Ano 04 nº 047/2016 – Resenha de “Diálogos Culturais”

Felipe Laud

Ao segurar a revista em mãos, a foto de capa dos pequenos indígenas da aldeia Mbyá Guarani é um convite irrevogável para adentrar-se as 35 páginas repletas de histórias, vivências e trocas culturais. Já impactado pelo olhar das crianças, a procura por outras sensações, se encarrega de folhear página por página. A disposição dos textos e fotografias é muito bem amarrada e nos traz uma sensação agradável de leitura. O casamento das cores com as imagens muito bem escolhidas preenche a nossa retina de vida e a nossa alma de cultura.

Nas páginas iniciais é possível compreender a relevância do jornalismo, literatura e cinema para a construção de ações possíveis e multidisciplinares, capazes de produzir experiências que se entrelaçam e constroem novos paradigmas.

Destaco os relatos da viagem à aldeia Tekoá Koenju, no interior de São Miguel das Missões. É perfeitamente possível enveredar pelos caminhos e descobertas junto com os alunos e professores. Entender os posicionamentos da mulher indígena frente a algumas questões fundamentalmente relevantes, como gravidez, casamento e sexualidade, é acima de tudo, perceber o quanto precisamos nos despir de preconceitos que ainda estão internalizados; deparar-se com uma outra cultura é saber lidar com expectativas, frustrações, é entender o quão difícil é compreender a perspectiva do outro e a nossa atuação olho no olho, enquanto seres livres e possuidores de mundos particulares; o contato com as crianças indígenas mostra particularidades de um comportamento que deveria ser inerente a todos nós: preocupar-se com o próximo. Por todos esses aspectos e muitos outros – só revelados por quem se aventurar nas maravilhosas narrativas dessa viagem multicultural – vale a pena reservar alguns minutos de leitura.

Ao passear pelas páginas da revista, é possível entender como as ações do LAB contribuíram para o fortalecimento de grupos sociais, como os moradores do bairro Ivo Ferronato. Conhecer suas histórias de luta é enxergar um pedaço da cidade que muitos ainda não sabem que existe. Através do relato da irmã Joanita e do seu Jandir, foi possível compreeender o quanto essa comunidade é importante para a cidade e como ela pode servir de referência para entendermos o real significado do que é memória, identidade e espírito comunitário.

Reitero o belo trabalho fotográfico. Ver páginas inteiras recheadas de imagens nos dá uma sensação de imersão completa na história. O que dizer sobre a foto do cantor Richard Serraria? Parece que estamos na primeira fila da plateia, contemplando o show. É incrível como podemos nos transportar para esse momento e nos conectar com o passado e o presente através dos sons ecoados pelos instrumentos.

Nas páginas finais, nos deliciamos com a magia do teatro e o seu poder de transformação da sociedade. A partir das fotos, podemos imaginar como é estar na apresentação, onde tudo pode acontecer. Ainda mais quando é o palhaço o centro das atenções.

Ao fim da leitura da revista “Diálogos Culturais”, percebemos o quanto sabemos pouco da realidade do outro que convive conosco. Ter a publicação em mãos é uma oportunidade para exercitarmos a empatia. E mais: é uma chance para nos conhecermos melhor. Através das narrativas inspiradoras da revista, compreendemos o quanto ainda precisamos desbravar outros territórios e fronteiras para conhecermos pessoas e histórias incríveis. Tudo com base em um diálogo desprendido de preconceitos e indiferenças.

Mal posso esperar por outras viagens como essas!

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