já não possuía condições de atender as demandas da nova sociedade brasileira e surgiu, então, o movimento republicano cujos idealizadores foram os responsáveis por essa importante mudança política.  Diversos tensionamentos ideológicos, sociais e políticos na época contribuíram para que essas mudanças ocorressem e, embora cada grupo social tivesse seus próprios interesses, havia uma reivindicação comum a todos: desejo de ter voz e a luta por uma educação desvinculada dos dogmas da Igreja: o laicismo. 

É importante salientar que essas batalhas sempre foram e são carregadas de conflitos e tensionamentos para que sejam implantadas as mudanças necessárias ao longo da história. No caso dos conflitos raciais, por exemplo, não foi nem é diferente até os dias de hoje, porque os detentores do poder e das riquezas buscaram e buscam sempre a manutenção de seus privilégios, e cabe ao povo pensar sobre seu papel, sua classe e seu status como cidadão criticamente a fim de fazer valer seus direitos. Na maioria das vezes essas lutas não são tranquilas, nem ágeis, nem pacíficas. 

LIBERDADE, LIBERDADE!

Abra as asas sobre nós (bis)

E que a voz da igualdade

Seja sempre a nossa voz

Vem, vem, vem reviver comigo amor

O centenário em poesia

Nesta pátria, mãe querida

O império decadente, muito rico, incoerente

Era fidalguia

Surgem os tamborins, vem emoção

A bateria vem no pique da canção

E a nobreza enfeita o luxo do salão

Vem viver o sonho que sonhei

Ao longe faz-se ouvir

Tem verde e branco por aí

Brilhando na Sapucaí

Da guerra nunca mais

Esqueceremos do patrono, o duque imortal

A imigração floriu de cultura o Brasil

A música encanta e o povo canta assim

Pra Isabel, a heroína

Que assinou a lei divina

Negro, dançou, comemorou o fim da sina

Na noite quinze reluzente

Com a bravura, finalmente

O marechal que proclamou

Foi presidente. (DOMINGUINHOS DA ESTÁCIO – intérprete, 1989).

A luta por liberdade, entretanto, ultrapassa as fronteiras do tempo cronológico, pois, como já dito, engloba as sutilezas dos silêncios – e dos silenciamentos.   No ano de 1989, após  cem anos da proclamação da República,  foi promulgada a Lei que criminaliza o racismo e a Escola de Samba carioca Imperatriz Leopoldinense desfilou na Marquês de Sapucaí com o samba-enredo intitulado Liberdade, liberdade, Abre as asas sobre nós, interpretada por Dominguinhos da Estácio, sendo a grande campeã do carnaval. Nesse samba-enredo, o poeta faz uma releitura de um trecho do Hino à República para trazer à maior festa popular do planeta a reflexão sobre essa liberdade de ser, de viver, de pensar, de cantar e – por que não? – de gritar também. Quando Djamila Ribeiro diz que “O que aprendi com cantoras e cantores de blues e samba foi mais profícuo do que o que aprendi com muitos textos”. (RIBEIRO, 2018), é mais ou menos sobre essa possibilidade de reflexão e de auto-reflexão que as artes nos trazem e que pretendo chamar a atenção.  São esses saberes, de acordo com a autora, muitas vezes desrespeitados e relegados a um lugar de pouca ou nenhuma importância, que estão carregados também de ciência, de conhecimento e de humanidade. Ainda de acordo com a filósofa: 

O saber da minha avó, benzedeira, é um saber como qualquer outro. Até hoje sei que chá de boldo é infalível para curar ressaca e que álcool com arnica cicatriza picadas de mosquito. Valorizar o saber das ialorixás e dos babalorixás, das parteiras, dos povos originários é reconhecer outras cosmogonias e geografias da razão. Devemos pensar uma reconfiguração do mundo a partir de outros olhares, questionar o que foi criado a partir de uma linguagem eurocêntrica.

(RIBEIRO, 2018,  p. 15).

Acredito que estes questionamentos abordados pela autora englobam também as indagações mais básicas da existencialidade humana: quem somos, de onde viemos e para onde estamos indo. 

Embora saibamos nossa ascendência Africana enquanto sociedade, ainda somos compelidos a vivenciar situações cotidianas como a do elevador de serviço, por exemplo. A própria Lei de cotas raciais até hoje tem seus defensores e acusadores, sendo estes últimos detentores de argumentos dos mais esdrúxulos porque querem, obviamente, a manutenção dos seus privilégios como sempre foi. E pensar um novo modelo de sociedade sem racismos é, de certa forma, pensar a possibilidade de uma resistência que possa nos proporcionar também novas reexistências de maneira que não sejamos mais obrigados ao desconforto sutil do preconceito nem que precisemos calar a voz e ir em silêncio pelo elevador de serviço. 

