Ano 12 Nº 023/2024 – Saudade
Por Manuela Moreira Munhos
De repente a vida adulta bate na porta, a vida que a maioria das pessoas foge, até ter coragem de abrir a porta.
De repente as roupas estão dobradas dentro de uma mala, junto com as coisas que você costumava deitar-se na cama e enxergar, seus livros, roupas de cama, algumas fotos que costumavam ficar penduradas junto de alguns desenhos que em algum momento já foram um bom passatempo. E você vai, mas a família ela fica, afinal não teria como levar todo mundo na mala.
Todo mundo sempre fala sobre o quão bom é passar em algo que você tanto almejou, o quão satisfatório é receber algo que você reconhece que o mérito foi seu, e de mais ninguém. Mas ninguém fala sobre a dor de deixar quem você ama, e o quão difícil é aprender a lidar com a saudade, quando tudo que você viveu na sua vida foi lá, com eles, os valores que foram passados um dia para que hoje você possa ser “uma pessoa decente”.
Muito se fala sobre lutar para ser “alguém na vida”, porque em algum momento alguém atribuiu isso a ter um diploma. Mas quase não falamos sobre a luta diária de quem ta por trás disso te dando apoio e sustento, das perdas nesse caminho, dos domingos que se tornam saudades e das segundas que precisam se tornar coragem.
Todos somos formados de pequenas vivências de pessoas que conhecemos ao longo da vida, de lugares que visitamos, dos livros que lemos e de músicas que ouvimos. E logo as despedidas se tornam necessárias para buscar novos conhecimentos, a saudade ela vira nossa aliada, porque por mais que amemos o lugar em que crescemos e onde nos sentimos em casa, no momento ali ficou tudo muito pequeno comparando ao tamanho dos nossos sonhos, e a vida adulta, ela chega.
Sou graduanda em Letras Línguas Adicionais na Universidade Federal do Pampa (Unipampa), vejo a poesia como forma de arte, manuelamoreiramunhos@gmail.com