A rede de apoio para os estudantes de universidades federais/ Coluna PET Letras

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Por Maria Carolina Silva de Oliveira

Hoje, sendo estudante de uma universidade federal percebo que o tamanho dos obstáculos que eu enfrentei não deve embasar argumentos contra as dificuldades de outros alunos, pois, o conceito principal de pensar no bem da coletividade é saber que os problemas não giram em torno apenas de mim. É importante também estar consciente de quem tem autoridade o suficiente em um país para realmente fazer alguma diferença na rede de apoio a estudantes da rede pública de ensino

No ano de 2012, o Decreto nº 7.824 foi sancionado pela Presidenta Dilma Rousseff, permitindo que, a partir de então, eu como muitos outros jovens, de classe sociais distintas, ingressasse na universidade federal e mudasse sua aparência predominantemente, branca e rica, pela Lei de Cotas. Meu problema, naquele tempo, era ser mais um comum pré-adolescente branco pobre sem expectativas, porém, eu vejo hoje, que a minha rede de apoio começou naquele decreto. Independente de eu saber ou não a mudança que causaria, eu estar em uma universidade federal pública, naquele momento,  garantiu a minha chance de mudar algo. 

Na Unipampa, a assistente social Daviane Aparecida de Azevedo é a capitã que te guiará pelo mar da burocracia e te ajudará com qualquer dúvida sobre assistência Estudantil. A Unipampa possui cinco auxílios: Apoio ao Ingressante; Plano de Permanência; Projeto de Apoio Social e Pedagógico – PASP; Programa de Apoio a Estudantes em Eventos – PAPE e Programa de Ações Afirmativas – Auxílio ao Desenvolvimento Acadêmico Indígena e Quilombola (ADAIQ)/Monitoria Indígena e Quilombola/Plano de Apoio à Permanência Indígena e Quilombola (PAPIQ). De acordo com a Norma Operacional nº 1/2020: o que muda no pagamento dos Auxílios de Assistência Estudantil a partir do mês de referência 7/2020: a PRAEC informa: de acordo com a Norma Operacional nº 1/2020, a partir do mês de referência de julho de 2020, iniciarão os pagamentos do Auxílio à Inclusão Digital e do novo valor do Auxílio Alimentação Integral (que foi reajustado de R$ 160,00 (cento e sessenta reais) para R$ 200,00 (duzentos reais) mensais). E os os pagamentos do Auxílio Transporte Urbano e do Auxílio Transporte Rural serão suspensos. 

 O Coronavírus é um acontecimento inesperado, e, para encontrar formas de como agir, a Unipampa criou questionários onlines enviados constantemente para os nossos e-mails institucionais. Esses questionários me fizeram lembrar do primeiro semestre e perceber o quanto foi importante para a minha permanência na cidade, e na instituição, poder estar fisicamente na sala de aula e interagir com os meus colegas e professores, apesar de ainda ser contra trabalho em grupos, a quarentena comprovou o quanto precisamos uns dos outros e que nossas ações afetam a todos. Eu definitivamente não teria condições de manter aulas à distância há dois anos, e eu vejo isso hoje porque eu estou confortável em uma estabilidade incerta, que eu consegui após aprender a pedir ajuda e de me recompor da fútil ressaca de novidade que chega depois do primeiro ano de faculdade e felizmente a absorção lenta de responsabilidades. Entretanto, minha situação pode mudar, dependendo da força que resta na rede de apoio para os estudantes. 

O grau de preocupação com os estudantes de universidade federais do atual presidente foi refletido com os congelamentos de verba da educação, tornando-se   o setor mais atingido pelos cortes orçamentários do governo de Jair Bolsonaro. A pasta perdeu R$ 5,84 bilhões, que corresponde a 18,81% dos R$ 31 bilhões cortados até agora de 28 áreas, conforme um estudo do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). Alguns meses atrás, a preocupação com o dinheiro seria um grande problema que deixaria frágil a rede de apoio, entretanto, ainda teríamos a garantia de duas refeições por dia no RU e o andamento dos nossos estudos. A pandemia de Convid-19 retirou todas as nossas convicções. O Brasil chegou a ficar 50 dias sem ministro da Saúde. Se o primeiro ministro da saúde no início dessa crise não houvesse deixado o cargo em 50 dias seguindo as orientações da OMS, o Brasil poderia ter diminuído a curva de contágio e  hoje poderia estar planejando um retorno às atividades, a sua rotina normal. Contudo, percebe-se que os cortes na educação afetaram principalmente o presidente que não conseguiu resolver um problema de lógica simples como esse. 

Hoje com as cotas eu pude terminar o texto, porém, com a ameaça e abandono por conta da crise econômica e sanitária, talvez, ninguém mais tenha a chance de chegar até aqui. A Unipampa continua tentando amenizar essa situação precária, similar ao fato de que sempre no Brasil o rico cada vez mais rico e o pobre cada vez mais pobre, e o motivo todo mundo já sabe é que o de cima sobe e o de baixo desce. Com tudo, podemos contar com as ajudas mencionadas e as que ainda virão, pois, a Unipampa é uma universidade que se preocupa com a rede de apoio que ela mantém pelos seus estudantes.

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Maria Carolina Silva de Oliveira é estudante do 5º semestre do curso de Letras – Licenciatura em Português e Literaturas de Língua Portuguesa da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Desde 2019, é bolsista do PET-Letras (Programa de Educação Tutorial), mantido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Anteriormente, bolsista CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) áreas de interesse Análise do Discurso e Linguística Aplicada. 

logo PET letras com nome do campus

“Esta é a coluna do PET-Letras, Programa de Educação Tutorial do curso de Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa, do campus Bagé. O programa, financiado pelo FNDE/MEC, visa fornecer aos seus bolsistas uma formação ampla que contemple não apenas uma formação acadêmica qualificada como também uma formação cidadã no sentido de formar sujeitos responsáveis por seu papel social na transformação da realidade nacional. Com essa filosofia é que o PET desenvolve projetos e ações nos eixos de pesquisa, ensino e extensão. Nessa coluna, você lerá textos produzidos pelos petianos que registram suas reflexões acerca de temas gerados e debatidos a partir das ações desenvolvidas pelo grupo. Esperamos que apreciem nossa coluna. Boa leitura”.

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