A teoria do branqueamento no Brasil defendeu, dentre outros aspectos, uma supremacia branca hegemônica e detentora tanto do poder quanto do status de povo superior. Erroneamente muitos ainda acreditam que essa teoria tenha sido criada pelos negros, mas na realidade foram os brancos que, não só criaram, como também difundiram a ideia de que era necessário miscigenar para branquear a população. Seguindo pelo que apregoava essa teoria,  

Os eugenistas previam que o branqueamento ocorreria tanto por meio da “seleção natural” quanto do processo imigratório, mas o certo é que somente em 1940, 50 anos após a implantação do processo de branqueamento, essa dinâmica pôde ser mensurada, pois o quesito “cor” não foi contemplado nos censos de 1900 e 1920 sendo que em 1910 e 1930 não houve recenseamento. 

(MARÇAL; LIMA, 2015, p. 44). 

Dito de outro modo, passados 50 anos, foi possível perceber que estavam enganados e que portanto não iria acontecer o tão esperado branqueamento da população idealizado pelos eugenistas que então passaram a pensar em outras estratégias de conduta para a sociedade da época, visto que o apagamento do quesito cor nos dados censitários não abrangeu o mesmo apagamento na população negra no país. É justamente desse apagamento/silenciamento da população negra que resultaram as bases da construção de uma dominação simbólica pelos brancos cujo silenciamento resultante nada mais é do que a ausência de criticidade e de reflexão sobre essas dominações que ocorreram e ainda ocorrem em nossa sociedade. O termo dominação simbólica aqui está atrelado ao conceito de dominação sutil, já que legalmente somos um país livre mas essa liberdade, na maioria dos casos, necessita ainda ser buscada, discutida, reivindicada e alardeada por diversos meios, vozes e lugares. 

CARAVANAS

É um dia de real grandeza, tudo azul

Um mar turquesa à la Istambul enchendo os olhos

Um sol de torrar os miolos

Quando pinta em Copacabana

A caravana do Arará, do Caxangá, da Chatuba

A caravana do Irajá, o comboio da Penha

Não há barreira que retenha esses estranhos

Suburbanos tipo muçulmanos do Jacarezinho

A caminho do Jardim de Alá

É o bicho, é o buchicho, é a charanga

Diz que malocam seus facões e adagas

Em sungas estufadas e calções disformes

É, diz que eles têm picas enormes

E seus sacos são granadas

Lá das quebradas da Maré

Com negros torsos nus deixam em polvorosa

A gente ordeira e virtuosa que apela

Pra polícia despachar de volta

O populacho pra favela

Ou pra Benguela, ou pra Guiné

Sol, a culpa deve ser do sol

Que bate na moleira, o sol

Que estoura as veias, o suor

Que embaça os olhos e a razão

E essa zoeira dentro da prisão

Crioulos empilhados no porão

De caravelas no alto mar

Tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria

Filha do medo, a raiva é mãe da covardia

Ou doido sou eu que escuto vozes

Não há gente tão insana

Nem caravana do Arará

Não há, não há

Sol, a culpa deve ser do sol

Que bate na moleira, o sol

Que estoura as veias, o suor

Que embaça os olhos e a razão

E essa zoeira dentro da prisão

Crioulos empilhados no porão

De caravelas no alto mar

Ah, tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria

Filha do medo, a raiva é mãe da covardia

Ou doido sou eu que escuto vozes

Não há gente tão insana

Nem caravana

Nem caravana

Nem caravana do Arará. (FRANCISCO BUARQUE DE HOLLANDA, 2022).

…e o futuro? 

As políticas de ações afirmativas e o sistema de cotas resultam de diversas lutas ocorridas ao longo da história. Com a Conferência de Durban, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2001, diversas ações começaram a ser fomentadas em diferentes nações com o intuito de expandir uma cultura anti-racista dentre os signatários e no Brasil, tal evento promoveu uma mudança inclusive por parte do governo, que até então não era adepto da crença de que fôssemos um país racista. O Documento de Santiago, resultante dessa conferência, orienta sobre políticas de combate ao racismo, bem como ações afirmativas que deveriam passar a ser adotadas. 

Nesse sentido, é importante que nós, enquanto sociedade brasileira comecemos a pensar em ações efetivas, práticas, duradouras e incisivas de combate aos preconceitos em geral e também ao racismo estrutural, simbólico e sutil. Já não bastam as leis e os documentos. É urgente que todo e qualquer cidadão, seja ele da cor que for, assuma sua responsabilidade social, política e humana de combater e fazer combater qualquer tipo de discriminação ou segregação. O respeito é direito de todos e se não acontecer de forma espontânea que o façamos então na forma da lei, da denúncia e da punição, se for o caso, para os criminosos. 

Que saibamos nos olhar criticamente enquanto sociedade ainda racista ao invés de dizer “escuto vozes” como na letra da canção de Chico Buarque e que possamos nos reconhecer e reconhecer nossa covardia sutil, enraizada no medo e na raiva. É necessário admitir a vergonha do nosso passado cujas consequências ainda perduram nas favelas e presídios com estatísticas tristes nas quais a desigualdade fica escancarada para além do mercado de trabalho e das oportunidades mais corriqueiras. O preto não precisa de alma branca pra ser exemplo de dignidade, mas talvez esteja mais do que na hora do branco buscar dentro de si sua alma preta e então unir-se na luta pelo combate a todo e qualquer tipo de discriminação. Talvez essa seja uma maneira do branco resgatar um pouco da sua dignidade perdida na vergonhosa ancestralidade escravocrata e discriminatória cujos resultados ainda hoje massacram e desrespeitam aqueles que, outrora livres, nobres e pacíficos, foram arrancados à força bruta de seus países e de suas culturas. 

