Ano 12 Nº 009/2024 – Dossiê Temático XIV Festival Internacional de Cinema da Fronteira
Por: Wagner Previtali
Organizador: Wagner Previtali
O Festival Internacional de Cinema da Fronteira surge em 2009 idealizado por Zeca Brito, atual diretor artístico do festival. Tem no Centro Histórico Vila de Santa Thereza sua sede e berço, mas seu território segue em expansão, tendo sua primeira edição internacional em 2011. Iniciando como uma mostra de curtas-metragens, se diversifica passando a exibir publicamente longas-metragens nacionais e internacionais e contando com mostras de categorias distintas para os curtas-metragens: regional, internacional ou animação.
Durante a décima quarta edição foram apresentados – em exibições públicas e gratuitas – 12 longas-metragens em competição, alguns ainda inéditos no país e que escolheram Bagé e o festival como sua porta de entrada para o Brasil. Também foram exibidos 64 curtas-metragens e 4 longas-metragens fora de competição, estes últimos possibilitando o acesso a filmes de outras épocas do cinema, para além da produção audiovisual contemporânea. Nessa edição estiveram presentes filmes produzidos por estudantes de escolas públicas e universidades, novas e novos realizadores, cineastas experientes e renomadas, realizados em diferentes países como: Brasil, Uruguai, Argentina, Cuba, México, Portugal, Alemanha, Inglaterra, entre outros.
Este Dossiê Temático surge da parceria, sempre renovada, entre a Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) e o Festival Internacional de Cinema da Fronteira. Essa e outras parcerias possibilitam diferentes atuações do festival na cidade e região, entre exibições de mostras, oficinas, projeções em praças públicas, deslocamento, e espaços de reflexão sobre a fruição cinematográfica, esse último sendo o caso desta publicação. Os textos que compõem esse dossiê foram desenvolvidos por membras e membros do Sociedad Cineclub de Fronteira, projeto coordenado pela professora Clara Dornelles, do curso de Letras Línguas Adicionais da UNIPAMPA em Bagé e pela educadora audiovisual e cineasta Adriana Gonçalves. As resenhas produzidas abordam alguns longas-metragens exibidos durante o XIV Festival Internacional de Cinema da Fronteira.
Considero que o festival de cinema exalta aquilo que Michel de Certeau compreende que a fronteira pode ser, um local propício para trocas e encontros. A cada edição o festival realiza atividades formativas, além das exibições, que promovem o contato dos habitantes de Bagé e região com importantes expoentes da cultura audiovisual e cinematográfica. Nesses encontros foi possível, por exemplo, realizar uma oficina de atuação com a atriz brasileira Zezita Matos, participar de uma palestra sobre roteiro com a roteirista e professora cubana Xenia Rivery, e caminhar pelas praças de Bagé com o cineasta Luiz Rosemberg Filho e o crítico de cinema e ator naturalizado brasileiro Jean-Claude Bernadet.
Sem dúvida a atuação do festival se coloca como provocadora para a cultura audiovisual no município, convergindo com ações educativas e culturais como o Festival Carlitos de Cinema Estudantil realizado há vários anos na Escola de Ensino Médio Professor Carlos Kluwe, e a Mostra competitiva de curtas que integra a gincana anual no Instituto Federal de Pesquisa, Ciência e Tecnologia Sul Rio Grandense.
Os textos que compõem este dossiê foram escritos por estudantes e professoras da UNIPAMPA e por pessoas envolvidas na realização do Festival Internacional de Cinema da Fronteira. O texto “Além das Telas: O Caminho do Festival de Cinema da Fronteira”, da jornalista Alana Portella, apresenta o histórico do Festival Internacional de Cinema da Fronteira, recheados com a fala do diretor artístico, Zeca Brito. Já em seu texto, “Cinema e Educação: Caminhos e Encontros no FICF”, Adriana Gonçalves nos compartilha um pouco de sua experiência no campo de atuação que junta o cinema e a educação. O texto “El Filo de las Tijeras” foi escrito por Mirela Meira e aborda o filme de mesmo nome exibido no festival que acompanha o relacionamento de três homens. Já “O Sucesso e o Abstrato” de Ana Cristina Miranda apresenta o documentário que explora a vida de Flávio Chaminé, importante músico nascido em Porto Alegre. E em “O dia que eu te conheci”, Maria Carolina Oliveira apresenta o longa-metragem ficcional que aborda o desenrolar de uma relação a partir de um encontro ao acaso.
O Festival Internacional de Cinema da Fronteira seguirá fazendo parte de Bagé, repleto de histórias para contar e pessoas para receber, sempre fortalecendo a presença da sétima arte na região e promovendo encontros possíveis entre pessoas de diversas regiões do país e do mundo.
Legenda:
Cartaz de divulgação do XIV Festival Internacional de Cinema da Fronteira, apresentando a temática da edição “Profundo Brasul Profundo”, conta com uma adaptação de uma pintura de São Sebastião pelo artista bageense Glauco Rodrigues, design realizado por Léo Lage.
Wagner Ferreira Previtali é Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal de Pelotas e bacharel em Cinema e Audiovisual pela mesma instituição. Estudante das imagens e pesquisador dos encontros, atua desde 2017 como artista visual, fotógrafo e videoasta. No cinema atua como diretor e produtor, com curtas-metragens exibidos e premiados em mostras e festivais e em 2023 recebeu o Prêmio Braguay de Arte Contemporânea.