Carta aberta à Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul. Solicitamos melhorias à nossa escola.

 Por Érika de Moura Ribeiro

Nós, estudantes do turno de ensino médio integral da Escola Estadual de Ensino Médio Hermes Pintos Affonso, viemos por meio desta carta aberta solicitar melhorias à nossa escola. 

     O governo propôs o ensino médio em turno integral à antiga gestão da escola, porque teria que ser implantado em pelo menos 1 das 3 escolas estaduais que tem em nossa cidade. E, dentre essas escolas, a nossa se encaixou melhor nos requisitos solicitados pelo governo do estado, se tornando assim uma das 17 primeiras a adotar o ensino médio integral no Rio Grande do Sul. 

      Em maio de 2023 foi realizada uma conversação com a atual diretora da nossa escola e adquirimos dela alguns dados que são de extrema importância para entendermos o funcionamento da escola. 

      Dentre eles, foi citada a verba para merenda escolar que é depositada para a gestão da escola, em torno de R$0,50 para cada aluno por refeição. Tratando-se do ensino médio em tempo integral, os alunos fazem quatro refeições na escola (café da manhã, lanche, almoço e lanche da tarde), ficando em torno de R$2,00 por aluno. Porém, levando em conta o alto custo dos alimentos hoje em dia, este valor é um absurdo e não garante a boa qualidade da merenda escolar. 

        Na conversa, também foi citada a falta de estrutura necessária para o turno integral, porque há pouco espaço, não há locais para áreas de lazer e não há recursos para mudar isso, pois a verba que entra para a escola é em torno de R$2.600 por mês para a manutenção, porém esse valor mal cobre os custos diários e a manutenção da escola. E, também, é recebido um capital que fica em torno de R$1.100 para os demais custos, como por exemplo: materiais de limpeza, folhas de ofício, canetas, etc… 

         Ou seja, a verba mal cobre os custos essenciais, obviamente não há recursos para realizar mudanças e ampliar espaços. 

         Sabendo disso, solicitamos reajustes nas verbas escolares e também verbas extras para projetos culturais e oficinas. 

         Em concordância com a nossa diretora, achamos que foi mal implantado o ensino médio integral em nossa escola, pois além de ser algo novo em nossa cidade, veio sem recursos suficientes.

         Vivemos em uma cidade pequena e com um alto índice de evasão escolar, e os alunos que estavam frequentes em nossa escola acabaram desistindo ou mudando de escola. A nossa escola teve uma perda gigante de alunos, as turmas reduziram pela metade e um dos principais motivos é o ensino em turno integral sem o devido suporte. 

          Diante do exposto, pedimos por melhorias na alimentação, uma verba maior para a melhor qualidade dos alimentos, para termos a oportunidade de ter alguns espaços de lazer, e criar algumas oficinas para despertar o interesse nos alunos de estarem ali o dia inteiro. 

        Baseando-se na nossa experiência com a precariedade do ensino médio integral em nossa escola, pedimos se possível a revogação do decreto de ensino integral nas escolas de cidade pequena e sem a devida estrutura.

       Respeitosamente, estudante Érika de Moura Ribeiro. Apreciaremos sua pronta resposta.

Erika de Moura Ribeiro, aluna do terceiro ano do Ensino Médio Integral. Se interessa pelas Letras e pelo Direito. E-mail: erika-dmribeiro@educar.rs.gov.br

Realizei meu Estágio de Docência para o Ensino Médio, etapa fundamental para formação em licenciatura em Letras, na Escola Estadual de Ensino Médio Hermes Pintos Affonso. Essa escola pública foi uma das primeiras do Rio Grande do Sul a adotar o Ensino Médio em Tempo Integral. Minha proposta didática se baseou no gênero textual carta aberta e o tema que guiou as nossas aulas de Língua Portuguesa foi “Ensino Integral -propostas de melhorias para a escola”. Como produto final os alunos escreveram e reescreveram cartas abertas reinvindicando melhores condições para o funcionamento adequado da sua escola. Para publicarem seus textos, os alunos escolheram o Web Jornal Junipampa, vinculado à Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). – Mariana Cavallari Fernandes, formada em Licenciatura em Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Jaguarão.

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