Ano 04 nº 024/2016 – Vamos “largatear” e comer bergamota?

Amanda Martinello

Estudante de Engenharia de Energia da UNIPAMPA

Há mais ou menos dois anos, se me fizessem essa pergunta eu iria chamar a pessoa de louca e perguntar que diacho era bergamota e largatear. E se me chamasse para tomar mate na praça, eu provavelmente riria na cara da pessoa novamente querendo saber o que era mate e por que ir tomar isso na praça. Aos gaúchos que leem este texto, não me matem! Era apenas uma jovem garota chegada de longe que não compreendia o que falavam e muito menos os costumes das pessoas locais.

Quem vem de fora tem uma ideia do que é o sul, mas ao chegar aqui vê que as coisas são diferentes e que cada região do estado tem a sua particularidade. Em meus primeiros dias em Bagé achava tudo estranhíssimo, não entendia qual o sentido de falar: guria, pila, bah, capaz, merece; ah o merece, não vou mentir, tinha vontade de bater nas pessoas sempre que agradecia por algo, e elas respondiam com um “merece” independentemente se eu tivesse agradecido pela coisa mais idiota da face da terra. Eu ficava: Mereço? Mereço o que meu Deus? Por que mereço? E sei que não sou a única “estrangeira” que teve problema com esta e outras palavras tanto usadas aqui.

Não posso me esquecer do tal minuano. Em uma das minhas primeiras conversas, ainda pelo Facebook antes de iniciar as aulas, com uma amiga gaúcha ela me falou pela primeira vez deste minuano. Lembro-me que em determinado momento da conversa ela falou “ah o minuano já está cortando aqui”. Minuano? Cortando? eu na minha ingenuidade, talvez até ignorância, perguntei se ela estava lavando louça enquanto falava comigo. Claro que ela riu muito, e depois me explicou que minuano era como chamavam o vento forte daqui. Mas até hoje é um causo que contamos (assim como fazem meus adorados pais que também gostam de espalhar minhas gafes por aí).

Hoje uso diversos destes termos, estou sempre pedindo para as minhas amigas gaúchas para trazerem mate para tomarmos na sala de aula, e sim já cheguei a ir em uma praça no fim de semana para conversar e tomar mate. Já não fico com raiva quando me dizem merece e também já fiz a experiência de subir em um morro para sentar ao sol e comer bergamota (aliás recomendo essa).

São coisas que acontecem com todos quando se mudam de cidade/estado, no começo são situações um pouco embaraçosas, mas no final acabam virando piadas e brincadeiras entre amigos. Tal como quando eu mesma falo “uns par de dias” e os chamo para tomar tereré na praça.

Obs: largartear ou largatear? Eis a questão.

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