Ano 06 nº 061/2018 – Uma lista do que ter em mente antes de se formar (enquanto está na universidade)
No início deste ano passei a ser parte do grupo de pessoas que tem um diploma universitário. Quando analiso o que realmente foi importante todas as minhas conclusões apontam para uma lista surpreendentemente (ou não) curta- e sinto dizer, quase óbvia.
- Não menospreze as eletivas, elas são importantes sim
Algumas das melhores disciplinas (e professoras) que tive na universidade não faziam parte da grade obrigatória. As cadeiras eletivas podem e sinceramente deveriam ser o espaço para você explorar outras possibilidades dentro do curso e da universidade. Se não fosse por uma eletiva que fiz no segundo semestre não sei o que seria dos meus semestres posteriores. Além disso, foi minha primeira experiência longe dos colegas que estava mais acostumada a ter convivência, o que me obrigou a estudar por conta própria e ser mais independente. De maneira geral, as cadeiras eletivas vão ser aquelas que vão te desafiar a ter posturas novas e descobrir novos interesses.
- Mantenha relacionamentos que sejam um lugar seguro e tenha cuidado com os que se tornam por qualquer motivo uma disputa
Ter construído e mantido- até hoje- amizades que eram um ponto de apoio foi provavelmente uma das melhores partes destes últimos anos. Mas assim como situações boas acontecem, as ruins também. Então, ter amizades que não sejam as que te levam sempre a essas situações ruins já é metade do caminho. É quase óbvio mencionar, mas fique atento/a quando o alarme na sua cabeça soar e estiver perto de perder (ou perder de vez) os trilhos por relações que mais parecem um campo de guerra ou uma disputa constante (aquela pessoa muito legal mas que parece sempre mais preocupada em falar com você com o objetivo de checar e comparar se está indo melhor ou pior que ela nas provas e etc. É no mínimo bizarro, mas acontece). Isto também inclui relações que só duram enquanto falamos, agimos ou consumimos (isso vai de bebidas a discursos) o que os amigos em questão gostam. Quando as cobranças profissionais e acadêmicas já consomem tanto da gente, evitar relações resumidas a ser o que o outro quer é um bom começo do que a gente pode fazer por si mesmo na universidade e na vida.
- Participe de projetos (dos quais goste)
Até onde minha má memória vai, conseguir as famosas horas complementares vai direta ou indiretamente nos endereçar à participação em projetos. No entanto, se for possível, saia atrás de projetos antes dos últimos semestres. Quando estamos tão desesperados para conseguir todas as horas podemos acabar entrando em projetos dos quais não gostamos e participar de um projeto do qual não gostamos pode tornar tudo 10 vezes mais exaustivo. Há muitos projetos bons, mas nem todos são bons para todos os alunos por uma simples questão de identificação, gostos e interesses pessoais. Saia atrás do que for melhor para seus gostos e interesses.
P.S.: Se não tiver a mínima ideia de quais são seus interesses nesse quesito, simplesmente conheça o máximo de projetos que puder e dê uma chance ao(s) que mais gostar.
- Conheça pessoas
Este tópico é curto. Você não vai ser o melhor amiga/o de todo mundo, mas se desafie a conhecer pessoas diversas na medida do possível. Você vai diretamente ou indiretamente ver muito essas pessoas: no ônibus, nas aulas, nas palestras, nas festas, nos espaços de convivências, no mercado, na cantina e/ou no restaurante universitário. Nem todos relacionamentos precisam ser próximos, ter além de amigos próximos, pessoas com quem simplesmente nos damos bem é sempre necessário e positivo.
- Você vai ter que estudar coisas das quais não gosta. (E isso não significa necessariamente que é o curso errado para você)
Breaking news. Feliz ou infelizmente a universidade não é um gênio da lâmpada que só te oferece aquilo que você mais quer. Muito dificilmente toda a grade do seu curso vai te agradar, então esteja preparado/a para ter que estudar muita coisa que talvez não goste ou mesmo deteste. Pode parecer meio pessimista, e acho que é, mas também devo admitir que não posso dizer que as cadeiras das quais não gostei não foram úteis. Muito dos conceitos aprendidos nelas acabei por aproveitar em cadeiras posteriores- e outros enquanto planejando meu TCC. Enquanto ainda tem que cumpri-las, sempre tem como tentar construir suas próprias estratégias para lidar com isso. Se matricular no mesmo semestre para uma disciplina que gosta muito, assim se sentirá mais motivado a ir até o fim do semestre em todas as cadeiras. Talvez incluir nos projetos e/ou trabalhos da disciplina em questão algo que gosta, tornando mais prazeroso para você. Ou simplesmente pedir para um amigo se matricular na mesma cadeira. Em geral, dá pra minimizar esses pequenos desprazeres se a gente construir pequenas estratégias.
- Respeite seu tempo
Pode ser que um colega seu se forme exatamente no tempo exatamente previsto, mas pode ser que esse não seja seu caso. Pode ser que você seja sempre a última a sair da sala em todas as provas- esse foi meu caso durante todo curso. Pode ser que você reprove ou precise desistir de uma ou outra disciplina. Pode ser que não tenha uma boa relação ou não se acostume bem a um professor e decida esperar até o próximo semestre quando outro/a estará no lugar dele na mesma cadeira. Todas essas coisas acontecem. Não vou dizer para não se comparar com outras pessoas porque sei que é difícil não se comparar, mas tente ter em mente que sempre haverá desvios do trajeto “padrão” do curso ou do trajeto que você achou que ia seguir. Lembro de um dia em que estava saindo de casa atrasada para uma aula e meu pai falou algo como “Calma, é um prédio, ele vai estar lá”. É mais que um prédio, claro. Resumindo, as aulas não esperam pela gente, mas a gente tem nosso próprio passo e tem limitações particulares, da mesma forma que temos qualidades particulares. É nesse passo que chegamos ao final, às vezes sem e às vezes com algum atraso.
Por fim, deixo claro que essas são conclusões baseadas na minha experiência pessoal, podendo ser úteis a algumas pessoas e a outras não, podendo inclusive ser úteis a ninguém, nunca vou saber. Mesmo assim, este é um tópico que venho repetindo mentalmente inúmeras vezes desde o ano passado, enquanto ainda estava na universidade. Assim, resolvi recortar parte das minhas considerações a respeito e enfim escrever, principalmente porque, como disse no início, considero uma lista quase óbvia e creio que o (que parece) óbvio precisa também ser mais comentado- e escrito.