Ano 09 nº 124/2021 – Uma carta ao desconhecido

Por Janimar Dias Nunes Santos

fonte es.slidshare.net 

Depois de ter estudado um pouco sobre quem foi Paulo Freire e suas contribuições na educação, me permiti escrever esta carta e endereçar a um desconhecido. Desde fevereiro, estou descobrindo quem foi este homem que tanto lutou pela educação e ao descrever, lhe pergunto: Você conhece Paulo Freire? 

Então vou lhe contar através de materiais que li, alguns aspectos da vida e da obra que foram sendo identificados. Esse autor, mundialmente conhecido, nasceu em Recife, em 19 de setembro de 1921. Paulo Reglus Neves Freire, estudou na escola Osvaldo Cruz em Recife e aos 22 anos ingressou na Faculdade de Direito de Recife. Casou-se com Elza, com a qual teve 5 filhos. Sua esposa acreditava que ele era educador. Freire percebia a necessidade da educação, homem que valorizava o ser humano, o outro no respeito à sua dignidade. 

Paulo Freire criou círculos de culturas, conscientização, métodos de criação de ensino de alfabetização de adultos e abordagem com palavras geradoras. Ele era desafiador, dizia que primeiro se lê o mundo e depois se apropria do mundo. Em Angicos-RN alfabetizou em 40 horas 300 trabalhadores, em um processo de pesquisa empírica. 

Em 1963, Paulo Freire foi preso, no golpe militar, sua esposa sempre ficou ao seu lado. Ele vai para o exílio longe do Brasil, foi para a Bolívia e depois para o Chile. De acordo com relatos de sua filha, sua mãe foi peça importante para ele suportar o exílio e escrever o livro Pedagogia do Oprimido, que foi lançado em 1968. Obra considerada uma das mais importantes no mundo. Um ser cristão que demonstrava seu amor ao próximo. Morreu, em 2 de maio de 1997, deixando para o mundo um legado de liberdade e amor. Já ouviu falar das histórias de Paulo Freire? Apesar da grande dificuldade de compreensão no livro Pedagogia do Oprimido, foram muitas as dúvidas levantadas por conta de ser uma obra de difícil leitura. Para Freire, a opressão, que é um controle esmagador, é necrófila. Nutre-se do amor à morte e não do amor à vida.

Entendo que não aceita a transformação do educando fazendo com que ele seja dominado e impossibilitado de crescimento, foram muitos momentos de discussão para entender essa parte da obra. 

Pois então, vou lhe contar um pouco do que este homem fez pela educação: Freire foi um defensor dos educadores, fez trabalhos na área da educação, chamou a atenção para consciências de visão críticas e ativas, foi um professor além do ensinar, tinha uma consciência crítica transformadora e diferencial que aflora da educação como sua prática de liberdade, são muitos os feitos desse autor na educação. 

Não há docência sem discência, a ética no contato com o humano quando o educando participa da educação do aluno, o professor não pode transferir seus conhecimentos, mas pode criar as possibilidades de produção dos saberes, isso é apresentado e fica compreendido no livro Pedagogia da Autonomia. 

Que ainda destaca que nós somos seres em construção, então entendemos que a crítica epistemológica que nega a “educação bancária”, pois conhecer é sempre uma ação que supera a educação bancária e para Freire, ensinar exige pesquisa, é dever do professor e da escola o respeito aos saberes dos educandos. 

E como contribuição, chegamos ao mês de abril estudando os artigos que falam de contribuições de Paulo Freire na educação. 

No seminário apresentado por uma colega do componente, ela destacou o que foi observado, depois de ter se apropriado de um artigo que foi disponibilizado para leitura. Trouxe a abordagem de professores e alunos do campo. Na apresentação do vídeo seminário, temos no contexto da educação do campo a esperança de fazer a diferença na escola com a aproximação de campo escola, escola campo e escola comunidade, onde o trabalho teve como objetivo identificar a compreensão dos educadores sobre as práticas pautadas na abordagem freireana no contexto do PIBID. 

