Carta aberta a mim mesma
Por Maria Clara Petrarca
Imagem retirada em: https://pin.it/6tWa84J
Estou aprendendo lentamente a como perdoar o meu passado. Como aceitar que as coisas mais bonitas do mundo simplesmente acabam. Que, às vezes, aquele não é o momento certo, ou que estou apenas no lugar errado. Eu estou aprendendo lentamente que, às vezes, a bagunça da vida atrapalha. Que os ciclos acabam e que os finais destes não são motivos para chorar ou me lamentar, e sim, apreciar a oportunidade que tive de vivenciar algo real, por mais doloroso que seja.
Estou aprendendo lentamente a ficar sozinha, a como segurar o meu próprio coração em meio à desordem interior, e a como ocupar o meu próprio espaço por mais minúsculo que ele seja. Estou aprendendo lentamente a como parar de preencher o copo meio vazio de outros seres humanos e, em vez disso, estou aprendendo lentamente a como enfrentar o meu próprio vazio.
Estou aprendendo lentamente o que significa ser humana. O que significa cometer erros e a não me castigar por cada um deles. Estou aprendendo o que significa estar triste e entender que esse sentimento não vai durar pela minha vida inteira. Estou aprendendo lentamente a como fazer esse maldito trabalho e a como parar de fugir de tudo aquilo que parece pesado e desconfortável na minha vida só porque essa coisa está fora da minha zona de conforto. Estou aprendendo lentamente a como evitar o caminho mais difícil, apenas porque o fácil parece mais conveniente. Estou aprendendo lentamente a como crescer e como me tornar uma pessoa melhor. Eu estou aprendendo lentamente a apreciar o pôr do sol e a agradecer o nascer desse também, porque amanhã é um novo dia.
Eu estou aprendendo lentamente que todos nós iremos morrer um dia e que aceitar a morte não significa que eu irei esquecer de uma pessoa amada ou deixar de chorar quando sentir saudade. E, apesar de tudo, estou aprendendo lentamente a existir. A como entender que não posso controlar a vida. A como compreender que o caráter e a lealdade das pessoas são coisas vindas do coração e não adquiridas de repente. Estou aprendendo lentamente a como rir e chorar e a não me sentir despedaçar a cada frustração da vida. Estou aprendendo lentamente a aceitar onde estou e admitir as minhas raízes, por mais ruins e dolorosas que elas sejam.
Eu estou lentamente aprendendo a simplesmente confiar na pessoa que eu estou me tornando, mesmo que eu falhe algumas vezes e decepcione certas pessoas. Não esperem que eu seja perfeita, apenas que eu seja humana.
Maria Clara Petrarca é discente do 8º semestre de Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), campus Bagé e integrante do Programa de Educação Tutorial (PET) desde o ano de 2021.
“Esta é a coluna do PET-Letras, Programa de Educação Tutorial do curso de Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa, do campus Bagé. O programa, financiado pelo FNDE/MEC, visa fornecer aos seus bolsistas uma formação ampla que contemple não apenas uma formação acadêmica qualificada como também uma formação cidadã no sentido de formar sujeitos responsáveis por seu papel social na transformação da realidade nacional. Com essa filosofia é que o PET desenvolve projetos e ações nos eixos de pesquisa, ensino e extensão. Nessa coluna, você lerá textos produzidos pelos petianos que registram suas reflexões acerca de temas gerados e debatidos a partir das ações desenvolvidas pelo grupo. Esperamos que apreciem nossa coluna. Boa leitura”.