Ano 13 Nº 06/2025 – 1500: ano da invasão alienígena à Pindorama, hoje terras Brasileiras.
Por: Mauricio carvalho e Vilória Luz
Fonte: IA Copilot (2025)
É bem verdade que o leitor ao deparar-se com este título pode ser induzido a pensar ser um clickbait, prática comum na internet para atrair cliques com informações sensacionalistas ou exclusivas que nem sempre correspondem ao conteúdo real (Media Manager, 2025), mas fato é que precisamos nos deslocar para um determinado ponto de vista para poder melhor compreender esta informação.
O cinema norte-americano, ao longo das décadas, muito já explorou a invasão alienígenas em solo estadunidense em filmes clássicos deste estilo como, por exemplo, as obras:
- Independence Day (1996) – Um clássico do gênero, em que alienígenas chegam à Terra com intenções hostis, e a humanidade precisa se unir para combater a ameaça.
- Guerra dos Mundos (2005) – Baseado no romance de H.G. Wells, o filme mostra uma invasão devastadora de alienígenas que ameaçam exterminar a humanidade.
- Distrito 9 (2009) – Alienígenas chegam à Terra e são confinados em uma área isolada, abordando temas de segregação e sobrevivência.
E no mais recentemente:
- Um Lugar Silencioso: Dia Um (2024) – O filme acompanha Sam, uma mulher que vive em Nova York e testemunha o caos causado pela chegada das criaturas alienígenas, que caçam suas vítimas, guiando-se pelo som.
Estas narrativas são formas figuradas de representar nosso medo pelo desconhecido e, reforçar a ideia de que civilizações mais avançadas chegariam ao nosso território para se sobrepor a nossa cultura e tradições. Mas, talvez, sejam muito mais do que aparentam – porventura, representam ecos de memória ancestral de povos que tiveram suas terras invadidas, seus familiares massacrados e toda riqueza usurpada para ostentação de outras nações ditas “avançadas”.
Essa temática traz consigo determinadas similaridades que convergem para a chegada de naves estrangeiras trazendo a bordo seres desconhecidos, cujo principal objetivo é invadir e escravizar os nativos e, assim, extrair da terra todas as riquezas minerais ou naturais para seu próprio sustento e enriquecimento, destruindo as tradições e culturas locais e as catequizando sob uma nova regência de costumes e saberes estrangeiros.
Esse cenário dramático poderia ser magistralmente representado em nosso continente, caso voltássemos 525 anos no tempo. Imagine-se em um território abundante, onde a natureza permanecia praticamente intocada, exibindo sua fauna e flora em pleno esplendor. Os rios e mares cristalinos ofereciam alimento, complementado pela caça e pela colheita sustentável dos frutos generosos que a terra proporcionava. Desenvolvia-se ali uma sociedade profundamente conectada ao meio ambiente, com estilo de vida, crenças e tradições moldadas por essa relação.
Os habitantes dessa terra, então conhecida como Pindorama (Vortex Mag, 2025), olhavam para o mar a fim de admirar as ondas, observar o movimento das marés, encontrar cardumes de peixes ou, até mesmo, prever fenômenos naturais. No entanto, em uma data específica, algo aterrorizante e desconhecido surgiu no horizonte: embarcações gigantescas, com velas estufadas pelo vento. Conhecidas como naus, traziam seres alienígenas cobertos dos pés à cabeça com peles ou tecidos nunca antes vistos. Vindos de civilizações mais avançadas, portavam armas tecnológicas capazes de matar a longas distâncias e se identificavam como portugueses.
Para os nativos de Pindorama, aqueles primeiros instantes foram como assistir à materialização de um pesadelo. O mar, até então fonte de vida e contemplação, tornara-se um portal por onde emergiam criaturas de outra dimensão. Seus corpos cobertos, seus cheiros estranhos, seus sons guturais e suas intenções indecifráveis despertavam medo e confusão. Eram entidades que falavam em uma língua impossível, que gesticulavam com pressa, que ofereciam objetos de brilho hipnótico, mas exigiam obediência em troca. Aqueles homens traziam consigo mapas como se já soubessem o que havia além das florestas e dos rios. Era como se não estivessem descobrindo, mas reivindicando algo que já tinham marcado como posse com antecedência.
