Ano 13 Nº 54/2025 O PIBID em minha experiência de formação após ou durante os estágios.
Bianca Mendonça Rubilar
Gabrielly Santos da Rosa
Willians Jardim Barbosa
Denise Lucas de Freitas
Kerolin Flores Munhoz
Nathalie da Rosa Porto

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) tem se mostrado, para nós, um espaço fundamental de aproximação entre a teoria estudada na universidade e a prática realizada nas escolas. Em cada encontro, nas leituras, nas discussões e nas observações, tivemos a oportunidade de compreender mais profundamente o papel do professor e a complexidade do ambiente escolar. Essa vivência ampliou nossa percepção sobre a docência e diariamente fortalece nossa escolha profissional.
Com o acompanhamento atento da professora-supervisora, aprendemos a olhar a sala de aula não apenas como um espaço de ensino, mas como um ambiente de relações, de construção coletiva e de desafios que exigem preparo, sensibilidade e ética. Sua orientação nos ajuda a desenvolver um olhar mais crítico e reflexivo sobre as práticas pedagógicas, além de estimular nossa autonomia enquanto futuros professores.
O PIBID, nesse sentido, é muito mais do que uma atividade complementar: ele nos possibilita vivenciar, desde cedo, a escola como um campo de formação e de aprendizado mútuo. A inserção no cotidiano escolar nos aproxima dos estudantes e nos desafia a pensar em estratégias de ensino que dialoguem com suas realidades. Essa experiência nos mostra que ser professor vai além de transmitir conteúdos, é também acolher, escutar e mediar saberes e, por vezes, até conflitos.
Essa trajetória, construída em grupo e partilhada com a escola, reafirma a importância do PIBID como uma ponte entre a universidade e a educação básica. Foi a partir dele que cada um de nós pôde experimentar a docência em sua dimensão mais concreta e humana, e é essa experiência que agora registramos em nossos relatos individuais.
Bianca Mendonça Rubilar, Graduanda em Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa, UNIPAMPA, Bolsista PIBID
Minha formação em Letras Português e Literaturas de Língua Portuguesa , segue em curso, embora eu já tenha concluído os três estágios obrigatórios: Introdução ao Estágio, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Cada estágio me apresentou diferentes turmas, realidades e desafios: trabalho com ensino multisseriado, EJA, turmas numerosas ou com frequência reduzida, além de conciliar ambos com componentes curriculares teóricos obrigatórios da Graduação. Porém, foi quando ingressei no PIBID, em novembro de 2024, que pude perceber um novo patamar de envolvimento formativo.
O fato de o PIBID, em sua primeira edição ofertada no turno da noite, permitir minha participação foi decisivo. Sou uma das duas bolsistas que permanecem no turno noturno, o que evidencia mobilização, compromisso e um certo “caminho menos comum”, já que a maioria dos projetos com bolsas de estudo ou horários de estágio tendem a concentrar-se no turno diurno. Essa condição especial do turno noturno me deu a possibilidade de conciliar meu trabalho diário como professora de Educação Infantil (formada em Magistério), as disciplinas obrigatórias da graduação, o compromisso com o programa de extensão INSPIRA da UNIPAMPA, e a intensa participação no PIBID — um ritmo puxado, mas que transforma cada esforço em crescimento.
O PIBID, de fato, reflete aquilo que a literatura aponta como uma peça-chave na formação de professores: ele promove uma “imersão na cultura escolar” que fortalece não só o saber-teórico, mas o saber-fazer pedagógico, a produção de sequências didáticas, debates de prática, reflexões com supervisores e troca com colegas e professores regentes. Ele cria um espaço de articulação Universidade-Escola, tema recorrente em estudos que analisam o PIBID como política pública efetiva de formação inicial.
Nesse novo contexto, minhas práticas docentes ganharam maior autonomia e reflexão: planejar aulas que dialoguem com os alunos, pensar linguagens, gêneros discursivos e realidades culturais diversas, adaptar atividades às turmas, rever falhas, ajustar o ritmo, experimentar estratégias que os estágios tradicionais nem sempre permitem. Minha supervisora no PIBID tem sido um suporte essencial, orientando-nos não simplesmente no “como dar aula”, mas no “porquê”, ajudando-me a conectar objetivos de aprendizagem, necessidades dos alunos e contexto escolar.
Conciliar todos esses papéis (professora de Educação Infantil, aluna da graduação, participante do INSPIRA, bolsista PIBID no turno da noite) tem sido um exercício de disciplina, organização e resiliência. Há noites em que preparar material ou corrigir redações significa sair tarde da escola ou da universidade, chegar em casa, continuar trabalhando e ter que acordar cedo para o trabalho no dia seguinte. Há momentos de cansaço, mas cada coisa que aprendo, cada contato com alunos ou com professores, reforça em mim que esse caminho vale a pena.
