Ano 07 nº 047/2019 – DESAFIOS & APRENDIZAGENS
Por Claudia Tavares
Claudia é docente formada em Letras (ULBRA/ CANOAS), com especialização em Educação (IFSUL/RS) e Metodologia de Ensino de Inglês (Universidade Barão de Mauá/SP), em rede municipal em Rosário do Sul e mestranda do Curso de Ensino de Línguas na Unipampa/Bagé.
As primeiras fases para chegar ao Mestrado em Ensino de Línguas pode ser resumido em: homologada, estudo, prova, aprovada, estudo, prova e, finalmente, aprovada!
Contudo, as emoções que me acompanharam durante estas primeiras fases, que iniciaram em agosto e culminaram em outubro/2018, foram de apreensão financeira, de dúvidas sobre mim mesma, de incertezas do que me aguardava no curso e de medo de caminhar por este percurso acadêmico! Emoções típicas de quando está diante de si algo até então inexplorado, desconhecido, mas tão sonhado! Ah! Claro que não poderia deixar de mencionar os momentos inesperados de se chegar ao destino para encarar essas primeiras fases!
Há um ditado popular que diz que “há males que vêm para o nosso bem”, e isso não foi exceção em meu caso. Um desses males foi a minha indignação diante de horários malucos entre empresas de transporte coletivo intermunicipal, que demonstram um descaso para com aqueles que dependem deles para estar em seu destino no dia e hora esperados! Não se importam se alguns minutos ou algumas poucas horas podem fazer diferença na vida e, pode-se dizer, no rumo que ela pode tomar de modo definitivo para cada indivíduo! Por outro lado, posso afirmar com certa veemência que este descaso me proporcionou conhecer uma pessoa, que apenas prestando um serviço utilitário, passou a ser o meu guia e mentor nos momentos de profundas emoções e inquietudes, as quais já as delineei anteriormente!
Sou grata a essa pessoa que, com tanta simplicidade e sinceridade, com seu jargão demonstrou generosidade: “não sô dos estudo, mas me explica o que a senhora vai fazê lá, que eu já te digo se passa ou não!” Meneando a cabeça, resolvi contar-lhe o que de fato eu iria fazer naquele primeiro momento – quando digo isso, refiro-me ao primeiro dia da prova de dissertação. Ele me ouviu atentamente, como se estivesse compreendendo tudo! Após isso, sua resposta foi: “O lugar já é da senhora! Só de escutar a senhora, já vi que o troço é bueno!” Pensei comigo mesma: “Tomara!” Ao chegar ao meu destino para definir meu rumo acadêmico, entrei pela porta principal da instituição e, para minha surpresa, o medo e a incerteza de alguns dias atrás não me visitaram naquele momento; a não ser uma imensa paz e segurança que aquele ser humano, que há pouco estava comigo, conseguiu internalizar em meu mais profundo antro de emoções!
Dirigi-me ao anfiteatro, com passos seguros e leves, e…quando entrei…ah!… lá se encontravam outras semelhantes, das quais não fixei o olhar, pois estava à procura de um lugar só meu para aquele meu momento de reflexão diante do desafio que estava para encarar! Foi quando mirei à esquerda de mim e avistei uma grande janela, com o sol a aquecê-la e um mato verde a colorir sua sapata. Era ali, tinha que ser ali! E foi! Foi um lugar perfeito, conjugado com a paz de espírito perfeita em mim, para tornar possível desenvolver meus pensamentos por escrito em quatro folhas de papel!
Decerto, aquela previsão feita por aquele ser humano com espírito de anjo tornou-se realidade! Achei um talismã em forma humana! E, voltei a repetir sua companhia porque também tornou possível, na segunda vez, repetir o feito! Digo o dia referente à prova de proficiência em Língua Adicional. Esta primeira fase de desafios e aprendizagens pode ser resumida em: é normal sentirmos medo do desconhecido, mas não podemos deixar que o medo tome conta de nós! Persistência e constância nos objetivos que nos propomos a alcançar é a chave do sucesso! Humildade e modéstia em reconhecer que precisamos do outro – mesmo que esse outro seja de uma esfera social e intelectual diferente da sua – para chegarmos aonde queremos e pretendemos! Passada desta fase de seleção, a próxima apresentaria suas faces nos quesitos acadêmicos e pessoais, mas sem ignorar o aprendizado da fase anterior. Afinal, este aprendizado sempre deve coexistir em qualquer ciclo da vida!
De fato, minha inquietude renovou-se: “Quais desafios e aprendizados se apresentarão no primeiro semestre deste Mestrado?” Faço uma analogia destes desafios e aprendizagens ao sofrimento a que uma ostra é submetida, por meio de um grão de areia que a fere, e esta, por sua vez, produz uma substância que o envolve, produzindo a pérola, qual pedra de valor. Em outros termos, os desafios e aprendizagens se apresentam como estes ‘grãos de areia’ que nos ‘ferem’, diante de muitas noites sem dormir ou lágrimas, enquanto aprendizes neste processo acadêmico, e nos forçam a ‘produzir substâncias’ em forma de persistência, foco em nossos objetivos, dedicação aos estudos de teorias até então desconhecidas de nossa realidade acadêmica, novos letramentos e refacção constante da escrita, metodologias ativas conjugadas à tecnologias inovadoras, enfim, tudo isto, extraindo de nós o que temos de melhor em habilidades e competências pessoais e profissionais, tornando-nos ‘pérolas’ preciosas e engajadas em um ensino de qualidade e uma Educação desejável em nossas escolas.
Entretanto, junto a isso, as relações interpessoais – com nossas colegas e professores – que criamos por meio do convívio tanto em aulas presenciais quanto virtuais, trazendo manias, cores, sabores, amores e dores. Tal diversidade é rica e promove a maturidade e a união para o grupo, símbolos de crescimento pessoal e profissional! Agora, que venha o segundo semestre, com outros desafios e aprendizagens, acrescentando ou extraindo o que há de melhor ou precisa melhorar, pois a saga continua…
Fotos: Claudia Tavares
¹Texto produzido na disciplina de “Metodologias para o Ensino/Aprendizagem de Línguas Adicionais No Brasil!, do Mestrado Profissional em Ensino de Línguas da Unipampa, neste semestre sob responsabilidade da Profª Drª Clara Dornelles.