Ano 08 nº 084/2020 – #TBT com poesia de Giuliana Bruni
Giuliana Bruni é jornalista, radialista, educadora e poeta. Ela planta ideias e sensibilidades na cidade de Bagé (RS). Plantou muitas no LAB – Laboratório de Leitura e Produção Textual, ensinando a equipe do Junipampa.info, em 2015, sobre jornalismo digital e literário. Mas o TBT de hoje não vai falar da Giuliana oficineira do LAB; vai apresentar a Giuliana poeta de 2012, nos quatro poemas então publicados no Junipampa.net. Que Giu continue semeando palavras!
Giuliana Bruni em oficina de Jornalismo Digital para a Equipe do LAB 2015
Foto: Mariane Rocha
POEMA 1
O intrínseco do subentendido
Sorrisos falsos fingem
alegria de viver
maquiada
entre os olhos os olhos os lábios
as bocas sorriem
As bocas na foto
traduzem felicidade
as almas
da foto
não se podem ver
Mas posso ler
falsidade
alegria alguma existe
Nessas bocas e bocas
e olhos
que bebem da vontade de beber
que fumam e tragam a vontade
de voar
Fogem e fodem
fora desse mundo
porque ele não aceitam
Felicidade. Há.
Felicidade não há.
Na bebida, no cigarro e no desamor.
Há no fim, desilusões
de toda ilusão consumida
e bebida com olhos verozes
da fome da fome e da fome
de enganação.
POEMA 2
A chuva caía.
Era noite.
Vi o menino dos olhos claros na chuva.
Quis ajudá-lo.
Quis protegê-lo.
Mas o silêncio que vinha dele era gritante.
Nada fiz.
Calei.
POEMA 3
Queria vomitar
vomitar tudo em palavras
em frases
orações
declarações.
Mas calava
engolia
comia
o vômito e a ânsia.
A ânsia de encher a boca com palavras
A ânsia ficara trancada no estômago.
POEMA 4
O mundo da literatura é a fuga perfeita.
Não há drogas ou cigarros.
E se houver desamores… que doam inteiros
se doam inteiros
Porque o ferimento sangra, na literatura
O corte é sempre profundo, na melancolia
Mas a literatura salva porque cura, faz doer
mas faz adormecer
E faz instigar todos os maiores prazeres: o mundo da fuga.
“O mundo é perfeito.”
Giuliana Bruni em atividade prática da oficina para a equipe do LAB 2015
Fonte: Arquivo LAB