Ano 04 nº 048/2016 – Resenha do filme “Obrigado por fumar”
Por Estele Rezende
Nick Naylor (Aaron Eckhart ), protagonista do filme e narrador, trabalha para a Academia de Estudos do Tabaco, sua principal ação é usar todo seu poder de convencimento em reuniões ou através de mídia. Naylor sempre diz que: “Se argumentar corretamente, nunca estará errado”. E ainda acrescenta que alguém que consegue vender cigarros, pode vender qualquer coisa.
No filme não há foco nos bons costumes e na moral, mas sim no poder da argumentação, de convencer as pessoas de que o cigarro não faz mal, evidenciando ao citar que não existem estudos comprovando os malefícios do cigarro.
Divorciado e pai de Joel, Naylor se vê preocupado com a educação moral do filho, que se sente um pouco constrangido ao receber visitas do pai na escola. Mas a visão do filho em relação ao pai se modifica ao longo do tempo, ao deparar-se com seu pai falando repetidamente a mesma coisa, que apenas trabalha para pagar suas contas. Ao mesmo tempo em que sugere que seu negócio é muito bom, assim o interesse pelo trabalho do pai se torna cada vez maior, especialmente ao vê-lo proferir seus discursos, mesmo que informais, o que acaba encantando o filho por meio de palavras e de argumentos..
Habilidoso e inteligente, Naylor chama bastante atenção de pessoas poderosas ou que possam influenciar a toda uma população facilmente, como: os chefes das indústrias de tabaco e a repórter Heather (Kate Holmes) do jornal de Washington Post, que o investiga e transmite informações confidenciais sobre o lobista através do jornal para qual trabalha.
Outra figura poderosa é o senador Ortolan K. Finistirre (William H. Macy) causador de debates em rede nacional para enfrentar Nick Naylor, Finistirre espera acrescentar a palavra veneno nos maços de cigarro, mostrando o quanto é prejudicial o consumo deste.
“Obrigado por fumar” na verdade usa da ironia e sarcasmo de uma maneira descomplicada de se entender. O oposto do que parece ser no início, o filme não trata dos benefícios ou dos riscos que o cigarro ocasiona, mas sim da cultura da manipulação das informações, o uso “correto” da palavra, ou seja, a argumentação. Percebe-se também que esta comédia dramática faz uma crítica aos lobistas, até divertida, além de criticar a política interna dos EUA e das corporações que envolvem empresas de tabaco, álcool e armas, ao mostrar o trio de amigos chamado o “Esquadrão da Morte”.
Podemos dizer que “Obrigado por fumar” informa e diverte, além de fazer críticas sociais, o que prende a atenção até o desfecho da história.