A Sociedade dos Papagaios

image1Fonte: https://livrolevesolto.wordpress.com/2014/10/24/charges-para-rir-chorar-e-pensar-a-politica-dos-nossos-dias/

 

A Sociedade dos Papagaios

                                                                                Por Hugo Ricardo Lengert 

 

Todos verdes, aprumados, cada um

no seu devido lugar, empoleirados.

Nada questionam, nada esperam,

tudo o que sabem é o que lhes disseram.

Desde pequenos, na tenra idade, a repetir

inúmeras vezes as suas eternas verdades.

Na escola, no trabalho, dia após dia após dia,

são as mesmas palavras, os mesmos versos,

a perpétua cacofonia de uma horrível melodia.

 

Todavia, ouve-se a cantoria de um pássaro

negro a interromper o papaguear.

Não é ave como o papagaio se não repete o

verde e interminável rosário, não é pássaro

de confiança se voa livre como quem dança.

A ferros os verdes vão lhe prender, e de agora

em diante escravo deles o negro há de ser.

Pássaro negro não vai voar, da terra dos

papagaios não há meios de escapar.

 

Verde é a mais linda cor, desde pequeno

todo papagaio repete essa lema com ardor.

Verde todos deviam ser, se não, na cor das plumas

pelo menos na alma e no jeito obediente de ser.

 

Entretanto, ouve-se o canto de um pássaro

colorido a interromper o papaguear.

Não é ave como o papagaio se não repete o

verde e interminável rosário, não é pássaro

de confiança se voa feliz como quem dança.

Com insultos e violência os verdes vão lhe

discriminar, e o colorido aprenderá como se portar.

Pássaro colorido não vai voar, da opressão dos

papagaios não há meios de escapar.

 

Verde é a mais linda cor, verde todos deviam ser.

Todos verdes, aprumados,

cada um no seu devido lugar,

empoleirados.

 

Hugo Ricardo Lengert é aluno de Letras Português da UNIPAMPA Polo UAB Esteio

 

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