Ano 05 nº 018/2017 – Somos filhas da luta
Stéfany Solari
Acadêmica no curso de Letras
Sou julgada por ser eu
mulher de peito forte e braços aberto
a vagabunda universitária
que anda nas ruas vagando
de vestido rodado e flor no cabelo
bebendo vinho mais que muito macho
julgada por querer ser livre
livre de tudo
livre do mundo
livre dela mesmo
filha da resistência de toda a cultura
que a impede de ser ela mesma
sabor de liberdade, ela sente
sente tanto, que em muitas vezes
o seu sol nasce quadrado
porque para ser livre
tem que ter luta, resistência
luta para usar a saia curta
luta para não receber cantada
livre para poder usar minha boina vermelha
meu batom vermelho, azul ou preto
não quero mais
ver minhas vontades em cativeiro
pelo simples fato de ser mulher
coberta, fechada, composta por fachadas
por isso vivo a valentia que é ser mulher
de luta, de classe, da periferia
Mulher puta, suja, falsa, louca
a taxada por ser livre
já deu, já dei, vou dar
para um, dois, três, dez
por minhas escolhas
quando disse deu, já dei, vou dar
quero dizer para ser livre nas escolhas
sexuais, emocionais e afetivas
Livre para ser uma mulher puta
ser a puta resolvida de batom vermelho
Ser a puta de sorriso fácil
ser a puta de cabelo raspado, saia curta
livre para ser eu, ser ela
para que a minha e a sua liberdade floresça
Para eu poder ME amar e SER quem eu QUISER!