Ano 06 nº 029/2018 – O minuto divino
Por Francisco Gasso
Não deves amar a morte mais do que amas teu minuto em silêncio, teu minuto grita mais verdades do que saem inverdades da tua boca!
Nossa nanoeternidade está mais viva, mas teu ser permanece triste, e as horas incontáveis de um minuto continuam ecoando invisíveis na tua reza, estas rezas que somente imploram um fato além dos fatos, que pedem um sorriso durante a penumbra da vida, que clamam uma espera e um calafrio de recém-chegado no alegre paraíso (como devo vestir-me para entrar, se nada tenho que cubra minha incerteza?).
Repito “-Meu Deus” tantas vezes que quase compreendo minha incompreensão divina, afinal, se faz a tristeza de Deus maior que a minha!
Quem ampara Deus no momento de incerteza quem o consola quando está triste, quem enxuga suas divinas lágrimas quando não há nada além do doce choro para aliviar a angústia?
Como Deus pode medir o que é pecado de homem e mulher, terá ele algo como mulher para chateá-lo, dar-lhe ordens, para arrancar-lhe as vestes?
Se a resposta for não, como pode Deus julgar certo e errado?
Se a resposta for não, Deus deveria ler Kant!
Como poderia ele entender o minuto de silêncio, saber a dor de perder pai, se nunca perdeu, de perder um amigo, se nunca perdeu, de perder um cachorro, se nunca perdeu?
Deus se fez frustrado em cada criação, porque o homem preenche seu vazio com Deus, e Deus como preenche seu vazio?
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