Ano 05 nº 095/2017 – A Montanha Mágica

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Daniela Moro – Acadêmica de Letras Línguas Adicionais

Der Zauberberg

Thomas Mann

 

O que pode ser retratado da elite europeia reunida em um sanatório para tuberculosos em contexto de pré-guerra? Em 1924, Thomas Mann (1875-1955) resolveu discorrer sobre o Tempo e a morte ao publicar o livro que ele elegeria, mais tarde, como o favorito de sua autoria. Sagaz é pensar que A Montanha Mágica triunfou entre livros como o premiado Os Buddenbrook (1900) e o aclamado Doutor Fausto (1947). Ainda mais sagaz é pensar que o romancista mestiço, filho de pai alemão e mãe brasileira, é conhecido pelas críticas simbólicas à alma europeia através de histórias modernizadas, alemãs e bíblicas, assim como fizeram Goethe, Nietzsche e Schopenhauer.

O livro se passa em um sanatório no alto de uma montanha, onde pessoas com muito dinheiro e de diversas partes da Europa se encontram para tratar sobre tuberculose. Naquela época – final do século XIX e início do século XX – a doença era relacionada, pelos ricos afetados, à melancolia, ao mal do século, diretamente associada ao estado de espírito dos doentes. Mas os operários da revolução industrial, tuberculosos em demasia, dificilmente tinham condições de tratá-la, visto que, para tal, era necessário uma boa alimentação e repouso em ambientes altos, de ar rarefeito e seco.

A partir desse cenário, o leitor passa a acompanhar a trajetória do incrível Hans Castorp à montanha, onde deseja passar três semanas com seu primo Joaquim, um soldado alemão infortunado pela doença. O jovem promissor, bem apessoado e cultivador do desenvolvimento pessoal, será perseguido pelo narrador do livro, que faz um trabalho (quase) onisciente de saber o rumo que a história terá – mesmo que os personagens não o saibam – e fascinante de direcionar-se abertamente ao leitor e trazer quebras humorísticas ao longo de todo o livro. Assim como Castorp, o leitor conhecerá personagens deveras encantadores de todos os cantos da Europa: o italiano humanista Settembrini, seu nêmesis, um judeu convertido ao catolicismo, chamado Naphta, o interesse amoroso Clavdia Chauchat juntamente aos russos aristocráticos e ordinários e, não menos impressionante, o imponente holandês Peeperkorn. Eloquências humanísticas, exortações terroristas e balbuciares dionísticos inundam Castorp, assim como o leitor, mas jamais o afogam.

A Montanha Mágica poderia ser a epopeia da doença. Vêm os afetados para seu sanatório com a crença de que durará algumas semanas, alguns meses, mas o jogo do Tempo envolve toda a vida. Nessa brincadeira, minutos podem ser contados em dezenas de páginas, um dia, em centenas. Anos podem transcorrer em poucas palavras. Tudo depende da medida de tempo que o leitor vivenciar. Seja qual for a experiência, A Montanha Mágica é capaz de transcender o leitor à dicotomia paraíso/inferno que ela representa perante o jovem Castorp, que, ao final do livro, dado em aberto, já não é mais tão jovem assim.

 

Localização do livro na biblioteca da Unipampa – campus Bagé: 833.91 M281m

  Número para reserva: 00063445

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