Ano 06 nº 002/2018 – Viagem dos sonhos
Por Luciane De Andrade Duarte
A vida é mesmo uma caixinha de surpresas, pois nunca imaginei que um sonho de criança se tornaria realidade. Desde criança eu e minha prima Cris sempre tivemos mais afinidades uma com a outra com relação às outras primas, nós brincamos e nos divertimos muito durante a infância e a adolescência, lembro que uma das coisas que tínhamos em comum era o sonho de conhecer a Bahia. Passávamos horas imaginando como seria tal aventura, o que iríamos fazer ou mesmo encontrar por lá. Os anos passaram e, em razão de estudos e trabalho, acabamos por nos distanciar e o sonho de conhecer a Bahia ficou guardado como um sonho de criança. Eis que em 2013, meu irmão ia viajar com a família da minha cunhada para Salvador no ano novo, quando fui convidada por ele para ir junto, lembro como se fosse hoje de ter sentido vários sentimentos ao mesmo tempo: a alegria de realizar um sonho de criança, o medo de viajar num avião… Mas todos esses sentimentos deram lugar a uma única questão, como eu poderia pensar em conhecer Salvador sem a Cris? Então, não tive escolha, a convidei para viajar, e foi nesse momento que nosso sonho de criança começou a se tornar realidade. Foi muito difícil fazer minha prima acreditar que era a viagem, era verdade. Em razão do trabalho dela era simplesmente impossível viajar para tão longe no ano novo, mas isso não foi problema algum para nós. Então resolvemos viajar no fim de janeiro, nesse meio tempo, outra prima resolveu embarcar nessa loucura conosco; meu irmão e minha cunhada resolveram voltar pra Salvador também. Era minha primeira vez em um avião, não consegui dormir na noite anterior e nem durante o trajeto até o aeroporto em Porto Alegre. Tudo ia muito bem até que chegou o momento de embarcar no avião, simplesmente parei no túnel de embarque e falei que não iria subir nem amarrada no avião, ali fiquei durante alguns instantes até que minha prima disse: – se tu não embarcares, vais perder o dinheiro da passagem. Como sou conhecida na família como uma pessoa que gosta muito de dinheiro, resolvi embarcar. A viagem foi maravilhosa, divertida e inesquecível sendo que, alguns momentos pareceram sair de um filme de comédia. Impossível de esquecer, por exemplo, a visita à Igreja do Bonfim, aquela foi nossa primeira manhã em Salvador, acordamos e saímos. A princípio, nossa ideia era conhecer o Mercado Municipal de Salvador, saímos do apartamento e pegamos um táxi na esquina. Assim que entramos no carro, o motorista percebeu que éramos de outro estado, conversamos muito e ele se ofereceu para fazer naquela manhã um passeio por algum dos principais pontos turísticos da cidade. Sensação inexplicável a de caminhar no Parque do Dique do Tororó, a casa da Irmã Dulce e tantos outros lugares, no entanto, naquele dia o lugar que mais ficou marcado na memória foi, sem dúvida nenhuma, a Igreja do Bonfim e não digo isso apenas pela beleza de tal lugar, mas sim, por algo extremamente engraçado que aconteceu estávamos em seis pessoas no carro, contando o motorista, lembro como se fosse hoje, saí do táxi e estava subindo a escada da igreja quando ouvi o taxista gritando: – gaúcho, gaúcho “cê” esqueceu uma dentro do carro!!! Na pressa de descer todos saíram do carro e fecharam a porta esquecendo da minha prima no lugar extra do carro. Até hoje quando falamos no episódio damos muitas risadas. O taxista, seu Ademario, nos disse que tinha um amigo proprietário de uma escuna que fazia um passeio por algumas ilhas. Sendo assim, no outro dia cedo da manhã lá estávamos nós no porto esperando a tal escuna. Conhecemos ilhas lindas, mas seria impossível terminar o dia sem protagonizar outra cena de comédia, dessa vez fui eu a protagonista. Na hora de ir embora da última ilha do roteiro, a maré já havia subido um pouco e por isso tivemos que ir a um pequeno barco na beira da praia até a escuna, a primeira a subir foi minha prima Cris, depois foi minha vez só que fiquei com uma perna presa na escuna e outra no barco e, assim fiquei um bom tempo até conseguir embarcar na escuna, minha prima começou a rir e não conseguia me ajudar. Conhecer Salvador foi uma experiência muito rica, pois além de histórias engraçadas, ter oportunidades de conhecer lugares ligados a nossa história foi de suma importância como, por exemplo, passear pelo Pelourinho, conhecer igrejas com 500 anos, almoçar num dos restaurantes preferidos de Jorge Amado. No que se refere à visita às igrejas, quase quebrei sem querer um banco tão antigo quanto a igreja, mas isso já é outra história.