Ano 07 nº 019/2019 – Como me tornei mãe…

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Por Renata Lindemann

O Grupo de Apoio à Adoção em Bagé – GAAB surgiu em setembro de 2015 a partir de um encontro de pretendentes à adoção que tinham dúvidas, expectativas e queriam melhor compreender o processo de cadastro, espera e fluxo do processo em Bagé. Em maio de 2016, tivemos uma conversa com a presidente do Instituo Amigos de Lucas, Rosi Prigol e de seu esposo, que em roda de conversa falaram ser pais por adoção.

Naquela época eu e meu esposo tínhamos, além da certeza que nossos filhos viriam por adoção, que seria esse o nosso processo de espera. Foi nesses encontros que fomos discutindo sobre nosso trâmite, escutando experiências de colegas do GAAB e formulando o “tal perfil”. Que momento angustiante preencher o formulário. Mas se todos passam por isso lá estávamos. Em maio deste ano, participamos de um evento nacional de grupos de apoio à adoção (ENAPA). Nesta oportunidade escutamos histórias de adoção, conhecemos a organização de distintos municípios, ouvimos juízes, promotores, assistentes sociais, psicólogos, pais, mães e filhos. Nesta ocasião a pergunta que encontramos à resposta que martelava nossa mente era: O que precisamos para seremos pais? Simples, precisamos de FILHOS. E filhos nascem quando nosso coração está aberto à chegada de novos seres para serem amados e cuidados.

Embarcamos nesse processo GESTACIONAL sendo notificados da habilitação em 16 de novembro de 2016, ou seja, passamos a integrar o Cadastro Nacional de Adoção (CNA). No dia 31 de novembro, uma quarta feira, durante a manhã fomos ao Fórum para alterar perfil. A tarde solicitei ao fórum o documento do CNA do processo e cópia do estudo social, pois a ideia era ir para a Busca Ativa via Instituo Amigos de Lucas. Neste mesmo dia fomos informados para comparecer ao Fórum para um ASSUNTO DE NOSSO INTERESSE, o coração dispara, na mente muitas dúvidas: será que nosso processo tem algum problema? Será que tem mais algum documento que não levamos ou alguma questão que não foi esclarecida? Ou Será que nossos filhos chegaram? Dia 01 de dezembro de 2016 chegou o grande dia, boca seca, coração disparada, sem sentir as pernas e com pensamento único, fomos notificados que o nosso perfil, desejo e expectativa estava sendo atendido. Dia de fortes EMOÇÕES, nada, absolutamente NADA eu conseguia fazer, meu foco e o da minha família estavam nesta aproximação. Sou uma pessoa que me considero DURA, pouco emotiva e este dia tudo era diferente. Não conseguia nem deixar as pessoas falarem, queria LOGO esse encontro tão esperado. Não conseguia pensar em nada a não ser em conhecê-los. Meu coração estava na boca! Conversamos com a Assistente Social já conhecida, pois participou de algumas reuniões do GAAB e audiência pública….Minha certeza de que meus filhos já tinham nascido desde o primeiro dia em que pisei no Fórum se concretizava neste dia, nesta tarde.

Conhecemos primeiro o menino, uma criança fantástica que fez a durona se desmanchar de tanto choro. Incrível como ele falava de família de uma maneira como se já nos conhecêssemos há tempos. SABEM QUAL ERA O SONHO DELE? Ter uma família que fosse dele e de sua irmã. Eu era só emoção, o momento em que meu filho me fez mãe será sempre lembrado com muito carinho e emoção. E o que fazer com um menino de 11 anos em uma tarde ensolarada e de um calor escaldante? Pensei, pensei e dividi com ele e com me esposo sobre o que seria lega fazer. Eu estava com receio de levá-lo para casa e ser algo que pudesse assustá-lo, mas para minha surpresa ele diz o seguinte: EU QUERO CONHECER ONDE VOU MORAR. Eita guri decidido! Eis que muitos sonhos se concretizaram neste momento,  o meu de mãe, o do meu esposo de pai, o do menino de apenas 11 anos e de uma REDE GIGANTE de proteção à criança, GAAB, IAL, assistente social que sonhou com este momento, psicóloga que ao acompanhá-lo também sonhou isso para nosso filho….. Mas a família contava ainda com a mana desse guri decidido que me fez mãe e me conduzia no caminho para me mostrar como seria a vida de mãe de dois. Então esperamos das 13h às 17h30 acompanhados do menino ansioso e com muitas saudades da mana, sim, pois eles estavam morando em locais diferentes. Brincamos à tarde, lanchamos, e o menino decidido não cabia em seu corpo tamanha felicidade e nós já não nos reconhecíamos mais, estávamos envolvidos nesta expectativa de sermos uma família. A menina chegou assustada com a novidade, e o mano explicava o que estava ocorrendo, isso tudo dentro de um abraço. Jantamos juntos e tivemos que deixá-los nos locais que residiam provisoriamente, momento dolorido esse. Mas ao subir a escadaria do abrigo, prometi que este seria o último dia que eu os deixaria. E para minha felicidade esta também foi a definição do juiz que concedeu o termo de guarda no dia seguinte.

Não é possível sintetizar, mas esta é a história incrível de me tornar mãe de gêmeos de idades diferentes, mas que nasceram para esta vida nova no mesmo dia.

Comentários
  1. Welton Oda

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