Como a história é escrita pelos vencedores, fomos instruídos de que, de acordo com o calendário gregoriano, a chegada dos primeiros forasteiros ocorreu em 22 de abril de 1500, data celebrada como o “Descobrimento do Brasil”, marcada pela chegada oficial da frota portuguesa, liderada por Pedro Álvares Cabral. Este evento é considerado o início da colonização do território que mais tarde se tornaria o Brasil.
Como consequência desse primeiro contato, muitas tribos de povos nativos foram extintas devido a doenças trazidas pelos colonizadores, conflitos armados e escravização. Com elas, desapareceram culturas, hábitos e tradições inteiras. Entre os grupos que desapareceram estão os Tupinambás, Aimorés e Goitacás, que habitavam diferentes regiões desse território. (Mural de História, 2024)
Não há precisão sobre o tamanho da população indígena no momento da chegada portuguesa, mas as estimativas mais aceitas indicam que havia entre cinco e sete milhões de indígenas no território brasileiro. Atualmente, o número é sensivelmente menor: segundo o Censo de 2022, cerca de 1,6 milhão de pessoas se autodeclararam indígenas. (Brasil Escola, 2025a)
Estima-se que grandes áreas da mata atlântica foram desmatadas para se obter o Pau-Brasil ao longo dos primeiros séculos de colonização, sendo utilizadas para tingir tecidos e fabricar móveis. Hoje em dia, esta espécie encontra-se ameaçada de extinção devido a exploração predatória. (Consciência, 2025)
Durante o ciclo do ouro no século XVIII, cerca de 800 toneladas foram extraídas, principalmente de Minas Gerais. A exploração de diamantes também foi significativa, com milhares de quilates enviados para Portugal. Outros recursos como, cana-de-açúcar, tabaco, algodão e gado também foram explorados aos milhares para atender à demanda europeia. (Oficina do Historiador, 2023)
A exploração dos invasores portugueses durou 322 anos, começando em 1500, e terminando em 1822, com a declaração da independência do Brasil, pelo então príncipe regente Dom Pedro I, filho do então Rei da Coroa Portuguesa Dom João VI. Durante esse período, o território denominado de Brasil foi uma colônia de exploração, com atividades econômicas voltadas principalmente para atender às demandas da metrópole portuguesa.
Os acontecimentos que se sucederam à invasão dos seres que navegavam entre o Velho e o Novo Mundo vão muito além dos fatos aqui narrados. No entanto, suas consequências ainda estão presentes em nosso cotidiano:
- A concentração fundiária, baseada em grandes propriedades de terra iniciadas na era colonial, perpetua desigualdades sociais e econômicas. (Aventuras na História, 2025)
- A escravidão e a exploração econômica criaram uma sociedade altamente estratificada, cujos efeitos persistem na forma de racismo e exclusão social. (JusBrasil, 2025)
- A exploração intensiva dos recursos naturais resultou em desmatamento e degradação ambiental que afetam o país até hoje.
- As influências culturais, como a língua portuguesa e tradições religiosas, moldaram a identidade brasileira, marginalizando as culturas e saberes dos povos originários de Pindorama. (Brasil Escola, 2025b)
Os filmes contemporâneos que tratam de invasões alienígenas narram a história de uma civilização que teve seu território invadido por um inimigo tecnologicamente superior, mas que, unida, lutou e venceu. É uma narrativa sob o ponto de vista dos povos que resistem — e triunfam. Já o desfecho da história da invasão à Pindorama contrasta com a ficção: ao se “descobrir” o Brasil, ocultaram-se nossas origens, silenciaram-se tradições e apagaram-se as raízes dos povos nativos desta terra.
