Ano 09 nº 137/2021 – Animais em zoológicos para exploração comercial ou preservação da espécie?

Por Arthur Teixeira Ernesto

Recentemente, durante uma viagem que fiz à Sapucaia do Sul/RS, fui conhecer o Parque Zoológico da cidade, o qual eu não tinha conhecido. Com isso, fiquei fascinado por ver e conhecer diversos animais que nunca tinha visto, mas o que me chamou mais a atenção e, justamente, me fez escrever esse texto, foi quando fui visitar a galeria em que estava um tigre Siberiano ou Tigre de Amur. Sim, um tigre que está ameaçado de extinção. Segundo os sites Sciam e Meus Animais, apontam que é uma espécie que está ameaçada de extinção, e que hoje há cerca de 500 tigres dessa mesma espécie que vivem na selva, e que deve haver outros que vivem em situações de cárcere, assim como o tigre no zoológico. Também segundo a reportagem de Renata Strapazzon, o tigre está no parque desde 2014, e veio de um criadouro que não tinha autorização do Ibama para visitação e exposição, e o tigre vivia em um lugar não adequado, e tinha diversos ferimentos por brigar com outros tigres.

(Arquivo pessoal)

Com isso, o que vamos discutir agora é justamente sobre a questão dos animais que vivem em zoológicos e a questão do entretenimento dos animais nesses espaços. Durante a visitação do zoológico, fui registrando cada animal do parque, lembro-me que fiquei fascinado com a inteligência de um macaco utilizando o chão para quebrar o coco que iria comer, e quando avistei  dois ursos-de-óculos, a onça-pintada ou jaguatirica (digo isso pois não sei diferenciar qual espécie que estava no local), o hipopótamo, o rinoceronte, as araras azuis e vermelhas, os dois ursos gigantescos, e o tigre, me veio a sensação de tristeza, por ver esses animais aprisionados, por ver a história desses animais e, principalmente, por estarem em extinção e não poderem estar em seus devidos habitats. Um dos relatos que eu faço era de quando o tigre caminhava de um lado e para o outro (isso é muito comum em cenas que personagens representam estar pensando em algo), mas no caso do tigre, me parecia que ele estava com a feição abatida, apreensivo, pois havia uma multidão de gente, gritos, flash de aparelhos eletrônicos, havia pessoas tentando escalar as cercas para fazer o melhor registro, a melhor selfie para expor nas suas redes sociais. E também nessa mesma situação do tigre, haviam dois ursos (a Sara e o Coxa) que caminhavam sobre o chão de concreto, faziam peripécias e as pessoas aos berros gritando os seus nomes.

(Arquivo pessoal)

Isso me faz lembrar dos circos que utilizam os animais para atração do público, e daqueles famosos parques aquáticos que utilizam baleias para entreter o público. Falando em entretenimento, me vem o pensamento de que todos os animais que avistei estão sendo vítimas do entretenimento comercial, por estarem sendo explorados comercialmente e visualmente, porque as pessoas ficam gritando pelos seus nomes para tentar fazer o melhor enquadramento para sua fotografia, e essa exploração comercial inicia desde a cobrança da entrada para visitação, que posteriormente faz com que cresça ainda mais o capital dessa empresa por meio da comercialização na praça de alimentação. 

E em contrapartida a isso, penso que os animais dependem desses espaços. Para abrigar algum bicho que esteja em recuperação para depois ser recolocado em seu habitat natural, por exemplo, quem costuma fazer isso é o Centro de Recuperação de Animais Marinhos da Universidade Federal do Rio Grande – CRAM-FURG e o Criadouro Conservacionista São Braz – Santa Maria/RS, que recupera os animais das lagoas ou dos oceanos e devolvem para os seus habitats naturais. Ou os animais dependem desses espaços para manter e preservar a sua espécie, que é uma forma deles estarem vivos, e que ao mesmo tempo está atrelada à forma de garantir a compra de alimentos e medicamentos dos animais, e até mesmo para garantir a manutenção desses espaços, como luz, água e até mesmo o pagamento dos funcionários.

Bom, diante de tudo que foi exposto, eu sei que a instituição zoológico é um assunto bem difícil de tratar, mas penso que se não fossem esses lugares, os animais não estariam vivos, ou estariam sendo comercializados e vivendo em locais clandestinos, principalmente, os que estão ameaçados de extinção. Acredito que é possível manter esses espaços, desde que os recintos sejam maiores e mais seguros para os animais, e que os órgãos de fiscalização e a população fiscalizem esses espaços, para averiguar se o papel do zoológico atende/garante às questões de reprodução, preservação e conservação dos animais, assim, os bichos possam viver em condições melhores e multiplicar as suas espécie.

Arthur Teixeira Ernesto: Acadêmico do curso de Letras Português e Literaturas de Língua Portuguesa da Universidade Federal do Pampa campus Bagé. Bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET) e membro do  Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas Oliveira Silveira (NEABI Unipampa Campus Bagé/RS).

“Esta é a coluna do PET-Letras, Programa de Educação Tutorial do curso de Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa, do campus Bagé. O programa, financiado pelo FNDE/MEC, visa fornecer aos seus bolsistas uma formação ampla que contemple não apenas uma formação acadêmica qualificada como também uma formação cidadã no sentido de formar sujeitos responsáveis por seu papel social na transformação da realidade nacional. Com essa filosofia é que o PET desenvolve projetos e ações nos eixos de pesquisa, ensino e extensão. Nessa coluna, você lerá textos produzidos pelos petianos que registram suas reflexões acerca de temas gerados e debatidos a partir das ações desenvolvidas pelo grupo. Esperamos que apreciem nossa coluna. Boa leitura”.

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