Ano 05 nº 106/2017 – Quando não nos sentimos representados (PEC 181)
Hoje nos pegamos pensando em representatividade, como tal conceito é importante em vários setores como na arte, na educação, mas principalmente na política, já que essa pode intervir diretamente em nossa vida.
Estamos em um momento de muitos retrocessos, em que parece que a representatividade é só de um pequeno grupo com muitos privilégios. São tanto retrocessos que é até difícil escolher sobre o que escrever. Mas hoje, vamos falar sobre a PEC (proposta de emenda à constituição) 181.
A votação inicial da PEC dizia respeito à licença maternidade em caso de partos prematuros, o que já era um retrocesso, visto que o objetivo era diminuir o tempo de licença. Mas com uma manobra, a bancada religiosa (que nos parece outro absurdo, termos uma bancada religiosa em um estado tido como laico) conseguiu aprovar uma mudança em nossa constituição ainda mais dura. A proposta, segundo a bancada, prega o respeito pela vida antes mesmo do nascimento, o que proíbe o aborto, mesmo em casos de estupro, microcefalia e risco de vida para a mãe. Convenhamos, já temos uma legislação extremamente conservadora nesse aspecto e ainda acontece esse tipo de retrocesso???
Não estamos falando aqui que as pessoas não podem ter crenças e, assim, optar por gerar uma criança mesmo que sua vida esteja em risco, que a criança tenha a síndrome da microcefalia ou que tenha sido concebida em um ato de violência que é o estupro. O que defendemos, é exatamente o contrário, que as mulheres tenham o direito de escolher. Até porque abortos sempre existirão, independente de ser legalizado pelo estado ou não. A diferença é que milhões de mulheres ainda irão MORRER, por fazer tal procedimento, sem a menor segurança.
E voltando à representatividade 18 homens, repito homens, votaram pra decidir sobre o destino de milhões de mulheres. Será que 18 mulheres votariam assim? Talvez, mas se os homens engravidassem será que o aborto seria visto da mesma forma?
Na política falta empatia e representatividade, infelizmente falta não só na política. É difícil ter esperança, mas ano que vem teremos uma nova chance de nos sentirmos mais representados. Vamos fazer a nossa parte, e vocês?