Ano 07 nº 003/2019 – Mágoa
Por Manuella Tellechea Delgado
A raiva é o sentimento que mais me assombra. Ela sempre está lá. É como ter um fantasma lhe assombrando no decorrer dos anos.
Ela fica escondida no canto mais sombrio do seu coração, ela espera até finalmente uma brecha aparecer e, finalmente, explode tudo a sua volta como uma bomba-relógio.
A minha raiva é assim pelo menos, ela espera o momento e, como uma serpente no meu interior, vem rastejando aos poucos, sorrateira, esperando até poder dar o bote.
E quando ela chega… é como uma picada forte no coração, ela logo evolui para o ódio. A “serpente” se enrola em meu peito, enchendo-o de veneno, destruindo os bons sentimentos e transformando-os em mais raiva, mais veneno, em uma serpente maior ainda.
E muitas vezes, eu, intoxicada de veneno, o espalho pelo mundo, transformando tudo no caos que a minha serpente adora observar, que a parte mais sombria de mim sente prazer em ver.
E sabe o que é o pior? A minha serpente a cada dia aumenta e me envenena.