Ano 12 Nº 041/2024 – Festival Internacional de Cinema da Fronteira, fazer para existir

Escrevo esse texto renovando a parceria do Festival Internacional de Cinema da Fronteira com o Jornal Universitário do Pampa (Junipampa). Começo relembrando isso pois é graças às parcerias, apoios e patrocínios que um evento cultural consegue iniciar e se estabelecer, e a equipe realizadora do evento sabe disso como ninguém. 

Essa é minha segunda edição atuando na produção local do festival, nesse sentido, junto de colegas como a Natália Centeno, Claudia Ruchiga e Eliane “Baixinha” Rodrigues, liderados pela produtora Carla Cassapo, realizamos os contatos com instituições de ensino e empresas locais de diversos setores – alimentícios, hoteleiros, e de transportes. Construir um evento cultural, público e gratuito, envolve sempre uma cadeia de pessoas e essa rede se expande. A vitalidade de um festival de cinema depende dessa expansão, do público que interessado propaga as ideias a cada edição, renovando e trazendo cada vez mais outras pessoas e públicos.

Os festivais de cinema garantem também experiências únicas, ainda mais quando se vive em uma região afastada de grandes centros urbanos com um número limitado de salas de exibição. São os festivais de cinema que garantem a projeção de filmes que, talvez sem essa oportunidade, nunca seriam vistos pelas pessoas da cidade, nunca teriam a oportunidade de encontro com o outro que o cinema traz. Às vezes o outro é distante, mas às vezes é de muito perto.

Esse dossiê é composto por textos desenvolvidos por integrantes do JUNIPAMPA e colaboradores do FICF. Maria Carolina,estudante da Licenciatura em Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa, escreve sobre o filme La Mujer sin Cabeza (2008), da diretora homenageada Lucrecia Martel, destacando a história e a construção estética do filme. A arte-educadora e doutora em educação Mirela Meira escreve sobre azul e sobre o luto, presentes no curta-metragem Onde a Floresta Acaba (2023) do cineasta Otávio Cury. Flávia Azambuja, professora e mestra em ensino, compartilha em seu texto sobre sua experiência de ir ao cinema com sua turma de estudantes do colégio João Severiano enquanto nos apresenta o filme Las Cosas Indefinidas (2023) da diretora argentina Maria Aparício.  O jornalista Willians Barbosa escreve sobre o longa-metragem O Diabo na Rua no Meio do Redemunho da diretora Bia Lessa, baseado no livro Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa, destacando escolhas estéticas do filme. Por fim, a jornalista e crítica de cinema Carol Zatt nos compartilha suas histórias, trabalhos e encantos das diferentes vezes que participou do Festival Internacional de Cinema da Fronteira.

Nesta 15ª edição os homenageados foram o ator brasileiro (e gaúcho) Flávio Bauraqui, e a cineasta argentina (de renome internacional) Lucrecia Martel. Bauraqui se encantou com seus dias em Bagé e definiu o festival como necessário, ainda mais para os nossos países continentais, destacando o cuidado no processo curatorial do festival. Já Martel, que já presidiu o júri do Festival de Cannes, um dos mais reconhecidos mundialmente, falou em Bagé sobre sua experiência no cinema, sobre a realidade da produção latinoamericana, e ressaltou que, para a realidade nossa, é preciso saber inventar caminhos para se fazer o próprio cinema. Também é preciso inventar caminhos para se fazer o próprio festival, assim a experiência no Festival da Fronteira é relatada como única por aqueles que conhecem o Brasil através de Bagé.

Confira os textos do dossiê do XV Festival Internacional de Cinema da Fronteira:

A mulher sem cabeça

Onde a Floresta Acaba

Las Cosas Indefinidas

O Diabo na Rua no Meio do Redemunho

Bagé, capital dos afetos do cinema latino

Wagner Ferreira Previtali é Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal de Pelotas e bacharel em Cinema e Audiovisual pela mesma instituição. Estudante das imagens e pesquisador dos encontros, atua desde 2017 como artista visual, fotógrafo e videoasta. No cinema atua como diretor e produtor, com curtas-metragens exibidos e premiados em mostras e festivais e em 2023 recebeu o Prêmio Braguay de Arte Contemporânea.

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