Ano 08 nº 066/2020 – A quarentena em sete aprendizados

image1Fonte: Revista Oeste
                                                                                                                       Por Willians Barbosa
 

A humanidade está passando por um período inédito na história, contabilizando quase duzentas nações inteiras em quarentena. Cada lugar tem suas especificidades próprias: alguns apenas com os serviços essenciais em funcionamento, outros apostando no lockdown, que consiste no isolamento total, escolas se adaptando ao ensino à distância. Enfim, cada esfera de nossa vida está sofrendo adaptações por conta do novo coronavírus. A partir dos novos hábitos adotados, lições são aprendidas. Essas são as minhas em particular:

 

Higiene é fundamental: um tema sobre o qual aprendemos desde os primeiros anos de escola, mas que, ao percorrer dos anos, acabamos esquecendo seus fundamentos. A higiene é arma eficaz contra a covid-19 e, nesses últimos meses, relembramos o quanto ela é importante e gostosa. Afinal, nada melhor do que lençóis limpinhos na cama, do que aquela sensação de frescor nas mãos após as lavarmos bem, entre outros.

 

Os olhos são a janela da alma: entre os novos hábitos, está o uso de máscaras. A princípio, de difícil adaptação, tivemos que nos acostumar a ver e a mostrar apenas os olhos em interações fora de casa, no comércio, no transporte. O olhar, nessa conjuntura, ganhou nova significação.

 

A falta de afeto nos afeta: questão quase unânime, até mesmo entre aqueles que não são de compartilhar afeto, a pandemia mexeu conosco pela exigência de isolamento social. Eu, particularmente, que já vivia em uma espécie de quarentena antes dela começar oficialmente, senti muito por um longo período por não poder visitar minha mãe e amigos.

 

Novas formas de interação ganharam corpo: tendo que ficar em casa para não propagar o vírus, novas formas de interação vieram à tona. Nesse período, eu participei do webversário de uma amiga a partir do zoom, que é um site de reunião virtual, e jogamos gartic, que é um jogo online. Também assisti a uma série na Netflix com uma outra amiga à distância: dávamos play no mesmo instante, e íamos comentando a produção por WhatsApp.

 

Todo excesso é um mal: com mais tempo em casa, toda nossa rotina teve que ser revista, junto com nossos hábitos. Nas primeiras semanas da crise, eu, assim como muita gente, estava consumindo muita informação sobre o vírus, sobre o avanço da doença, sobre o número de mortes pelo mundo, etc. Até que, a partir de um momento, percebi o quão maléfico isso era. Ainda hoje, procuro não passar um dia inteiro sem me informar sobre, mas sem nenhum excesso, em nome de minha saúde mental.

 

Como cidadãos, continuamos negligenciados: com a paralisação de vários setores que movem a economia, empregos foram perdidos, fontes de renda se escassaram, profissionais autônomos se viram sem direção. A solução das autoridades para o caso brasileiro foi o pagamento de um auxílio emergencial, parcelado em três vezes. Só que, o que era pra ser uma ajuda, virou uma grande esculhambação, com filas enormes nas Caixas Econômicas Federais, com cidadãos se humilhando por um dinheiro que é seu de direito. O caso da influencer Pugliesi é outro exemplo que tivemos de desconsideração à vida.

 

E, por último, a vida é coisa frágil: ensinamento clichê, mas verdadeiro. Passamos a notar o quanto a vida é rara. Consideramo-nos a espécie dominante no planeta, porém um vírus que nos é invisível a olho nu é capaz de causar uma devastação enorme, com impacto na economia mundial. A doença se aproximou de todos nós, e números se tornaram mais do que apenas dados – mas sim em vidas, principalmente de profissionais de saúde e idosos. Somente pela falta do uso de máscara, corremos risco de contrair um vírus fatal.

Formado em Jornalismo pela Universidade da Região da Campanha, Willians Barbosa tem 26 anos, nascido e reside em Bagé. Escorpiano com ascendente em Peixes. Escritor procrastinador. Ocupa seu tempo com tudo que tenha a ver com cultura, desde livros e gibis até filmes, séries e música. Desde que iniciou a quarentena, vive em constante crise existencial.

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