Olhar para esse percurso me revela que o PIBID é mais que um complemento curricular, ele se constitui como um transformador na minha formação docente, amplia minha visão de escola, aprofunda minha capacidade de reflexão sobre as práticas, fortalece minha identidade profissional e me confirma no compromisso de trabalhar pela educação. Esse programa não apenas me prepara para o futuro, mas me permite sentir que já sou parte de algo maior: uma rede de educadores, aprendendo juntos, resistindo às dificuldades e acreditando no poder da educação de qualidade.
Gabrielly Santos da Rosa, graduanda em Letras – Português e Literatura de Língua Portuguesa, Unipampa – Bolsista PIBID.
Considero que o PIBID seja o alicerce para a entrada em sala de aula, eu tive a oportunidade de vivenciar momentos de estudo, planejamento e prática, antes do período de estágios e isso contribuiu muito para o meu entender sobre o ambiente educacional e como agir em meio a determinadas situações.
Durante o período de estágio, todas as escolas em que dei aula foram da rede pública de Bagé, duas municipais e uma estadual. Escolhi, por minha vontade, aplicar em escolas diferentes para que eu pudesse ter visões de mundo diferentes. Isso se concretizou a partir da troca com os alunos e das respectivas atividades desenvolvidas neste processo. Foi perceptível o envolvimento deles com as atividades propostas, a maioria socializou e colaborou de forma significativa, o que, para mim, trouxe muita gratificação.
Dar aula é um processo árduo, que por muitas vezes torna difícil planejar a aula e aplicá-la. O nervosismo e o entusiasmo se misturam e a prática se torna cada vez mais distante de ser realizada com sucesso. Isso faz parte e eu demorei um pouco para perceber. É normal sentir insegurança e isso faz parte do processo, pois é ao longo dos estágios que sabemos realmente o que queremos para nós, se é de fato em uma sala de aula que queremos ficar, como mediadores de futuros.
Neste momento, estando novamente no PIBID, novas portas estão sendo abertas, tanto para mim como profissional, quanto para os estudantes que estão tendo a possibilidade de explorar o novo. O PIBID abre caminhos para muitas coisas boas e fazer parte dele é muito especial para mim.
Willians Jardim Barbosa, Graduando em Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa, UNIPAMPA, Bolsista PIBID
Assim como as colegas, eu também já tive a experiência de estágio em sala de aula antes de ingressar no PIBID. No meu caso, eu fiz estágio em escola pública para uma turma do sexto ano, enquanto que, no PIBID, estou atuando em uma turma do primeiro ano do ensino médio no Ifsul. Dois universos diferentes, que demandam estratégias diferentes. É essa diferença que, na prática, mais me fez refletir sobre alguns aspectos da docência, quais sejam, a flexibilidade de metodologias, a adaptabilidade para com perfis distintos de alunos, o constante aprimoramento profissional.
Além da parte prática, o PIBID tem sido fundamental para travar contato com leituras teóricas que, nem sempre, há a possibilidade de fazer em sala de aula. O aprofundamento de teorias que têm elo íntimo com a prática docente é, sem dúvida, um enriquecimento para a caminhada de cada um de nós, bolsistas.
Denise Lucas de Freitas/Graduanda em Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa, UNIPAMPA, Bolsista PIBID
Minha trajetória acadêmica é feita de passos que foram me aproximando, cada vez mais, da docência. Anos atrás, concluí o curso de Magistério e, desde então, mantive guardado o desejo de aprofundar os estudos e de me preparar melhor para o exercício da profissão. Hoje, estou quase finalizando o curso de Letras – Português e Literatura, que tem sido uma etapa fundamental na consolidação da minha identidade como professora.
Ao longo dessa caminhada, tive a oportunidade de realizar dois estágios no Ensino Fundamental e um estágio no Ensino Médio, experiências que me colocaram frente a frente com os desafios e as descobertas da sala de aula. Não foi fácil, pois iniciei a licenciatura na pandemia, 4 semestres online, e quando terminou fui direto para o estágio. Naquela época participei do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), apenas do módulo 1, mas foi suficiente para adquirir muito aprendizado, através dos encontros online trocávamos experiências e realizávamos leituras muito importantes para a nossa formação.
Ademais, uma das vivências mais significativas é a participação no PIBID, agora desenvolvido no turno noturno, representando para mim, a chance de unir teoria e prática de uma forma intensa, constante e reflexiva. Diferente dos estágios, que têm tempo delimitado e objetivos mais pontuais, o PIBID me permite acompanhar o cotidiano da escola de forma contínua, inserindo-me na realidade educacional como alguém que aprende e contribui ao mesmo tempo.
Bem como atuar em uma turma de alunos adultos era algo que faltava em minha jornada, então essa experiência é muito gratificante e tem ampliado minha visão sobre o papel social da escola. Percebo o quanto esses estudantes carregam histórias de vida ricas e desafiadoras, assim como a sala de aula do noturno se torna um espaço de acolhimento, resistência e esperança.
Igualmente, a convivência com os professores da escola e, em especial, com minha supervisora, é um diferencial. A cada encontro, reconheço o quanto a troca de experiências e a escuta atenta dos mais experientes acrescentam em minha formação. Aprendo observando as estratégias adotadas em sala de aula, a postura diante dos desafios e a sensibilidade em lidar com estudantes que, por estarem na escola noturna, carregam trajetórias de vida bastante diversas.