O Pibid realizou três intervenções na escola, com o objetivo de conhecer a realidade na prática de abordagem de temas pedagógicos com um trabalho interdisciplinar. Os educadores contam que a escola tem estruturas diferenciadas na educação básica, tem planejamento docente, profissionais de coordenação e apoio na convivência e leitura. Os critérios na escolha dos temas ficam a cargo de cada disciplina, e são eles, grade curricular, momentos históricos e eventos esportivos. O trabalho identificou que existe uma carência de reflexão de práticas que possam contribuir no processo da abordagem temática no contexto escolar. 

Outro trabalho, apresentado por outra integrante do componente, foi sobre uma atividade desenvolvida em quatro escolas de ensino médio. A discussão se deu com o objetivo de conhecer mais profundamente a formação dos professores da Ciência da Natureza, a partir da abordagem temática e da epistemologia do sul, falando sobre as dificuldades dos professores em desenvolver novas metodologias de ensino e a problematização em sala de aula.

Na discussão do trabalho, em sala de aula, foram levantadas algumas curiosidades, como: o que é esse tal de epistemologia do sul? 

No trabalho consta uma explicação muito interessante de Boaventura de Sousa Santos: “As Epistemologias do Sul são uma proposta epistemológica que pretende identificar, validar os conhecimentos nascidos nas lutas sociais, contra a opressão que, na época Moderna, foram fundamentalmente produzidas por três formas de dominação: o capitalismo, o colonialismo e o patriarcado. 

São epistemologias porque procuram validar conhecimentos, que não aqueles que estão validados pelas epistemologias do Norte. Desde o século XVII, as epistemologias do Norte têm vindo a construir a ideia de que o único saber científico é a ciência. Nessa altura, haviam dois outros conhecimentos, que rivalizavam com a ciência a hegemonia nas universidades: a filosofia e a teologia, agora dá pra entender melhor o que é epistemologia do sul. 

No decorrer do trabalho sobre epistemologias do Sul, os autores compreendem, a partir de Freire, que a realidade do educando deve ser o ponto de partida para uma educação. As ferramentas que foram usadas na criação do diário virtual, as atividades desenvolvidas foram de grande valia no momento em que as tecnologias estão avançando na utilização das atividades escolares. 

O Moodle foi a ferramenta utilizada, para a produção do diário virtual, para esta experiência no contexto de um estágio curricular supervisionado de um curso de Licenciatura em Química. A análise realizada pelos autores destaca que parte do conhecimento explicitado pelos graduandos refere-se à escolha do tema e conteúdo da Química a ser abordado e à organização das atividades em sala de aula, que por vezes se distanciam de uma perspectiva progressista de educação. 

Freire em sua caminhada deixou claro que os pais não podem omitir o diálogo com os filhos e professores, ninguém é sujeito da autonomia de ninguém, não podemos deixar de exercer a liberdade com responsabilidade, com olhares sempre atentos, os professores mostram suas qualidades sem medo de errar e se errar que possa corrigir sem causar nenhum tipo de dano aos alunos e com a frase “Ensinar não é transferir conhecimentos” encerro esta carta e me despeço com um arzinho de querer escrever mais, até breve. 

Referência: 

(https://www.ebp.org.br/epistemologias-do-sul/#:~:text=Boaventura%20de%20Sousa%20San tos%3A%20As,capitalismo%2C%20o%20 colonialismo%20e%20o)”, 

Epistemologias do Sul – EBP – Escola Brasileira de Psicanálise

Discente: Janimar Dias Nunes Santos, graduanda no curso de Licenciatura em Química, na disciplina eletiva de Estudos Freireanos e Ensino de Ciências, da Universidade Federal do Pampa-Unipampa no campus Bagé-RS 

Docente: Professora Renata Hernandez Lindemann 

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