Ano 08 nº 176/2020 – Radicalizar
Imagem: Marília Castelli
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Por Pedro Lucas Porcelli
Seis meses. 90 mil mortes. Essa é a situação atual que estamos vivendo.
Veja bem, enquanto a pandemia na verdade apenas aprofunda uma crise que já existia, apenas intensificando o sofrimento de quem realmente a sente, aqueles da qual recebem o soco no estômago proveniente dessa crise possuem classe e raça muito bem definidos e,
perceba, que essa condição não é algo que foi compreendido hoje, não é uma novidade. Afinal, o primeiro caso de COVID no Brasil foi de uma empregada doméstica negra que contraiu o vírus dos seus patrões que recentemente haviam voltado de uma viagem para o exterior.
E assim nós seguimos com meia dúzia de gatos pingados, fazendo uma pseudo quarentena. Mal havia-se mencionado a quarentena e havia patrões insatisfeitos com a proposta de isolamento, assistimos incrédulos figuras elementais do governo proporem um auxílio de $200 reais e a burguesia (sim, burguesia de verdade) choramingar que devíamos reabrir o comércio e inclusive fazer seus trabalhadores “implorarem” por reabrir o comércio. Não muito depois, estavam bradando que precisávamos flexibilizar a quarentena, com uma miséria de ações concretas para conter a crise.
Recentemente, segundo a Oxfam, vimos que o lucro dos bilionários brasileiros cresceu $34 bilhões de DÓLARES, na pandemia¹. Logo de saída, o Guedes liberou 1,3 TRILHÕES para os bancos. Vale lembrar também que durante aquela vergonha que foi aquele vídeo da reunião ministerial, Guedes comenta que “(…) agora, nós vamos perder dinheiro salvando empresas pequenininhas”²
Diante da situação de em média de mais de 1.000 óbitos por dia, o país sendo recordista em número de mortos por COVID-19, desmonte da saúde pública, privatização do saneamento básico, desemprego galopante… é decidido flexibilizar a quarentena. Mesmo que a expectativa do presidente do Conselho Nacional de Secretários da Saúde é que, nos próximos quatro meses, mais de 60.000 vidas sejam ceifadas, fechando na cifra de 150.000 mortos até o final de 2020.
Temos, em mortos, o equivalente a três quedas de avião Airbus A380, POR DIA. Três quedas de avião por dia, sem sobreviventes. Se fosse uma epidemia de quedas de avião, todo o tráfego aéreo estaria suspenso sem discussão, em todos os Jornais estaríamos discutindo propostas e apontando culpados. O fato disso não estar acontecendo, não é uma culpa específica do governo do Bolsonaro, mas de um plano e projeto político pautado na individualidade e da qual escolhe que é mais importante salvar a economia do que salvar a vida dos seus cidadãos, que por mais que seja relembrado durante o Jornal Nacional que sobre o direito à saúde, no outro dia está defendendo cortes orçamentários da saúde, como a EC-95.
A Política, enquanto não abraçada por nós, mata. Os interesses do povo do campo, do trabalhador, da mulher, do povo negro, são sempre colocadas em segundo plano, em detrimento dos interesses da elite. Se a situação atual não está te radicalizando, te mobilizando a buscar organização, a buscar informação, e fortalecer o pensamento coletivo em defesa do que realmente interessa à população, de garantir teto, saúde, educação, soberania para o nosso país e pro nosso povo, você não está compreendendo o que está acontecendo atualmente.
1 https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/07/27/patrimonio-liquido-debilionarios-brasileiros-cresceu-us-34-bilhoes-na-pandemia-diz-oxfam.ghtml
2
https://veja.abril.com.br/blog/radar/guedes-mergulha-apos-falas-na-reuniaoministerial/
Pedro, é latino americano e escreve códigos para pagar as contas. Constrói a
Unidade Classista e bate boca pelo software livre.