Ano 13 Nº 35/2025 Pensamentos insistentes sobre pequenos contentamentos do dia-a-dia
Por: Iasmin Soares Trindade
Para você que lê isto agora, é provavelmente muito confuso, mas contextualizamos: somos amigos, talvez colegas (ou, se quiser, apenas conhecidos de corredor, para ser menos intimista). Estou aqui a contar as minhas reflexões após passar quase duas horas em trânsito para chegar ao que chamamos carinhosamente de “Uni”, e diga-se de passagem tenho uma mente ansiosa. Então, caro leitor, espero que tenhamos boas reflexões de mentes pensantes.
Dos pequenos gostos do dia-a-dia, talvez eu tenha me apegado aos sucintos momentos de sol, não em ficar diretamente sob o sol, mas nos breves segundos em que ele atravessa a janela do ônibus às 7h da manhã enquanto enfrento o percurso que leva até o campus universitário. A partir desse breve contento, reflito sobre “o que mais seriam os outros ‘júbilos da vida’”? Espero que tu tenhas a resposta. É difícil pensar em cinquenta júbilos, provavelmente seja melhor manter a linha de corte baixa e começar pelo princípio. Acordar seria uma pequena felicidade ou ficar mais cinco minutos deitada em meio às cobertas quentes às seis da manhã, em plena segunda-feira, no frio de cinco graus que foi companhia durante o inverno? E se esses cinco minutos virassem uma “breve sesta ” da tarde na casa da avó?
Ah, já sei! Lagartear ao sol com um bom chimarrão é um pequeno prazer do dia, certo? Não sei, provavelmente, mas aí terias que estar minimamente acostumado com esses hábitos gaúchos, e não sei bem se tu que me lê é do RS ou de fora… É necessário estabelecer um ponto para ser considerado um contento, mas não se pode excluir um bom docinho pós-almoço ou um “expressinho” aos amantes da cafeína.
Hmm, deixe-me pensar… Bom, NÃO correr atrás do ônibus é um alívio, mas conseguir um lugar vago durante o horário de pico na lata de sardinha ambulante é um agrado! Certo, talvez tu tenhas razão, do que diabos estou falando? Acho que são desses momentos em que depois pensamos com certa alegria, ou que depois viram uma reflexão de “foi bom isso ter acontecido” ou que pensamos com carinho quando temos tempo de absorver todos os atos que levaram a chegar naquele ponto. O que seria esse pequeno comprazimento para ti prezado leitor?
Poderia ser uma satisfação da vida, um momento de bobagem com amigos em que vocês, levemente alterados, brincam em se cobrir com um descanso de panela porque o anfitrião da casa não lhe entregou ainda as cobertas? Supostamente, sim, mas com certeza é uma memória de afeto (eu acho). Deixamos que isso faça parte do plano de fundo do nosso dia, cercados de estresse e de telas que nos bombardeiam com tantas informações que esquecemos das singelas pausas da vida.
Nesse sentido, a minha curta satisfação da semana foi escutar que sou muito parecida com meu pai, e por motivos diversos lembrar sobre esse comentário ainda traz a sensação de felicidade. O que tu tens feito ou que te acontece para desviar a tensão do estresse?
A bolsa cair antes do esperado, encontrar dinheiro na rua (raríssimo atualmente), um abraço sem pedir (de quem tu gostas e permites, claro), presentes inesperados, ganhar uma flor, um bilhete que depois ganha significado de afeto, uma ligação, escutar uma boa música, ler um capítulo de um livro, cinco minutos de intervalo entre aulas falando besteiras com os amigos, ou relembrando aqueles momentos de infância em que a avó ou o avô te passava dois “pila” escondido dos teus pais.
São tantas coisas que nem notamos, mas agora encerro meus devaneios e te agradeço por me acompanhar, porém, antes de ir se, e somente se, for possível para tu que me lê olhar para a janela mais próxima, depois de pelo menos cinco minutos lendo este texto, observar o céu azul, o movimento urbano que te cerca e ficar assim pelos próximos dez segundos quem sabe isso não vire um contentamento.

Iasmin Soares Trindade
Graduanda do curso de Letras-Português e Literaturas de Língua Portuguesa UNIPAMPA, Campus Bagé;Representante Discente do Curso Letras-Português e Literaturas de Língua Portuguesa UNIPAMPA, Campus Bagé;Representante Discente no Conselho do Campus UNIPAMPA, Campus Bagé; Presidente do Diretório Acadêmico do Curso de Letras-Português, UNIPAMPA, Campus Bagé; Bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET) Letras-Português, UNIPAMPA, Campus Bagé.