Ano 08 nº 034/2020 – Sobre as despedidas

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Por Rafael Xavier

Eu nunca gostei de despedidas, nunca mesmo…

Não é, veja bem, o fato de dizer adeus. Quisera eu que todos pudéssemos dizer adeus a todos aqueles que partem por motivos de morte ou de vida. Despedir-se é isso mesmo, fazer com que, a duras penas, você mesmo entenda que aquela relação está acabando. Para isso, de certo modo, servem os velórios, é para os vivos absorverem a ideia de que aquela pessoa está indo (e já foi) embora.

Mas veja bem, não é sobre essas despedidas que me ponho a escrever aqui. Já pensou quantos abraços de “até logo” se transformaram em “Adeus”?

É disso que falo, me entende? Essas despedidas que não foram bem uma despedida, que não foram esclarecidas como tal e a gente, por não saber, acaba não vivendo elas do jeito que deveríamos viver, não “as vivemos por inteiro e ficamos nos perguntando se saberíamos viver do jeito certo”, já dizia Caio Fernando de Abreu. Ficamos totalmente amargurados quanto a isso.

São dessas despedidas que eu não gosto, dessas que não marcamos, que não nos preparamos, entende?

Olha, dentre todas as despedidas que vivi, ainda resta uma que consegue ser ainda menos gostosa: aquelas as quais eu vivi, soube que era disso que se tratava, mas ainda acredito que não foram efetivas em seu todo – o outro se despediu, eu talvez tenha me esquecido de me despedir ou talvez assim prefira acreditar.

Se despedir é complicado, muito complicado…

Se despedir é assumir dentro de nós mesmos que acabou, que esse é o fim, é entendermos que tudo tem fim. Que as coisas, muitas vezes, são feitas para acabar, que nada dura para sempre. E sabe o pior? Eu chovo no molhado dizendo isso, mas só sentindo uma despedida com todos os seus toques e requintes de dor para sabermos como é.

Ah, e antes que eu me esqueça, tem outra despedida que também está no rol daquelas que me fazem escrever e eu não gosto: as sem motivo aparente.

Já notou que existem certas despedidas que ocorrem aos pedaços e você se dá conta a tempo de que, sim, estamos sumindo da vida da pessoa e a pessoa, por sua vez, está sumindo da nossa, mas não há nada que possamos fazer ou sequer entender o que está acontecendo?

Isso também é ruim e eu não gosto, entretanto… Talvez seja só eu mesmo que não goste de perder o controle da situação e, olha bem, por mim viveria cercado de todo mundo mesmo.

Despedir-se é perder o controle de certa forma. Nesse mundo caótico que vivemos, no qual as coisas acabam e demoramos a nos darmos conta de que acabou.

É, você já deve ter percebido, eu não gosto mesmo de despedidas. Amanhã, talvez, alguém invente um jeito certo de se despedir… Por hoje, segue doendo.

Rafael Basso Xavier, é graduando em Letras Português e Literaturas de Língua portuguesa pela nossa amadíssima Unipampa. Atualmente, trabalha com correção de textos, mas já atuou nos mais diversos meios. Por Hobbie escreve (pouco, mas escrevo), joga quase todo tipo de jogo eletrônico, lê HQ principalmente, e estuda assuntos diversos por divulgação científica que ama de paixão! É fascinado por ciência e acredita, como Platão, que só o conhecimento liberta!

 

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