Talvez o verdadeiro mistério não esteja nos céus, em busca de discos voadores, mas debaixo dos nossos próprios pés — enterrado sob camadas de silêncio, apagamento e versões editadas da história. Pindorama não precisou de seres de outros planetas para sofrer uma invasão: bastou que os portais do mar se abrissem para o Velho Mundo. Os verdadeiros alienígenas não vieram em naves espaciais, mas em naus, carregando cruzes, pólvora e tratados. E nós, seus descendentes, ainda vivemos entre os destroços dessa colisão de dois mundos. Resta, então, propor ao leitor o seguinte questionamento: como seria essa história, se fosse contada pela civilização derrotada?
Autores:
Mauricio Nunes Macedo de Carvalho – Professor no Bacharelado em Engenharia da Produção (UNIPAMPA); Graduado em Engenharia Elétrica (UFSM), Mestre em Engenharia da Produção (UFSM); Doutor em Engenharia da Produção e Sistemas (UNISINOS); Membro do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Coordenador do NEABI Oliveira Silveira (UNIPAMPA).
Vitória Vasconcellos da Luz – Egressa do curso Técnico Integrado em Informática no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Sul-Riograndense, do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas ambos no IFSul, Câmpus Bagé. Especialista em informática da educação e educação especial pela FACIBA. Mestre em ensino pela Universidade Federal do Pampa. Realiza pesquisas nas áreas de ações afirmativas, inclusão e acessibilidade. É voluntária na Associação Bajeense de Pessoas com Deficiência (ABADEF). Coordenadora Adjunta do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI – Oliveira Silveira) e do Grupo de Pesquisas INCLUSIVE ambos da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) do Campus Bagé. É técnica administrativa em educação na Unipampa onde atuou na Diretoria de Tecnologia da Informação e Comunicação – DTIC e, atualmente, é Assessora de Tecnologia, Comunicação e Acessibilidade na Pró-Reitoria de Comunidades, Ações Afirmativas, Diversidade e Inclusão – PROCADI.
Referências:
AVENTURAS NA HISTÓRIA. Do Brasil Colônia aos dias atuais: os impactos do regime morgado. Disponível em: https://aventurasnahistoria.com.br/noticias/reportagem/do-brasil-colonia-aos-dias-atuais-os-impactos-do-regime-morgado.phtml. Acesso em: 13 abr. 2025.
BRASIL ESCOLA (a). O indígena no Brasil. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/o-indigena-no-brasil.htm. Acesso em: 13 abr. 2025.
BRASIL ESCOLA (b). Colonização do Brasil. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/colonizacao-brasil.htm. Acesso em: 13 abr. 2025.
CONSCIÊNCIA. Resumo sobre as riquezas do Brasil colonial. Disponível em: https://www.consciencia.org/resumo-sobre-as-riquezas-do-brasil-colonial. Acesso em: 13 abr. 2025.
MEDIA MANAGER. O que é clickbait? Disponível em: https://mediamanager.com.br/blog/seo-e-marketing-digital/o-que-e-clickbait/. Acesso em: 13 abr. 2025.
MURAL DE HISTÓRIA. A chegada dos portugueses e o impacto nas tribos indígenas. Disponível em: https://www.muraldehistoria.com.br/2024/08/a-chegada-dos-portugueses-e-o-impacto-nas-tribos-indigenas.html. Acesso em: 13 abr. 2025.
OFICINA DO HISTORIADOR. Economia no Brasil: Exploração de Recursos Naturais no Período Colonial. Disponível em: https://www.oficinadohistoriador.org/2023/04/economia-brasil-exploracaoo-de-recursos-naturais-periodo-colonial.html. Acesso em: 13 abr. 2025.
VORTEX MAG. Pindorama: o verdadeiro nome do Brasil antes de chegarem os portugueses. Disponível em: https://www.vortexmag.net/pindorama-o-verdadeiro-nome-do-brasil-antes-de-chegarem-os-portugueses/. Acesso em: 13 abr. 2025.