Ano 05 nº 087/2017 – A construção da identidade em meio ao esquecimento
Discente: Juliana Mendes da Silva
Teoria Geral do Esquecimento – José Eduardo Agualusa
Memória Curta do Autor:
Agualusa nasceu no Huambo, Angola, em 1960. Estudou Silvicultura e Agronomia em Lisboa, Portugal. Hoje é jornalista e escritor. Já produziu 24 obras dançando entre poesias, contos, guias turísticos, romances, histórias curtas e crônicas. Seus livros estão traduzidos em 25 idiomas. Não sabemos a que escola literária o autor pertence, pois ainda não há categorizações na literatura pós-colonial africana.
Sobre a Teoria:
Deixada para trás pela irmã e pelo cunhado que fugiram no calor do estouro da guerra civil angolana pela independência de Portugal em 1975, Ludo emparedou-se em seu apartamento no Prédio dos Invejados, onde morava com Fantasma, seu cão. Com o passar dos anos, ela perde o cão, a visão e teme por perder a memória mesmo querendo perdê-la. Só duas pessoas sabem que ela está dentro do apartamento. Um mercenário e uma criança. O que há de acontecer a Ludo? Só o tempo dirá, se dela não esquecer.
O que há na Teoria:
A transmissão de cultura na África é oral, sempre do mais velho para o mais jovem. Em entrevista cedida a’O Globo, Agualusa enfatiza que a Revolução Angolana é recente, o país agora tem pessoas mais jovens que a própria revolução e que os mais velhos tornaram-se raridade. A mestre em Literatura e Interculturalidade pela UFPB, Elaine Cristina Guedes da Silva, em seu artigo sobre a obra afirma que a identidade depende do esquecer/lembrar para existir quando passado e presente se conectam para formar uma identidade. Ao trabalhar o esquecimento, as personagens tornam-se livres para adotar as identidades que mais lhe convém, bem como Angola. Acredito que ao ressaltar que precisamos falar da Revolução, Agualusa esteja tentando evitar o apagamento, o esquecimento, da batalha pela independência angolana e observamos o comportamento descrito por SILVA(2015) em Ludo e Carrasco(mercenário), respectivamente: ela tentando esquecer traumas passados mas tentando manter viva a memória de si mesma no enclausuramento, enquanto Carrasco guarda seu passado em uma caixa para adotar uma nova identidade que lhe permitirá viver em paz, longe dos fantasmas de seus erros, como afirma FREITAS(2014). Quando Sabalu(criança) encontra Ludo, ele a resgata do esquecimento de si própria, trazendo uma centelha de memória do mundo externo. Agora resta ler para saber o fim da história!
Boa leitura!
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Autora: Juliana Mendes tem 28 anos, é carioca, mas acha que é gaúcha, graduanda em Letras – Línguas Adicionais: Inglês, Espanhol e Respectivas Literaturas. Escreve desde quando sua memória permite lembrar e mesmo com a escrita, de muito não lembra. Cats for life! MEAW”
Bibliografia:
AGUALUSA, José Eduardo. “Teoria Geral do Esquecimento”, Foz, 2012.
José Eduardo Agualusa fala sobre ‘Teoria geral do esquecimento’ por Leonardo Cazaes, O Globo, 2012. http://blogs.oglobo.globo.com/prosa/post/jose-eduardo-agualusa-fala-sobre-teoria-geral-do-esquecimento-474309.html
SILVA, Elaine Cristina Guedes da. “NAS TRINCHEIRAS DO ESQUECER E DO LEMBRAR: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NO ROMANCE TEORIA GERAL DO ESQUECIMENTO, DE JOSÉ EDUARDO AGUALUSA.”, IX SELIMEL, 2015. http://2015.selimel.com.br/wp-content/uploads/2016/03/Elaine-gt-18.pdf
FREITAS, Gabriel Domício Medereiros Moura. – “O LUTO CONTINUA: AS RECONSTRUÇÕES DA MEMÓRIA EM TEORIA GERAL DO ESQUECIMENTO, DE JOSÉ EDUARDO AGUALUSA” (GELISC/UFPB), Cadernos Imbondeiro. João Pessoa, v. 3, n. 2, 2014.
http://periodicos.ufpb.br/index.php/ci/article/viewFile/21840/12855