Ano 08 nº 067/2020 – A Sociedade dos Papagaios
Fonte: https://livrolevesolto.wordpress.com/2014/10/24/charges-para-rir-chorar-e-pensar-a-politica-dos-nossos-dias/
A Sociedade dos Papagaios
Por Hugo Ricardo Lengert
Todos verdes, aprumados, cada um
no seu devido lugar, empoleirados.
Nada questionam, nada esperam,
tudo o que sabem é o que lhes disseram.
Desde pequenos, na tenra idade, a repetir
inúmeras vezes as suas eternas verdades.
Na escola, no trabalho, dia após dia após dia,
são as mesmas palavras, os mesmos versos,
a perpétua cacofonia de uma horrível melodia.
Todavia, ouve-se a cantoria de um pássaro
negro a interromper o papaguear.
Não é ave como o papagaio se não repete o
verde e interminável rosário, não é pássaro
de confiança se voa livre como quem dança.
A ferros os verdes vão lhe prender, e de agora
em diante escravo deles o negro há de ser.
Pássaro negro não vai voar, da terra dos
papagaios não há meios de escapar.
Verde é a mais linda cor, desde pequeno
todo papagaio repete essa lema com ardor.
Verde todos deviam ser, se não, na cor das plumas
pelo menos na alma e no jeito obediente de ser.
Entretanto, ouve-se o canto de um pássaro
colorido a interromper o papaguear.
Não é ave como o papagaio se não repete o
verde e interminável rosário, não é pássaro
de confiança se voa feliz como quem dança.
Com insultos e violência os verdes vão lhe
discriminar, e o colorido aprenderá como se portar.
Pássaro colorido não vai voar, da opressão dos
papagaios não há meios de escapar.
Verde é a mais linda cor, verde todos deviam ser.
Todos verdes, aprumados,
cada um no seu devido lugar,
empoleirados.
Hugo Ricardo Lengert é aluno de Letras Português da UNIPAMPA Polo UAB Esteio