Ano 07 nº 050/2019 – Educação sexual nas escolas / Coluna da Taiza
Por Taiza Fonseca
Olá, leitores do Junipampa!
Mais uma vez gostaria de trazer um tema para refletirmos juntos, uma temática que muitas vezes é vista como problema ou enquanto tabu, mas que considero importante que seja discutida e pensada: Educação sexual nas escolas.
Há uma polarização de opiniões quando se trata deste assunto, a educação sexual nas escolas muitas vezes é vista de forma pejorativa, mas este tabu em específico deve ser desvendado, tendo em vista a importância da introdução deste tema transversal no cotidiano escolar.
As metas que dizem respeito a educação sexual entrou nos Parâmetros curriculares nacionais – os PCN’S em 2015, por haver a necessidade de que os adolescentes recebessem melhor orientação a respeito do tema. Uma das dificuldades de se tratar tal assunto na adolescência é que geralmente o mesmo vem acompanhado de repreendimentos, traumas ou inquietações; Apesar de ser um conteúdo amplamente divulgado na mídia, ainda há certa dificuldade de compreender que é, também, o papel da educação abordá-lo.
Até o momento fiz diversas afirmações e a seguir apresento os dois principais motivos pelos quais acredito em tal importância.
Gravidez na Adolescência: Uma das razões pelas quais o tema deve ser tratado com seriedade e deve se fazer presente dentro das instituições escolares, em relatório publicado em 2018 pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) é apontado que cerca de 18% das crianças nascidas no país são filhos de mães adolescentes, o que confere a mais de 400 mil casos por ano de gravidez na adolescência [1], o que culmina em evasão e uma série de outros problemas oriundos de uma gravidez não planejada nessa fase da vida.
Abuso sexual: Cito dados divulgados no site da câmara de deputados nos primeiros cinco meses deste ano: ‘’Segundo dados divulgados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o Disque 100 (Disque Direitos Humanos) recebeu 76.216 denúncias no ano passado envolvendo crianças e adolescentes, sendo que 17.093 desse total se referia à violência sexual. A maior parte delas é de abuso sexual (13.418 casos), mas havia também denúncias de exploração sexual (3.675). Só nos primeiros meses deste ano, são 4.736 denúncias recebidas de violência sexual.’’ [2]. Tais pesquisas confirmam que na maioria dos casos que são notificados, os autores dos crimes são pessoas do próprio convívio social da criança e/ou adolescente, como pai, mãe, padrasto, madrasta, tios, primos, vizinhos etc;
A psicóloga e doutora em educação pela Unesp – Universidade Estadual Paulista, Mary Neide Figueró, afirma que “A educação sexual é ter acesso ao conhecimento sobre o corpo humano e a todas as questões ligadas, diretamente ou indiretamente, ao relacionamento sexual, também é um espaço para que crianças e adolescentes expressem suas dúvidas, angústias e sentimentos em relação ao corpo e ao sexo, podendo desfazer mitos, preconceitos e tabus”.
E é nesse sentido que defendo a introdução da temática no cotidiano escolar, para que seja possível nortear discussões a respeito dos processos físicos e emocionais em volto a sexualidade na adolescência, para que seja possível que um jovem vulnerável em situação de abuso sexual, por exemplo, saiba identificar e tenha conhecimento dos meios possíveis para realizar uma denúncia, para que os jovens que tenham iniciado a vida sexual conheçam os métodos contraceptivos, como camisinha e anticoncepcional, para que seja possível evitar a incidência tão alarmante de gravidez na faixa etária entre 14 aos 17 anos.
Informando de forma saudável a respeito das Doenças Sexualmente Transmissíveis – DSTs e todas as outras questões que atravessam este debate, como o respeito ao outro, a importância do consentimento, a igualdade de gênero e orientação sexual.
E você? O que acha desse assunto? Vamos conversar!
Imagem: Escola Digital
[1] https://amb.org.br/noticias/gravidez-na-adolescencia/
Taiza da Hora Fonseca é Acadêmica do curso de Letras Português e Literaturas de Língua Portuguesa na Universidade Federal do Pampa, fez parte do Diretório Acadêmico de Letras no período de 2015 a 2017 e participou como bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) no período de 2016 a 2018. Atualmente faz parte do Movimento Estudantil da Universidade e seus interesses são: Temas Transversais, Política e Movimentos Sociais, Literatura, Poesia e Arte.