ATIVIDADES DE ENSINO REMOTO EMERGENCIAIS: PROBLEMATIZAÇÕES E ALGUMAS REFLEXÕES

Por Claudinei Moncks Fernandes

Desde o início da pandemia, as interações entre professores e alunos têm acontecido em outro espaço que não é a escola, as aulas em sala de aula foram substituídas por encontros em plataformas digitais e a interação entre ambos acontece digitalmente. Será que essa mudança de espaço afetou o processo de aprendizagem dos estudantes? Você possui uma opinião sobre o ensino em espaços digitais no período pandêmico? 

Pretende-se responder a essas perguntas e muitas outras, buscando estudos científicos que tenham pesquisado sobre este assunto tão caro para as pessoas e, principalmente, para a educação nos dias atuais. No final, espera-se que você possa não só responder as duas perguntas iniciais, mas que tenha conseguido adquirir um conhecimento mínimo sobre o assunto, para ter sua própria opinião. 

Segundo Leffa (2005), os estudantes se sentem sozinhos durante o processo de aprendizagem, pois o contato com os colegas torna-se mais limitado, comparado com as atividades presenciais. No entanto, em estudo realizado pelo pesquisador, os estudantes não demonstraram o mesmo sentimento de solidão quanto à interação com o docente. Na pesquisa, constatou-se que os estudantes se sentiram mais livres dentro do ambiente digital e construíram um conhecimento compartilhado com os colegas. 

Ainda, no mesmo estudo, um ponto muito importante apresentado por Leffa é o contato dos estudantes com os aparelhos tecnológicos, pois muitos deles enfrentam inúmeras dificuldades e acabam não conseguindo acompanhar o andamento dos componentes curriculares, prejudicando seu processo de aprendizagem. A falta de acesso à internet e aos aparelhos tecnológicos é um fator que também merece nossa atenção, pois, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL divulgados em 2018, apenas 9% dos brasileiros possuem computador, sendo esses ocupantes das classes D e E.

Nesse contexto, as atividades de ensino remotas fortaleceriam ainda mais a desigualdade social e dificultariam o acesso à educação? Tendo em vista que uma porcentagem muito pequena da população possuía acesso aos aparelhos tecnológicos no ano de 2018 e, mesmo que esse dado estatístico tenha mudado, será que os cidadãos que possuem os aparelhos têm condições de mantê-los conectados à internet? 

Embora as atividades de ensino no espaço digital apresentem seus aspectos negativos, uma coisa ficou muito clara: os estudantes sentiram-se mais livres e puderam ser protagonistas no seu processo de aprendizagem. Segundo Sahagoff (2019), com o uso das tecnologias, o estudante desenvolve seu papel de protagonista no processo de aprendizagem, passando a ser o responsável e comprometendo-se mais nas atividades do que em um ensino tradicional. Sendo assim, torna-se necessário se pensar em formas de implementação das metodologias ativas no percurso escolar dos nossos estudantes. 

O uso das metodologias ativas concentra-se em deixar o estudante desenvolver seu próprio processo, isto é, ser o responsável pelo seu processo de aprendizagem, contando com o professor como um suporte, como um tutor no processo e não como um expositor dos conteúdos que devem ser memorizados, como acontece nas metodologias utilizadas tradicionalmente. Assim, podemos pensar em formas de tornar, os nossos estudantes, mais presentes no processo de aprendizagem, com metodologias que despertem o sentimento de autonomia do estudante, uma participação mais ativa, obtendo resultados significativos no seu processo de aprendizagem; e o mais importante: ele mesmo ser o responsável pelo sucesso obtido e conseguir perceber isso. 

E agora, o que você pensa sobre o ensino remoto e sobre as propostas de metodologias ativas? 

Referências 

LEFFA, Vilson J. Interação virtual versus interação face a face: o jogo de presenças e ausências. Trabalho apresentado no Congresso Internacional de Linguagem e Interação. São Leopoldo: Unisinos, agosto de 2005. 

SAHAGOFF, Ana Paula da Cunha. Metodologias ativas: um estudo sobre práticas pedagógicas. In: JUNIOR, Jacks de Mello Andrade; DE SOUZA, Liliane Pereira; DA SILVA; Neidi Liziane Copetti. Metodologias ativas: práticas pedagógicas na contemporaneidade. Campo Grande: Editora Inovar, 2019 

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Fonte: Canva 

> Nome do autor 

Claudinei Moncks Fernandes, discente do 5º semestre do curso de Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa, da Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA, campus Jaguarão; bolsista de iniciação científica no Programa de Educação Tutorial – PET Letras, Jaguarão. 

> Componente Curricular 

Produção Textual Acadêmica em Língua Portuguesa, ministrado pela Profª. Drª. Jorama de Quadros Stein.

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