Ano 12 Nº 052/2024 – Oliveira Silveira… Vive…

Por Andréa de Carvalho Pereira

Militante e educador, Oliveira Silveira vive, através de todo seu legado e projetos por ele sonhados. O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas – Neabi Oliveira Silveira do Campus Bagé, tem a honra de ser conhecido pelo nome desse importante cidadão. Antes de ser reconhecido já reivindicava por uma sociedade que valorizasse a educação e proporcionasse oportunidades equivalentes para a população.


A invisibilidade do povo negro é o norteador da proposta do 20 de setembro, pois apesar de tudo que já foi e é disseminado, quando nos voltamos para o currículo das escolas, sejam elas públicas ou privadas, a história não insere a participação dos escravizados, a história e os termos são os mesmos de antes da Lei 10639/03 e da Lei 11645/08.


O Neabi Oliveira Silveira, tem se empenhado em levar o legado de lutas, principalmente no que tange a educação antirracista nas Escolas Estaduais, Municipais e também na Universidade.


Fazemos parte de um estado em que as tradições são exaltadas, entretanto, muito pouco se fala da participação dos Lanceiros Negros por exemplo, as charqueadas e o trabalho dos escravizados são mencionadas de forma que não se aborda o contexto dentro da sala de aula.

Oliveira Silveira (2021) nos traz reflexões sobre o que o racismo estrutural pode causar no que tange o déficit de oportunidades, de forma a nos fazer reavaliar posicionamentos. No dia 16 de agosto foi aniversário desse escritor, poeta, educador, militante, pai, que buscou a mudança da realidade vivenciada por tantos gaúchos, na ignorância da sua origem. Oliveira Silveira (2021) nos faz questionar:

Ser e Não Ser

O racismo que existe,
o racismo que não existe.
O sim que é não,
o não que é sim.
É assim o Brasil
ou não?

Há muitos obstáculos quando nos voltamos para o combate ao racismo estrutural em que estamos inseridos, e que é naturalizado e muitas vezes tentam invisibilizar as dores e dificuldades enfrentadas pela população negra e indígena. Apesar de diariamente serem divulgados casos de injustiças sociais, violências e falta de suporte nas mídias, ainda assim, há ainda muito mais que não são disseminadas.


Mesmo tendo nos deixado em 2009, Oliveira Silveira, deixou um legado significativo no que diz respeito não apenas à militância e lutas representativas, mas também na postura que deve ser adotada frente a uma postura que é perpetuada através dos anos.


A desigualdade está em todos os âmbitos seja social, politico, saúde e/ou educação, podemos identificar de forma expressiva que mulheres e homens negros que mesmo com uma situação financeira confortável, passam por situações constrangedoras só pela cor de sua pele.


A proposta de uma educação antirracista visa o combate a uma realidade em que a sociedade muitas vezes insiste em não “enxergar”. Não podemos ignorar que posturas racistas são replicadas em cada ambiente social, acadêmico ou familiar em que estamos inseridos.


Oliveira Silveira nos inspira para que nos voltemos para uma política em que a representação das dores e lutas dos negros e negras, assim como os indígenas, não sejam ignoradas, estando o grupo mais focado na proposição de facilitar o acesso à educação e possibilidades de uma construção de um futuro que tenha dignidade. Somente uma mudança consistente será capaz de transformar realidades impostas por uma sociedade que não está disposta ainda a uma distribuição igualitária de oportunidades.


Para que possamos evoluir e buscar novas perspectivas de crescimento, é imprescindível novas formas de propor o acesso às mesmas, onde o discurso saia do papel e seja mais efetivo, pois tanto a população negra quanto a indígena tem pressa de acessar os espaços e oportunidades que lhes têm sido negadas através dos séculos. O que não sabemos sobre a história do nosso país, nos deixa à margem de uma construção de um futuro promissor e livre de preconceitos estabelecidos. Oliveira Silveira vive no ideal de mudança, de oportunidade, de conhecimento e do combate efetivo ao racismo enraizado em cada parte da sociedade em que estamos inseridos.

Referências

BEZERRA, Juliana. Como surgiu o dia da consciência negra. Rio de Janeiro: Toda
Matéria, [201-?]. Disponível em: Como surgiu o Dia da Consciência Negra – Toda Matéria
(todamateria.com.br). Acesso em: 18 maio 2024.


OLIVEIRA SILVEIRA. Oliveira Silveira: 20 de novembro. [Porto Alegre]: Cria Negra, 2023. Disponível em: Oliveira Silveira – Poeta da Consciência Negra do Brasil (ufrgs.br).
Acesso em: 18 maio 2024.

INSTITUTO LING. Oliveira Silveira: conheça um dos idealizadores do Dia da Consciência
Negra. Porto Alegre: Instituto Ling, 2021. Disponível em:Oliveira Silveira e o Dia da
Consciência Negra | Instituto Ling. Acesso em: 09 agosto 2024.

Andréa de Carvalho Pereira é graduada em Administração de Empresas pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG (2001). Graduada em Biblioteconomia pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande- FURG (2006). Pós-Graduada com Especializações em: Gestão em Arquivos pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM (2011) e Rio Grande do Sul: Sociedade, Política e Cultura pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG (2011). Bibliotecária do Campus Bagé da Universidade Federal do Pampa. Coordenadora do Neabi Oliveira Silveira – Unipampa, Campus Bagé desde 2019. Mestra em Ensino pela Universidade Federal do Pampa – Unipampa, Campus Bagé (2021).

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