Ano 06 nº 058/2018 – Política Linguística nossa de cada dia

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Por Flávia Azambuja

Pensar em Políticas Linguísticas (PL’s) pode ter duas dimensões, que aqui chamarei de local e global. Nesse texto, trago exemplos de Políticas Linguísticas nesses dois âmbitos. Começarei pelo local, mas é inevitável falar como minhas práticas locais se relacionam com PL’s mais amplas, tais como leis.

Explicar as escolhas de sala de aula não é uma tarefa fácil, mas focalizarei em algumas, são elas: minha concepção de língua, a temática escolhida e meu entendimento do que seja texto.

Começo pela concepção de língua que vai impactar diretamente em minha prática, por isso é tão importante trazer à tona, o que muitas vezes não é explicitado. Entendo língua como prática social, entendimento que vai se relacionar com o que dizem os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), por exemplo. A partir dessa concepção, os falantes usam a língua para interagir, para fazer coisas no mundo, nessa prática, minha intervenção de mestrado, os alunos pensam nas representações de mulher em músicas para produzir e organizar uma exposição multimidiática.

Exposição que me leva a falar sobre minha segunda escolha, a temática. É evidente que há um desejo pessoal por tratar o tema, sou feminista e acredito que as questões de gênero devem ser sim discutidas em aula. No entanto, tratar tal temática vai de encontro ao projeto de lei “Escola sem Partido”, por exemplo, que visa que questões como essas sejam discutidas em aula. Poderia discutir os interesses em retirar tais questões da sala de aula, mas isso daria outro texto. E justamente quando surgem ações como essas que mais precisamos discutir tais temáticas.

Por fim, trago minha concepção de texto, em que entendo que devemos trabalhar com gêneros discursivos, os seja, textos que circulam socialmente, o que também vai ao encontro dos PCN’s e da Base Comum Curricular. Além disso, a escolha por músicas também se relaciona com a Base, já que há indicação para se trabalhar com textos multimodais, ampliando o que os alunos entendem por texto, sendo em geral texto escrito verbal. Ainda segundo a Base, os interesses dos alunos devem ser considerados, o que foi levado em conta para a escolha do gênero. Também escolhi, por crenças pessoais, por achar que precisamos refletir mais sobre textos que circulem socialmente e que, em geral, não “exigem” reflexão.

Políticas Linguísticas então são ações que dizem respeito à língua, podem ser conscientes ou não, o que significa dizer que temos Políticas Linguísticas em nossas casas, quando corrigimos nosso filho; na televisão, quando os personagens de novela falam de uma determinada maneira dependendo da classe social que ocupam; nos jornais impressos, quando se posicionam sobre o livro didático que traz variação linguística; nas músicas, quando optam por marcar determinada variação linguística ou não; ou seja, em todo o lugar. Aqui trouxe minhas Políticas Linguísticas de sala de aula, que tento explicitar, e você já parou para pensar em suas Políticas Lingüísticas?

 

Foto: Flávia Azambuja (Representações de mulher, visões dos alunos)

Quer saber mais sobre a imagem? Clica no link abaixo e descubra. 

https://flaviaza1.wixsite.com/mulheremusica

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