Ano 13 Nº 44/2025 Casa compartilhada
Por: Manuela Moreira Munhós
Poema de 4º Lugar do IV Concurso do JUNIPAMPA

O vento Minuano passa assobiando,
cruza os campos sem pedir licença e vai avançando.
Entra nas frestas, embaraçando os cabelos,
carregando histórias dos dois lados.
A fronteira não é linha que separa,
é território de afetos,
onde o vento é irmão
e o chão pisado se torna casa compartilhada.
Na fronteira o mate vem cedo,
antes do sol
e até mesmo da fala.
Chimarrão é tempo compartilhado,
é escuta,
é silêncio respeitado,
e, acima de tudo,
abraço disfarçado de costume.
Fronteira nunca foi linha reta,
é dobra de mundo,
costura de chão com chão
que não separa, se mistura.
Fronteira é onde o tempo repousa,
onde o churrasco junta vizinhos,
onde a cuia circula de mão em mão,
sem muita pressa.
Fronteira é uma pequena ponte
que une caminhos
e transforma o simples em beleza.