Ano 07 nº 087/2019 – Parada da Diversidade em Bagé / Coluna da Taiza Fonseca
No dia 1° de dezembro, em Bagé, ocorreu a 4° edição da Parada da Diversidade. E a meu ver, sem dúvidas, foi um momento extremamente lindo de se presenciar em uma rua pública do centro da cidade e não digo isso apenas porque fiz parte da organização do evento! – hahah –
Além da beleza de poder observar tantas pessoas se sentindo confortáveis naquele espaço, tenho que mencionar o caráter político de extrema relevância social que ocorreu em tal evento. No decorrer da programação, ocorreram performances de dança com Wallace Gulart, Edson Silva e o espaço de dança Elidiane Lobato, performances que, sem dúvidas, falaram além do movimento dos corpos, como no espetáculo protagonizado pelas Drag queens Lurra Blume, Marjore Blanc e Ravenna, onde a dança e música foram utilizados como instrumento de denúncia a marginalização dos corpos LGBTQIA+, assim como o Prof° Dr° Thiago Santos, que com a performance e fala “Todo corpo importa”, emocionou todo o público com a forma que trouxe a discussão sobre a violência que as pessoas LGBTQIA+ sofrem. Inclusive, as minhas palavras não poderiam definir como um todo o que foi essa apresentação, mas o que posso dizer é que ao som da música de Caio Prado “Não recomendado”, pude ver em sua performance uma forma de denúncia a sociedade homofóbica e também a resistência de um corpo que existe e se expressa no mundo, apesar disso.
A placa de censura no meu rosto diz: Não recomendado à sociedade.
(Caio Prado – Não recomendado)
Foto: Fotozirama (Wagner Previtali)
Além desses momentos poderosíssimos, tivemos falas que enriqueceram – e muito – o evento, como por exemplo, a Luciana Paiva que falou sobre a retificação do documento para as pessoas trans em Bagé; a Francine Ávila e João Monteiro que falaram sobre a lei que equipara a homotransfobia a lei do crime de racismo e os possíveis caminhos para as denúncias; recebemos, também, o Luciano Pereira dos Santos que falou sobre gênero e identidades sexuais; e tivemos a oportunidade de conhecer um projeto que está em andamento na Universidade Federal do Pampa intitulado “Grupo Memória LGBTQIA+”, que trata-se de um grupo de pesquisa que tem como objetivo resgatar a história das pessoas LGBT’s de Bagé. Para encerrar esse evento, ocorreram shows com a banda Cosmos Harmonius, o solo da Kika Simone, e também muuuuita música com o DJ Will Rodrigues.
Esse momento é muito importante para a discussão sobre o preconceito contra a comunidade LGBTQIA+ em Bagé, ao longo dos anos esse movimento vem se consolidando cada vez mais para que seja possível compreender e tentar encontrar possíveis caminhos para que a saúde dessas pessoas seja garantida na cidade.
A conjuntura que vivemos atualmente no Brasil faz com que seja necessário que nos posicionemos frente as mazelas sociais, ainda mais quando o conservadorismo crescente vem, cada vez mais, tentando marginalizar, violentar e normatizar esses corpos. Precisamos nos posicionar, discutir, pensar e nos mobilizar para que a conscientização ocorra, para que o direito de amar seja garantido.
E vale aqui também agradecer a INCRÍVEL organização desse evento, que construíram cada detalhe com muito amor e carinho: Alícia, Amanda, Davi, Eduarda, Elisângela, Marina, Mirian, Murilo, Pâmela, Pedro, Stéfany, Taiza e Thiago.
Equipe organizadora do evento.
foto: Marco Rolim