Ano 09 nº 042/2021 – O frio geometriza as coisas…
Por Stéfany Solari Maciel
Uma frase do cubano Alejo Carpentier define vários momentos
certos momentos que andam incertos
mesmo no frio que geometriza as coisas
na região da campanha gaúcha
eu na frente da lareira, em um dia de uma chuva fria
assistindo o frio chegar e a chuva
geometrizando todos cenários pampeanos possíveis
em meio a tanta turbulência que estamos vivendo
Pandemia, covid-19, nuvem de gafanhoto, crise econômica, crise política
Uma crise mundial capitalista,
mas também refletindo como uma crise pessoal para todos.
Nesse período pandêmico
procurei ficar mais próxima de mim
Aproveitando a introspecção da estação mais fria do ano
Busquei diretamente me conectar com a natureza,
pois estamos cada vez mais afastados dela
e de nossa relação com ela
esquecendo da nossa essência
dando prioridade ao avanço tecnológico
e esquecendo que somos feitos de água, ar, fogo e terra
nos desconectando com a humanidade.
O que vemos na pandemia?
É a perda da nossa essência
Nossos antepassados previam cada temporal
Muitas vezes com um simples toque na terra
Esquecemos até mesmo nossos antepassados
Permitimos até mesmo que eles sejam dizimados
Todos os dias.
Os dias passam rápido ou lentamente
Dependo do ponto de vista
Não honramos mais nossos abuelitos
Maltratamos nossa pachamama
Envenenamos nossos rios, campos e florestas
Achamos que estamos em paz
Mas estamos apenas geometrizando um modo de vida.
Mini bio: Stefany é formada em letras pela UNIPAMPA, e atualmente cursa especialização em educação (UFPel), e mestrado em história da literatura (FURG). “A arte e a ciência, a paixão e o pensamento, a representação e a apresentação, a diferença e o parecido também se dão assim – nas fronteiras, em travessia.” (Wilberth Salgueiro em O que é literatura de testemunho.)