Feminismo interseccional: Dossiê para o Junipampa

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Por Fabiane Lazzaris

O Feminismo Interseccional é a maneira complexa e cumulativa no qual diferentes formas de discriminação se combinam ou se interseccionam, ou seja, de que forma a intersecção entre gênero, raça e classe se combinam e promovem diferentes tipos de opressão aos sujeitos. 

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O termo foi cunhado por Kimberle Crenshaw no final dos anos 80, mas a idéia já vinha sendo discutida desde o século XIX por ativistas como Anna Julia Cooper. Há muitas leituras a serem feitas sobre o assunto. Uma das principais é o clássico Mulher, Raça e Classe(1981) de Angela Davis, ícone do feminismo negro, que esteve recentemente no Brasil. O feminismo interseccional tem suas raízes fortemente calcadas no feminismo negro e, a meu ver, contempla a mulher latino americana de forma contundente. O feminismo interseccional pode ser utilizado para descrever diferentes interações entre qualquer tipo de discriminação baseada em gênero, identidade sexual, raça, idade, classe, status socioeconômico, religião e etnia. 

A partir do debate sobre a intersecção de diferentes formas de discriminação, surgiu o projeto “Dossiê Feminista”, desenvolvido no componente curricular “Tópicos de Feminismo(s)” em 2019/2 no Curso de Letras Línguas Adicionais (Inglês, Espanhol) e Respectivas Literaturas da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). Cada aluno (ou grupo de alunos) levantou seus questionamentos e foi em busca de suas respostas utilizando diferentes técnicas, ferramentas e formatos. O resultado é uma produção hipermidiática, um passeio pelo olhar dos estudantes sobre questões que envolvem mulheres nos mais diversos contextos e as produções serão publicadas no JUNIPAMPA durante a Semana da Consciência Negra. Tem produções para todos os gostos! A Bianca Souza e a Aline Hernandez fizeram um lindo trabalho de resgate com as idosas na Vila Vicentina e criaram um perfil no Instagram chamado Ladies Portrait. A Fernanda de Morais e a Gabriela Morais foram em busca das minas que fazem rap na região e desenvolveram um minidoc chamado Poetisas ON TOP. A Maria Eduarda Xavier e a Nadine Vaz fizeram uma importante entrevista com a advogada Lélia Quadros sobre Os Direitos das Mulheres em Bagé. A Isabella Abate e a Raíssa Ferreira foram em busca de números e desenvolveram uma pesquisa sobre Percepções sobre a mulher negra e a mulher mãe na universidade. A Hellen Barboza reimagina a arte de Taína Lima, conhecida como Criola , e discute a condição da artista negra e periférica em seu video-arte Matrix . A Dienifer Vieira descobriu 7 maneiras em que a mulher foi demonizada ao longo da história!  O Diogo Ferreira mergulhou na subjetividade feminina e traduziu dois poemas de Alfonsina Storni em Alfonsina, mulher em várias línguas . A Alice Arruda fez uma linda viagem à sua ancestralidade no texto confessional Cordão Ancestral . E por fim, a Ana Maria Julia da Silva abriu as gavetas e nos mostrou seu trabalho autoral em SELF .  

Como diria Audre Lorde, “Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas.” Vem conosco, vamos juntas! 🙂

 

 

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