Recentemente a filósofa e ativista Djamila Ribeiro foi duramente atacada na mídia e nas redes sociais por fazer um post publicitário de uma famosa marca italiana de bolsas de grife em sua página no Instagram. A repercussão do caso foi grande e muitas pessoas a criticaram por estar fazendo publicidade de um produto de luxo e, portanto, inacessível a outras mulheres iguais a ela considerando que a mesma estaria tendo uma atitude arrogante com seu “público preto”. Houve quem a defendesse e a atacasse mas talvez o que mais tenha gerado tanta polêmica nem seja a preocupação com os outros negros e sim o desconforto que as elites sentiram ao perceber uma mulher preta usando uma bolsa de grife italiana, sendo paga (e muito bem) para divulgar o produto que antes apenas a gente  privilegiada “ordeira e virtuosa” tinha acesso. 

Djamila foi pelo elevador social e não aceitou calada ceder a sua vez a outra mulher branca, afinal, o  que mais tem diariamente nas redes sociais são mulheres brancas fazendo esse tipo de publicidade o tempo todo sem gerar nenhum conflito ou problema.  O grande “problema” da sua postagem foi, acredito, que ela ousou soltar a voz mesmo numa fotografia absolutamente sem nenhum tipo de som. A postura dela está altiva e o que talvez mais incomodou: sentada! Uma preta que não estava servindo a ninguém  aparece numa posição de privilégio, desfrutando de um confortável sofá fotografada por uma lente que a coloca num patamar de superioridade, olhando-nos de cima, ereta e digna evidenciando a todos que reconhece sua identidade e seu lugar social, bem como cada um dos seus direitos, inclusive o de existir. E quando me embaso nas palavras dela para falar desses direitos, dessas dignidades, desses espaços sociais,  

[…] estamos falando de locus social, de como esse lugar imposto dificulta a possibilidade de transcendência. Absolutamente não tem a ver com uma visão essencialista de que somente o negro pode falar sobre racismo, por exemplo. (RIBEIRO, 2017, p. 36). 

(RIBEIRO, 2017, p. 36). 

Isso significa dizer, em outras palavras, que precisamos, enquanto sociedade, transcender essas falácias por tanto tempo impostas e incutidas em nossas existências de que racismo é uma luta de pretos. Definitivamente não. Definitivamente somos todos responsáveis por uma sociedade justa, igualitária e que saiba respeitar a todos independente de sua origem, raça, cor, orientação sexual ou crença. E, por mais difícil  – ou impossível –  que seja, por vezes, encontrar um lugar no lugar de fala do outro, que sejamos ao menos empáticos e respeitosos unindo nossas forças e mãos, denunciando e soltando a voz sempre que for preciso para que a liberdade há tanto tempo proclamada não seja apenas palavra bonita da Lei e que os gritos de dor e o sofrimento dos  nossos antepassados encontrem ressonância na nossa força, na nossa luta, na nossa não aceitação de silenciamento. 

Referências

CARINE, Bárbara. Como ser um educador antirracista. São Paulo: Planeta do Brasil, 2023. 

MARÇAL, José Antônio e LIMA, Sílvia Maria Amorim. Educação escolar das relações étnico-raciais: história e cultura afro-brasileira e indígena no Brasil.  Curitiba: Intersaberes, 2015. 

RIBEIRO, Djamila. Quem tem medo do feminismo negro? São Paulo: Companhia das Letras, 2018. 

RIBEIRO, Djamila. O que é: lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento: Justificando, 2017.

Eliege Marizel Moreira Barbosa – Iniciou sua vida acadêmica na Furg no curso de Letras em 2002. Posteriormente curso Mestrado em Letras – História da Literatura. Foi professora substituta no IFSul Pelotas e posteriormente ingressou no serviço público municipal de Bagé como docente de Língua Portuguesa. Nesse período começou a estudar Especialização em Letras/ Libras e a trabalhar com inclusão de surdos. Em 2012 estagiou no INJS (Instituto Nacional de Jovens Surdos) em Paris e em  2013 ingressou na Unipampa como intérprete de Libras, cargo que ocupa até o presente. Em 2019 cursou Especialização em Tradução/interpretação de Libras e em 2021 Concluiu o Doutorado em Educação pela Unisc e  Licenciatura em Filosofia pela Ufpel. Atualmente cursa Especialização em Atendimento Educacional Especializado – AEE pela Furg e Pedagogia. Engajou-se nas ações afirmativas da Educação de Surdos desde 2010 e do combate ao racismo estrutural e sutil nas escolas públicas de Bagé. Atualmente coordena o projeto (A)ponte para o futuro pela prefeitura municipal de Bagé e Secretaria municipal de Educação que visa auxiliar estudantes do nono ano do Ensino Fundamental a realizarem a transição para o Ensino Médio e Superior orientando escolhas e facilitando esta travessia. 

Comentários
  1. Adriana Martins da Silva

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