Essas experiências oportunizadas pelo PIBID me ensinam que a docência vai muito além do domínio do conteúdo: envolve empatia, paciência e uma postura ética diante da realidade de cada turma. Posso perceber a escola como um espaço vivo de formação, onde tanto alunos quanto professores estão em constante aprendizado. O PIBID, portanto, mostra à docência em sua dimensão mais humana e transformadora, reforçando em mim a certeza da escolha pela profissão.
Kerolin Flores Munhoz, Graduanda em Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa, UNIPAMPA, Bolsista PIBID
Inicio este relato ressaltando a importância do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) na minha formação e nas experiências vivenciadas ao longo dos estágios. Sempre me considerei uma pessoa tímida e, por essa razão, muitas vezes adotei uma postura mais coadjuvante do que protagonista em diferentes situações. Essa característica tornou-se especialmente evidente no momento em que ingressei em sala de aula para ministrar minha primeira atividade pedagógica. Recordo-me de sentir intensa ansiedade ao perceber os olhares atentos e curiosos dos estudantes, que aguardavam com expectativa a condução da aula, o que me levou a experimentar um misto de nervosismo e desafio diante daquela experiência inédita.
Quando iniciei as observações no âmbito do PIBID, vivenciei, pela primeira vez, a experiência de estar em sala de aula não mais na condição de aluna, mas como futura docente. Esse momento foi singular e, de certo modo, surpreendente, pois representava a transição para um novo papel dentro do espaço escolar. Posteriormente, no início, realizei o estágio introdutório, inicialmente voltado apenas para as observações, sem a realização de práticas efetivas. Contudo, esse processo foi significativamente mais tranquilo, já que o contato prévio proporcionado pelo PIBID havia me preparado para tal vivência.
É imprescindível destacar a relevância da minha supervisora do PIBID que me orienta na Escola Estadual Silveira Martins, professora Eduarda Schneider da Silva, cuja atuação serviu e continua servindo como inspiração. A possibilidade de observá-la em sala de aula e contar com sua orientação é de uma oportunidade ímpar de aprendizado. Considero que, se eu conseguir desenvolver ao menos parte da didática que ela demonstra, já me sentirei plenamente satisfeita enquanto futura docente.
Atualmente, no estágio realizado no Ensino Fundamental, aliado às práticas desenvolvidas pelo PIBID, percebo-me muito mais preparada para assumir o papel de professora do que estaria sem essas experiências. O programa tem sido fundamental para me proporcionar segurança ao conduzir uma aula, especialmente no que se refere ao uso da voz, à postura e à forma de guiar os estudantes. Aspectos que antes representavam grandes dificuldades, como a timidez e a insegurança na comunicação, vêm sendo gradativamente superados. Esse processo de amadurecimento profissional e pessoal tem se mostrado extremamente gratificante e formativo.
Nathalie da Rosa Porto, graduanda em Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa, UNIPAMPA, ex-bolsista PIBID
Mesmo antes de ingressar no PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), eu já tinha a convicção de que a experiência de viver esse projeto seria extremamente enriquecedora, pois sempre ouvi relatos positivos, tanto de ex-bolsistas quanto de docentes do curso e de outras instituições de ensino. Lembro-me do nervosismo de estar em uma sala, pela primeira vez, como bolsista do projeto. Ainda que, naquele momento, meu papel fosse apenas de observadora, ali eu estava em uma posição distinta daquela de aluna.
Meu ingresso no PIBID ocorreu no quarto semestre da graduação, antes do início dos estágios obrigatórios. Nele aprendi e refleti muito sobre a docência. Não aprendi na prática, mas sobre a prática. Por meio das leituras teóricas, durante os debates realizados na escola e na universidade, mas, sobretudo, observando a atuação da professora supervisora. Nas aulas da professora Eduarda Schneider, percebi que a teoria pode, de fato, ganhar corpo na prática. Como egressa da UNIPAMPA, ela nos transmite diariamente a mensagem de que, embora não seja fácil, é possível. E isso é revigorante, nos inspira a ter força e coragem para ser e agir de forma diferente.
Minha atuação como bolsista concentrou-se nas atividades de observação e reflexão, visto que me desliguei do projeto antes de iniciar as atividades práticas. Esses dois movimentos, observar e refletir, me fizeram pensar sobre o meu papel e minha postura enquanto futura professora. A partir dessa experiência, passei a considerar quais metodologias adotar, de que maneira promover o engajamento dos alunos diante das atividades propostas, como assumir o texto como unidade central de trabalho e de que maneira enfrentarei os desafios cotidianos da sala de aula. Nesse período, tive ótimos exemplos de práticas bem-sucedidas, pude observar um trabalho muito bem planejado e executado, e o tenho como referência.
Hoje, não faço mais parte do projeto, mas reconheço que os aprendizados obtidos por meio dele influenciam e sempre influenciarão minhas práticas e minha postura profissional enquanto professora (ainda em formação).