Ano 03 Nº 023/2015 – A juventude, as várias formas de mudar o Brasil e de se exercer economia

Economia em crise”, informa a manchete do jornal diário, menciona o programa matinal, nos recordam estudiosos no telejornal da hora do almoço e, por último, afirmam os jornalistas da noite. E aí vem a surpresa, se uma parece estar em crise no mundo todo, não apenas no Brasil, outra vem se destacando em crescimento.

Agora talvez você se pergunte: existe uma “outra economia”? Bem, existe sim outra forma de se fazer economia. Afinal, quem disse que só pode existir uma única forma de se fazer qualquer coisa? E é exatamente partindo desse raciocínio de que há sempre novas maneiras de se fazer as coisas que surgem grandes ideias, como é o caso da denominada economia solidária.

Essa nova lógica na verdade não é tão nova assim, pois iniciou no século XIX, quando afloravam as lutas da classe trabalhadora que passou a se organizar em cooperativas. Aqui no Brasil, no entanto, surgiu de forma mais relevante apenas no final do século XX e agora parece passar por um período de relativo crescimento frente às inúmeras dificuldades que o tão famoso mercado de trabalho impõe àqueles que não se adaptam às suas exigências, na maioria das vezes incompatíveis com a realidade social e financeira de boa parte da população.

Partindo do reconhecimento e da reflexão sobre essa e outras problemáticas que se concebe o conceito de economia solidária: uma forma diferenciada de trabalhar e produzir, focada na cooperação e solidariedade, tornando as relações de trabalho igualitárias e fomentando a inclusão social. De maneira geral, na prática, a ideia básica é trabalhar de maneira associativa, ou seja, dentro de grupos nos quais a regra é a cooperação e a reciprocidade. É o caso de diferentes cooperativas pelo país, que trabalham com costura, agricultura, informática e outras áreas.

E é buscando debater a economia solidária e, mais do que isso, a economia solidária como possibilidade para a nossa juventude que acontecerá a Conferência Temática Livre Juventude e Economia Solidária, um evento que ocorrerá no âmbito da 3° Conferência Nacional de Juventude. A Conferência Temática é organizada pelo Complexo Km21, a ONG Guayí e o Levante Popular da Juventude, com apoio da prefeitura de Bagé. Além disso, conta com temáticas que propõem alternativas para o enfrentamento à violência, estratégias para a organização da juventude através da economia solidária e reflexões sobre as causas e efeitos de problemas sociais como o desemprego e a criminalização. “As temáticas abordadas tem tudo a ver com a nossa realidade, a violência esta muito presente no nosso dia a dia, atingindo principalmente nossa juventude.”, afirma Jandir Paim, membro da Comissão de Políticas Públicas.

Ainda de acordo com Paim, o evento busca compreender essas temáticas como “realidades a serem enfrentadas e a economia solidária como uma alternativa”. Além disso, de acordo com ele “nossos jovens têm um potencial muito grande e podem contribuir de forma muito positiva para a comunidade”.

Foto Divulgação.

Foto Divulgação.

De acordo com Cammila Soares, integrante do Levante Popular da Juventude, a própria localização do evento “no Complexo de Economia Solidária de Bagé- Km 21, que fica numa periferia, já descreve bem as motivações da economia solidária” pois na economia solidária “todos participam e ganham igualitariamente, todo o trabalho fortifica a noção de comunidade.”

Tendo como temática “As várias formas de mudar o Brasil: Economia Solidária como estratégia de empoderamento e protagonismo juvenil no Rio Grande do Sul”, o evento acontecerá em Bagé, dos dias 10 a 12 de outubro, no Complexo Km 21. Contará com 150 vagas e se organizará sob o formato de um acampamento.

Em caso de grupos grandes que virem em caravanas de outras localidades e permanecerão no acampamento, é necessário que notifiquem por email por questões de logística. Já para os moradores da cidade e pessoas em geral fora das condições citadas anteriormente, será aberto em qualquer horário do dia e contará com ônibus gratuito até o local. O veículo será cedido pela prefeitura de Bagé e fará o transporte do centro ao Km21. No primeiro dia de evento, este sábado, o ônibus sairá entre às 13h e 13h 30min da Praça Esporte. Em seguida, fará uma parada na praça do Coreto e, então, irá para o local do evento. Já no domingo e na segunda-feira, o ônibus sairá no período da manhã, entre às 8h e 8h 30min.

Escrito por Mariana Grego e Melissa Barbieri, bolsistas do Laboratório de Leitura e Produção Textual- LAB (PROEXT-MEC).

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