Quando a palavra militância passou a ser algo pejorativo

Por Leticia Leites Carneiro

Muito é visto nos dias atuais causas distintas e muito importantes sendo colocadas  em pauta – dando voz a muitas pessoas antes excluídas ou inferiorizadas na sociedade, às vezes até perseguidas – o que é um grande avanço. Mas junto a isso, é visto pessoas que prejudicam de certa forma muitas causas, em nichos na qual nem sequer são inseridas.  Tenho então, como objetivo mostrar um exemplo de como a palavra “militância” passou a  ser algo pejorativo e fazer as pessoas questionarem se é possível reverter essa situação,  antes que a real militância que participa assiduamente para defender seus ideais seja  prejudicada de forma irreversível. 

Para falar sobre isso, irei usar dois exemplos de experiências que vivi, duas  perspectivas de militância, a que impõe e a que ensina, e vou expor elas aqui. 

Nesse sentido, a primeira experiência foi: a pessoa impôs o seu ideal, e, sem muita  explicação, colocou aquilo como verdade absoluta – o que acabou gerando, ao invés de uma  conversão à causa, um motivo de piada. Muitas pessoas não levaram a sério e seguiram suas vidas como se o assunto tivesse entrado em uma orelha e saído por outra – ainda sendo caracterizada como alguém lacrador e militante. Condutas como essa podem ser  “justificadas” com o motivo de estar de “saco cheio” de ensinar sobre a mesma coisa  múltiplas vezes, mas na verdade isso só acaba por manchar uma causa, que várias pessoas  demoraram muito tempo para dar voz ou visibilidade. 

Por outro lado, a segunda pessoa, ao invés de impor sua verdade sobre o mesmo  assunto anterior, explicou com cuidado e muita calma – foi visível a diferença. Onde  anteriormente estavam desviando o olhar e suplicando para que o assunto acabasse  rapidamente, agora estavam entretidos com o assunto, gerando dúvidas que foram sanadas  rapidamente pela pessoa que manejava com cuidado um assunto tão delicado e cheio de  termos técnicos. O efeito dessa conversa curta, por sua vez, foi algo revelador, foi possível  ver o outro lado de um assunto que antes poderia ser motivo de piada e, de uma forma mais  leve, acabou convertendo “sem querer” algumas pessoas. 

É importante, então, se perguntar: quando estou ajudando ou atrapalhando uma  causa? Quando minha conduta ridiculariza uma causa? Entrar para a militância é uma escolha? Estar no lugar de ensinar é uma escolha?

Letícia Carneiro, caloura de Letras – Línguas Adicionais, grande observadora do cotidiano e amante da literatura por hobby.

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